Capítulo 16

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Preciso dos meus contatos agora, na Espanha, para descobrir primeiro quem é esse cara, e assim saber com quem estou lidando. E pra quem trabalha. Lia não pode saber disso por enquanto.

- Hernandez... Aqui é a doutora Manuela Montegrini. Preciso de um favor seu.

- Doutora Montegrini, em que posso ser útil?

Hernandez é um ex-espião da inteligência secreta da Espanha. Eu o ajudei a interrogar alguns líderes terroristas ano passado.

- Procure saber quem é Ruan Santos. Puxe a ficha dele, é de origem brasileira. Me ligue se achar algo. Te enviarei o vídeo das câmeras que capturaram a imagem do rosto dele.

- Te ligarei quando encontrar algo. - Desliguei em seguida.

É, parece que terei que estar na ativa novamente, são meus filhos, e isso, não vai ficar barato. Por meus filhos eu encontro forças.

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(Lia, Narrando):

- Karlia, estamos indo para onde? Você disse Ibiza... Não me parece com a Espanha.

- Sim, estamos tomando outro rumo. Rumo a Dinamarca. - Usou um tom sério.

- Dinamarca? O que quer lá?

- Saberá quando chegarmos. Não deveria se preocupar. Tome um champanhe comigo e fique tranquila. Achou mesmo que eu era adolescente imatura, num é? Eu me comportei assim para enganar meu pai. Você é leal a mim, ou, a meu pai? - Se aproximou de mim oferecendo uma taça cheia.

- Sou leal a você. O que está acontecendo? - Perguntei pegando na taça.

- Descobri que meu pai, não pode ter filhos, achei nas coisas dele um tempo atrás. Quem eu sou? Sarah... - Percebi certa aflição em seus olhos. Podia ver a Joice ali nela.

Fiquei temporariamente desligada da situação. E quando voltei nela, peguei em seu rosto e disse.

- Quando chegarmos na Dinamarca, saberá. - Olhou pra minha mão e depois nos olhos com certa carência.

- Eu só tenho você... Que se importa realmente comigo. E meu pai... Apoia líderes religiosos terroristas, é horrível não poder contar isso a ninguém. - Abraçou-me forte, se pondo a chorar.

- Não me admira essa postura do Sheik. Conheço um tirano de longe. Tem uma coisa que precisa saber sobre mim. Eu já fui uma líder criminosa, no Brasil.  E tinha outra nome.

- E qual era? - Parou de chorar e me olhou interessada no assunto.

- Lia. E da minha mulher, Manoela. Ela fugiu comigo para o Egito, com nossos filhos. Mesmo sabendo quem eu era. São escolhas que me arrependo até hoje, de ter feito, entrar para o crime é algo sem volta, não sei como consegui sair. Manuela me salvou disso. Ela é psicóloga e trabalha na inteligência clandestina da Interpol criminal da Espanha.

- Nossa, duas mentes poderosas. Uma maquiavélica e a outra que caça mentes como a sua, interessante. Nunca cometi nenhum crime, deve ter muita adrenalina. O crime que cometi foi não ser mais virgem e isso no Egito pra uma mulher é um crime inadmissível. Grandes coisas!!

- Você lembra a minha mulher... Ela era assim. E está passando por momentos difíceis.

- Agora sei porque te achei tão interessante, você tem uma história muito forte, tem garra. E que momentos ela está passando? Talvez eu possa ajudá-la.

- Nós perdemos nossa mulher... Sim a gente se relacionava a três. Vou te mostrar uma foto dela.

Mostrei a foto da Joice a ela, e rapidamente vejo os olhos de Karlia ficarem surpresos, ficou eu diria até paralisada vendo a foto. Até pegou no meu celular.

- Quem é ela? - Tocou na foto. Com delicadeza.

- Joice... Infelizmente ela foi morta. Manuela nunca mais foi a mesma.

- Eu sinto que... Tem algo de familiar nela. Mas, não sei dizer. - Continuou a tocar na foto.

Eu comecei a chorar discretamente. Queria que a Manu visse essa cena. Ela está reconhecendo a própria irmã... Mesmo sem saber...

- O que vai fazer na Dinamarca, Karlia?

- Sempre gostei de ir lá... Como se fosse meu refúgio mental. Onde me sinto confortável. Tem que ter explicação? Do motivo de gostar de lá agora?

- Sim, tem. Porque foi onde você nasceu...

- O quê??? - Ela se levantou da poltrona. E esbarrou na taça dela, deixando cair no chão do jato e quebrar.

- Você nasceu na Dinamarca. Eu sou sua segurança, sei tudo sobre sua vida. Você tem que confiar em mim.

- Confiar em você?? Quem eu pensava que você era, você acaba de dizer que tem outro nome, e tinha outra vida. Eu vou chamar meu pai.

- Não! Não faça isso! Eu estou aqui para te proteger dele. Você tem que me ajudar a acabar com a vida dele, destruir tudo, arrumar provas contra ele. Ele é um homem perigoso, sabe disso.

- Você também é! Disse que era uma líder criminosa, quem devo confiar? Só estou com você, algumas semanas. Eu me sinto tão perdida agora.

- Tudo vai dar certo, só peço que confie em mim. Me dê sua mão.

Olhei-a gentilmente, esperando a mão dela, meio trêmula Karlia aproxima sua mão e eu pego suavemente nela, e a beijo. Senti a pele dela se arrepiar.

- Eu estou aqui para te proteger. Se eu quisesse seu mal, não acha que já deveria ter feito algo?

- Sarah... Lia... Não sei como te chamar mais, eu estou confusa agora. Mas, sei que me fala a verdade. Fiz alguns cursos de linguagem corporal (Deu uma breve risada).

- Bom saber. Serei sempre mais sincera possível então, ou, não precisarei disso?

- 90% da nossa forma de comunicação está na linguagem corporal. Afinal é o nosso primeiro meio de comunicação. Sempre me interessei, e, gostaria de trabalhar com a  Justiça, ou, FBI, de Nova York, já que tenho um currículo desejável e amplo nessa parte. Ah! E sei lutar também, fiz anos de defesa pessoal judaica. Não sou uma menininha, e aposto que a sua mulher, deve pensar isso de mim.

- É. Pensa. (Risos entre nós)

- Ela é muito atraente... Assim como você. - Karlia veio se aproximando.

E me empurrou na poltrona do jatinho. Ficou me olhando de uma forma delirante. Foi desabotoando sua blusa, e eu segurei firme nos braços da poltrona e só falei uma coisa.

- Misericórdia, mulher!

O sorriso dela malicioso, e quando desabotoou quase metade da sua blusa, se aproximou de mim e perguntou.

- Quer terminar de desabotoar para mim? Ou, prefere ficar olhando?

- Olha... Karlia, não acho que seja o momento apropriado. Podem nos ver. Mas, se fosse pra escolher... E quando eu ter a devida oportunidade gostaria de desabotoar sua blusa e depois ficar te olhando. Poderia fazermos isso em outro momento?

- Desculpa... Fui uma idiota em agir assim, eu sei, pode falar. É que pensei que sentia o mesmo por mim. Minha leitura em você falhou então.

- Sua leitura corporal não te enganou... - Comentei apenas isso. E vi uma mudança no semblante dela.

- Estamos chegando na Dinamarca... - Seu olhar pareceu distante, assim como sua fala.

Também de tudo que falamos aqui, impossível ficar com as emoções no lugar.

As Faces do Amor - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora