Eu acordei de ressaca pela primeira vez na vida, e não foi bom.
De algum jeito que não me recordo, acordei na minha cama com a porta do quarto aberta, e as mesmas roupas do dia anterior: a camisa branca manchada com a marca de um pé, as calças sujas do tempo que passei deitado na rua e os tênis nos pés. Minhas costas doíam, minha barriga tinha una mancha arroxeada e meus olhos pareciam bem mais sensíveis ao mundo de luz ao meu redor. Minha cabeça doía pulsando, no ritmo dos meus batimentos cardíacos, e minha boca estava seca. Levantei-me, e logo me arrependi do ato. Tudo parecia doer, cada maldito átomo. Eu estava levemente tonto, com o olhar desfocado e, quando passei a língua por meus lábios secos, senti o amargo do uísque.
Merda.
Corri pro banheiro, e pude sentir minha alma saindo pela boca. Vomitei, e ainda estava com a cara no vaso quando ouvi batidas na porta. Elas martelaram em meus ouvidos, como marretas insistentes.
– Frank? – ouvi a voz de meu irmão dizer.
– Sim. – tentei manter a voz firme, mas falhei miseravelmente.
– Você tá bem, cara?
– Não.
Segundos de puro silêncio. Não conseguia vomitar nada além daquela coisa amarelada e nojenta que sai depois que seu corpo já expeliu tudo, então decidi engolir aquela sensação ruim e parar de vomitar como um bicho infectado.
– Eu preciso usar o banheiro, cara.
Tive que me levantar. Dei a descarga, molhei o rosto e me olhar no espelho do banheiro foi uma péssima decisão. Meus cabelos estavam bagunçados, eu tinha a expressão cansada, meus olhos pareciam afundar nas órbitas. Eu estava um horror, quase um bonequinho feio demais que encalha nas lojas por falta de demanda. Eu fechei minha camisa e saí do banheiro, um pouquinho triste.
– É todo seu. – murmurei para Bruno. Ele sorriu de lado e passou pela porta aberta.
Troquei de roupa (porque aquelas estavam sujas e eu queria tomar banho depois) e desci as escadas, apenas querendo ir à loja de conveniência do postinho de gasolina perto de casa e comprar Mini Thins, para abandonar aquele estado deplorável no qual eu me encontrava. Passei pela porta da sala sem mamãe me ver, e pus os pés no quintal sentindo o ar da manhã entrar em meus pulmões.
Foi mais ou menos aí que eu lembrei que era Halloween. E, consequentemente, meu aniversário.
O quintal estava enfeitado com abóboras e esqueletos, e haviam cópias de teias de aranha nos fios de eletricidade até o interior da casa. A grama parecia coberta por uma sujeira falsa que era quase roxa, e combinava com a cor do resto dos enfeites. Na porta, pude ver as letras fluorescentes formando IEROWEEN, como faziam todo ano. Sorri de lado, como meu pai faria. Porque era Halloween, e meu pai havia feito isso. Céus, era realmente difícil odiar papai o tempo todo. Depois de um tempo parado no quintal, fui para a rua realmente fazer o que eu queria.
Estava muito lento, então era sensacional, depois de chegar à loja de conveniência, eu engolir aquelas pequenas pílulas que ajudavam a manter motoristas acordados. Estranho para mim era pensar que aquilo era legal nos EUA, porque eu considerava Mini Thins uma droga. E era bom. Pelo menos a lentidão passou, mas a dor de cabeça persistiu.
Pensar que era meu aniversário me fez ter uma boa ideia. Eu pensei em Gerard, e pensei nele sorrindo, e pedi ao atendente um maço de Marlboro. E um isqueiro. E ele não perguntou se eu tinha mais de 18 ou não, ele apenas me deu. E foi bom. Depois de tomar mais uma pílula de Thins, saí de lá e acendi um cigarro.
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The Radio Guy Hates The Actor
Fiksi PenggemarTinha esse garoto que estudava no colégio católico que o meu, o Gerard Way. E eu não gostava dele. Até aí comum, eu não gosto de muita gente. Mas aconteceu uma coisa. E essa coisa gerou muitas outras coisas diferentes que explicam por que acontece o...