— Então é isso?— Perguntei irritado. — Você sai com ele e espera que eu reaja numa boa? — Solto uma risada sarcástica e passo os dedos pela minha barba recém feita.
— Já pedi desculpas, tá legal? — Murmurou de cabeça baixa, ela com certeza está tão irritada quanto eu. — Você queria que eu fizesse o que? Ficasse sentada esperando sua boa vontade de querer algo comigo? — Ela finalmente ergueu o rosto para me encarar. — Como eu iria saber que você pretendia vir aqui hoje? Que tudo fazia parte de um plano? Você me magoou gratuitamente e acha que tem o direito de estar nervoso? — Desvio o olhar. Ela não está errada nesse ponto. — ME RESPONDA JOÃO GUILHERME! — Alterou o tom.
Essa noite era para ser perfeita. Pena que tudo saiu do controle...
O plano era vir até a casa dela e pedi-la em namoro. Mas acho que eu não pensei direito antes de tratá-la mal hoje... Malditos filmes de comédia romântica!
— Você sempre me disse que gostaria que sua vida fosse como um filme! Eu tentei tá legal? — Seus olhos verdes me encaravam com raiva. — Pensei que seria interessante fazer da sua vida, por apenas um dia, um filme daqueles onde o mocinho finge desinteresse na mocinha apenas para fazer uma surpresa no final do dia! Para tornar tudo mais emocionante! — Suspirei sentindo a Raiva passar, dando lugar à mágoa. — Não pensei que em tão pouco tempo você correria para os braços dele... — Fechei os olhos me lembrando da cena que vi a pouco.
Estavam se abraçando, pareciam bem próximos, diria até que íntimos...
— O Leonardo me convidou para ir ao cinema, ver o filme que eu praticamente IMPLOREI para ver com você. E tudo que você disse foi: "Sabe que eu não gosto desse tipo de filme, gatinha". — Ela usou um leve tom de ironia ao repetir a frase que eu disse a alguns dias atrás.
— Que filme? Esse que eu comprei os ingressos para a última seção? — tirei os ingressos do bolso e coloquei na Mesa. Ela arregalou os olhos, mas logo disfarçou— Era para ser uma surpresa! Essa noite tinha que ser especial! — Bufei e esfreguei as palmas das mãos no rosto enquanto caminho até o sofá de sua casa.
— João... — relaxou os ombros e veio até o sofá, ficando de pé na ponta contrária a que eu estava sentado. — Você sabe que eu não tinha como saber... Não é? — Eu olhei para ela e fiz um pequeno movimento positivo com a cabeça — Não rolou nada entre a gente, fomos apenas como amigos. Mas, bem, de qualquer forma, me desculpe ter saído com o Leonardo... Sei que não gosta dele. —sorri ameno e suspirei. Ela não devia pedir desculpas, eu sou o errado da história.
— Está tudo bem Larissa, você realmente não tinha como saber. — me levantei e caminhei até ela — Me perdoe por ser tão idiota. Por te tratar com frieza, algumas vezes... — aproximei nossos corpos e coloquei uma mão em sua cintura — Acho que tudo isso é medo de te perder. Medo de você ter encontrado alguém melhor... — ri fraco e subi minha outra mão para o seu rosto — Eu não sou perfeito Larissa... Estou bem longe de ser. — Passei o polegar pelo seu lábio inferior.
Ela me encarava, seus olhos verdes um pouco mais claros do que o de costume, suas bochechas ainda avermelhadas pela raiva recente.
— Mas... Por você, eu posso tentar ser melhor. Eu quero ser o melhor pra você. — Sorri, e ela retribuiu com um sorriso no canto dos lábios. — A verdade é que eu te amo, e não consigo mais negar isso. — confessei. Com um pouco de receio de sua reação. Nunca havia dito "eu te amo" românticamente para alguém.
Era tudo muito novo para mim. Até o começo dessa noite eu não tinha certeza desse sentimento. Mas ver ela abraçando aquele canalha me fez perceber que aquilo que eu sentia, não era um simples "gostar". Me fez perceber que eu a amo.
—João... — disse baixo, nitidamente surpresa.
— Não. Deixe-me terminar. Se me interromper agora, não sei se consigo continuar. — interrompi sua fala. — Larissa, você foi a melhor coisa que me aconteceu. Não tenho medo, nem vergonha de confessar que te amo. Quero que saiba disso. Quero que o mundo inteiro saiba disso! — movi meu polegar que estava parado em sua bochecha para o canto de seus olhos, limpando algumas lágrimas que haviam descido. — Você não precisa dizer que me ama, não agora. Quero que saia do fundo do seu coração, assim como saiu do meu. —
Ela deixava algumas lágrimas escaparem, e sua boca estava aberta em um sorriso verdadeiro.
—Não quero brigar com você nunca mais. E se formos brigar, que seja para escolher o nome dos nossos filhos, — ri fraco junto com ela. — para escolher nossas alianças. Mas por bobeira, não vamos não... Por favor. — pedi, antes dela me abraçar com força.
Passei meus braços pelas suas costas, acariciando de leve.
— Eu te amo João Guilherme, de verdade... — disse contra o meu peitoral — Do fundo do meu coração... — Sorri e apertei meus braços ao seu redor com mais força
Segurei em suas coxas, pegando-a no colo, e carreguei-a para a mesa. A coloquei sentada ali e continuei entre suas pernas.
— Lari... Você quer namorar comigo?— Finalmente fiz a pergunta que deveria ter feito no início da noite, antes de vê-la com o Leonardo e essa confusão toda acontecer.
— Quero muito, João Guilherme. — disse com a voz ainda falha por conta do choro.
E bem, foi assim que comecei a namorar com a garota dos meus sonhos. A mais gata do colégio, e a dona do meu coração.
