A Ligação

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Capitulo III

A Ligação

O alfa não escondeu o visível interesse no omega. Os olhos rubis dançaram pelo seu corpo, mas estranhamente não transmitiam desejo ou perversão, estavam mais para curiosidade; principalmente nas suas vestes, pois quando focou nas calças de algodão, uma sobrancelha negra foi levantada e uma sombra de sorriso apareceu em seus lábios. Deidara ficou desnorteado com o comportamento do homem.

Mas então os olhos dele desviaram de seu corpo paralisado para dispor atenção ao ômega que guiou Deidara até ali – a cor surpreendentemente mudando de vermelhos para ônix em um pequeno espaço de tempo.

— Nos deixe a sós, Izumi. — O líder indicou a entrada da tenda para a mulher.

A voz rouca e profundamente séria causou um leve tremor no seu corpo, mas Deidara escondeu ao máximo que pode o efeito causado. Essas reações não passavam de efeitos colaterais por ele ser seu companheiro e, bom, por estar tão próximo a ele. O líder não mostrou perceber sua reação e pelo semblante completamente impassível, o ômega diria que, caso ele mostrasse explicitamente como a presença do alfa o afetava, este não se importaria. Porém nada disso realmente foi a surpresa, mas sim a forma com que o homem falou com Izumi: diferente de tudo o que Deidara imaginou, o moreno tinha uma pontada de gentileza na voz austera, definitivamente algo que o loiro não esperava. A inexpressividade dele, no entanto, enervava Deidara de forma inexplicável.

Izumi saiu da tenda após uma breve – e exagerada – reverência. Os olhos negros do líder seguiram a pequena mulher até que desaparecesse tenda afora, em seguida a atenção dele se voltou totalmente para o loiro e a expressão, antes séria e estóica, suavizou para algo parecido com compaixão. Deidara não conseguiu esconder o tamanho do seu assombro com tais mudanças bruscas do alfa: primeiro a cor dos olhos, que mudaram sem que ele precisasse sequer piscar, e então esse calor aconchegante nas profundezas negras? Não sabia como se sentir sobre isso.

— Sente-se, ômega. — O moreno indicou uma cadeira acolchoada com couro que Deidara não havia percebido antes quando esquadrinhou curiosamente todo aquele espaço algum tempo atrás. O objeto indicado estava disposto de frente para o alfa, e ele estava parado na frente de um tipo de poltrona, provavelmente designada para o líder pelo seu porte e imponência.

O loiro deu pequenos e hesitantes passos para o lado contrário da cadeira. Não disse nada, estava tremendo levemente, com medo por estar em um local desconhecido com outra raça diferente da sua – e apenas continuou olhando para o alfa porque não conseguiria desviar o olhar mesmo se quisesse.

Itachi não se moveu, mas a sua expressão suavizou ainda mais mostrando compreender o comportamento arredio do loiro, surpreendendo Deidara.

— Não precisa me temer. Eu nunca poderia te machucar, — assegurou. O jeito com que o olhou, como se Deidara fosse precioso, causou arrepios na espinha do ômega. O lobo branco não gostou disso, no entanto.

Eles nem se conheciam, Deidara não poderia ser precioso para o alfa em um espaço de tempo tão curto. Esse comportamento é claramente advindo da ligação de almas e o loiro não compreendia ainda essa afeição repentina – e ainda não sabe se a quer compreender.

Sem tirar os olhos do lobo desconhecido, ainda não confiando na situação e nele, Deidara se sentou no local indicado, Itachi se sentando também.

— Qual o seu nome?

Deidara inclinou levemente a cabeça, curioso e confuso por achar que, àquela altura, o outro já sabia quem ele era.

— Meu nome é Deidara. — respondeu e ambos encararam-se por um tempo, o ômega franzindo o cenho, pois o moreno parecia esperar alguma coisa a mais além da resposta direta. O loiro então arriscou devolver a pergunta: — Qual o seu nome?

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