A tempestade costuma castigar a cidade de Dreamland e não é uma novidade a nenhum de seus habitantes. Mas, atrasada para a aula de literatura do senhor Raymond - a brilhante, encantadora e jovem Anna Hayes não esperava contar que justamente naquele...
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Eu estou tentando e falhando em odiar meu professor de literatura. Ele foi absolutamente responsável e prudente, e fez o que é certo. Não há nada. Nunca vai existir.
Como eu gostaria de estar sofrendo com algum tipo de amnésia e esquecer desta humilhante sensação de fracasso. Estúpida demais. Por que não com qualquer outra pessoa? Por que tinha de ser justamente com este homem tão impossível? Meu Deus, alguém me diz, por favor, que maldita doença é essa, crônica e profundamente dolorosa?
Ouço batidas na porta e meu coração pula em meu peito, mas o meu ridículo sorriso desaparece quando vejo uma enfermeira entrar em meu quarto para verificar minha situação incômoda. Então lembro que o senhor Raymond é o responsável por ela estar aqui cuidando de mim.
Sei que não faço bem e que pode parecer muito confuso, mas sou incapaz de não sentir algum afeto além dos limites que tudo isto impõe. Não é muito comum professores se importarem tanto assim com algum aluno seu ou seria e estou muito equivocada? Talvez seja pura empatia e bom senso do adorável professor de literatura. Por que, cagas d'água, ele iria se incomodar desta forma comigo? Não sou ninguém da família dele ou com relação próxima. Não significo nada.
— Ei, enciclopédia. Você ficou off a noite inteira. Como se sente? — Paige está preocupada, com um olhar superatento em mim.
— Eu estou bem melhor. Quer dizer, as dores amenizaram mais. Me atualiza, por favor. Quem veio me ver, além dos meus pais? — Minha voz está estranha, lânguida.
— Muito bem, vejamos... eu, obviamente.
Sorrio fracamente.
— Já entendi. Quem veio me ver, além dos meus pais e da minha melhor amiga?
— Se sua intenção é saber do tremendo gato do professor Raymond, não se preocupe. Ele veio te ver está manhã, enquanto você dormia.
A vergonha me assalta em cheio. Puta merda... QUÊ?
— O quê? Você disse..? — Eu estou inesperadamente alegre, ofegante. — Você disse que o senhor Raymond veio aqui? Você deve ter visto mal, Paige. Só pode ser engano. Isso é...
— É a prova que faltava para que você finalmente possa me dar razão. Lembra o que venho te dizendo? Oh, Anna, não pode mais negar. O professor gosta mesmo de você. — Paige está extasiada.
— E como sabe que ele veio aqui só para me ver, espertinha?
No fundo, eu admito que estou saltitante, ridiculamente feliz e não me importo nenhum pouco se está deliciosa emoção que aflorou em meu peito nesta inesperada e tórrida manhã de fevereiro seja o mais horrível dos pecados.
— Anna, ele esperou muito tempo apenas para ter a oportunidade de vir ao seu quarto. Eu observei, caso queira saber e você sabe, o tio Hayes não ia gostar nada de ver o seu crush aqui em seu quarto.
