Bem distante.

2 0 0
                                    

Olá, meu apelido é Skkye. Meu nome algumas pessoas sabem, outras não, mas que essa questão continue pairando no ar. Eu sempre gostei de observar o céu, as nuvens durante o dia e as estrelas durante a noite, têm bastante coisa a contar. E foi provavelmente dai que veio o apelido Skkye (Sky, traduzido do inglês, é céu). Quando adotei esse apelido, eu pensei em algo que as pessoas jamais associem a minha pessoa, e, sinceramente, esperei que isso fosse contado em uma biografia não autorizada, quando eu fosse uma grande escritora que todo mundo morreria por um autógrafo meu em sua cópia.

Eu não queria estar escrevendo isso, eu gostaria de estar em algum lugar menos frio que essa pacata cidade onde eu moro, tomando um grande copo de suco de maracujá enquanto leio meu livro favorito, mas quando Deus resolveu que eu viria ao mundo com uma grande facilidade e amor para escrever, foi provavelmente para eu pudesse desabafar por meio das palavras, e também contar coisas às pessoas que eu nunca teria coragem de falar.

Bom...

— Você gosta e só sabe machucar as pessoas, assim como sua avó, mas esquece de olhar para trás.

Essas palavras rodavam em minha cabeça até o momento que peguei o computador e decidi escrever. Elas não me deixavam triste apenas por minha avó ser citada com tanto ódio, mas também por explicitar que eu gosto de machucar as pessoas e essa é, aparentemente, a única coisa que sei fazer.

Depois de ouvir aquilo, me deitei para dormir. Sonhei com quase todas as coisas que aconteceram em minha vida, eu olhei para trás durante uma madrugada inteira, e, quando acordei, queria desesperadamente escrever. E bem, agora estou aqui — ou você está ai, lendo. Não sei. —, escrevendo.

Desde criança, lido com a dor. Assisti coisas e ouvi coisas que me fazem chorar de medo à todo momento que alguém levanta a voz dentro de casa, ou em qualquer outro lugar. Tenho medo de discussões e no que elas podem resultar.

Experimentei da solidão, mesmo rodeada de pessoas, muito cedo. E, apesar de sempre ter tudo na medida do possível, eu me sentia só. Eu me sinto só. E apesar de tudo, essa solidão não me fez confiar menos nas pessoas, ou com um coração congelado, porque, com ela, eu apenas aprendi a dar o meu melhor para as pessoas em uma tentativa — às vezes falha — de que elas não se sentissem como eu.

O que eu soube sobre relacionamentos sempre foi algo ruim, destrutivo, a maioria dos relacionamentos que passaram em minha vida (a iniciar pelo dos meus pais), me faziam acreditar que se relacionar com alguém era pedir para ser machucado.

O casamento dos meus pais, em minha infância, foi baseado em alguém me tirando de dentro de casa por conta das brigas, ou então, eu sentada no canto enquanto assistia a situação, sem poder fazer muito. Nunca tive voz de fala.

Mas, no fim das contas, como uma criança, eu não gostava de vê-los separados, mesmo que ter eles juntos significasse engolir seco o choro todas as vezes que eles brigassem, e carregar a culpa a cada vez que via minha mãe chorando.

Deveria me ensinar alguma coisa, mas não ensinou, apenas me tornei uma pessoa vulnerável, cujo os olhos enchem d'água em qualquer elevação de tom.

Meu primeiro relacionamento, me fez pensar que eu deveria ter esperado um pouco mais para ter meu primeiro beijo e meu primeiro namorado, mesmo com isso tudo acontecendo quando fiz meus quinze anos.

Nessa idade, eu sabia de uma boa parte das coisas ruins do mundo, mas fui apresentada à uma outra parte. E eu não gostei.

Experimentei, pela segunda vez, o relacionamento tóxico.

Meu segundo relacionamento, descobri o abuso sexual. Descobri como é a sensação de que alguém está com você apenas para ter sexo. E pensei em como eu gostaria de ter esperado um pouco mais para perder minha virgindade.

Olhando para trás.Where stories live. Discover now