Doador de Espermas

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A língua tão suave fazia carinho contra a sua de uma maneira tranquila e impecável, Jungkook parecia se encaixar perfeitamente, como sempre. O momento era terno, quente como um reconhecimento, e fazia o corpo do CEO pulsar era intenso de tantas maneiras para ambos.

Jungkook afastou-se do beijo com um barulho molhado, um estralinho que correu por seu corpo com um arrepio e olhou profundamente nos olhos pequenos de Jimin. Um susto profundo lhe acometeu por te-lo beijado, abaixou o rosto e sentiu a respiração ofegante do mais velho em sua franja.

- Você quer um quarto na minha casa também? - Jimin quebrou o gelo com a pergunta.

- Eu não sei - respondeu Jungkook, a voz meio nasal pelo resfriado soava insegura - Eu...

- Tudo bem - os dedos do Park escorreram pelos de Jeon suavemente - Temos tempo para decidir isso.

- Eu só não sei o que pensar sobre tudo isso - falou o mais novo depois de minutos de silêncio improdutivo - Muitas coisas mudaram, você está aqui agora, o Taeyang que não veio mais de um desconhecido ou de uma doação de espermas...

- Doação de espermas? - perguntou Jimin o seu tom era instantaneamente revoltado, pelo jeito Jungkook havia pisado em um de seus calos - Você disse que ele era filho de um doador anônimo?

- Sim, eu disse mas você precisa entender que eu...- Jimin bufou irritado e o conforto trazido pelos beijos havia dado espaço para um sentimento raivoso, olhou para os olhos castanhos de Jungkook e tentou entender que erros havia cometido com ele para poder entender o motivo de ter sido apunhalado pelas costas de tantas maneiras. Se não tivesse descoberto seu filho acharia que ele era uma concepção independente? O pensamento lhe revoltava, levantou-se abruptamente e caminhou em direção a sala com Jungkook vindo atrás de si, assim como as mágoas que reviravam em sua mente.

- Eu não entendo o que eu fiz para merecer tudo isso Jungkook! Eu não entendo! Eu era tão novo quanto você, eu estava mais apaixonado que você e agora olha nos meus olhos e diz que falou que meu filho era uma doação, como se ele tivesse sido feito por dinheiro. Eu fui uma piada para você? Me deixou naquela praça pensando em aborto para depois rir as minhas custas?

- Jimin, eu nunca ri, eu nunca quis nada disso, eu só tive tanto medo! Não é justo você olhar na minha cara e jogar uma coisa tão ruim para mim quanto a possibilidade de um aborto! Você sabe que eu jamais faria isso! - Jimin suspirou terminando de colocar furiosamente suas coisas dentro da bolsa carteiro, um cansaço mental tremendo se apossava de si. Era além de fato de que Jungkook dizia por aí que o filho dele era de outros ou de uma doação, era a percepção cruel de que não conhecia as versões do menino que tanto amava: não havia o visto bebê, sentido seu cheiro ou acudido suas dores, não havia percebido suas primeiras descobertas, suas aventuras ou ouvido o balbuciar de suas primeiras pessoas. As pessoas sequer sabiam que seu sangue corria nas veias de Taeyang, ele apenas se sentia como um intruso na vida das pessoas que haviam ganho seu coração.

- Você teve tanto medo, você teve tanto trabalho cuidando do Taeyang e formando uma família e construindo um monte de coisas para vocês, mas e eu? E eu Jungkook e a minha dor, quem sente e entende ela, quem quer entender que eu também queria ter tido a opção de sentir tanto medo? - Jungkook apenas ficou em silêncio, os olhos arregalados e as mãos moles ao longo de corpo assistindo as lágrimas de Jimin caírem - Ah, essa resposta eu sei, e eu, eu fui o doador de espermas para você ser um pai depois.

Jungkook se manteve naquela posição enquanto via Jimin calçar os sapatos, com sua bolsa presa ao ombro, girar a chave e logo em seguida ir embora. Sua mente, em contradição ao seu corpo, refletia mais e mais as palavras que ouvira do mais velho, a dor presente nas palavras, as lágrimas escorrendo soltas por suas bochechas bonitas. Por muito tempo desde o retorno do Park á sua vida Jungkook achava que tudo era sobre ele, a dor de ter o filho quase tomado de si, a dor de talvez nunca mais vê-lo, depois uma pequena calmaria, um quase final feliz para sempre, mas então um lembrete de que a realidade é dura, e finalmente a percepção de que tudo aquilo não era sobre sua própria dor, era sobre a de Jimin.

He's not your son - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora