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¨Most nights I pray for you to come home

I'm praying to the lord

I'm praying for my soul¨

Please Don't Go - Joel Adams

Amélie P.O.V

Tomando café, observo Michael Jr. brincar com a papinha que a ele foi servida, entretido demais na lambança colorida para me dar atenção. Um sorriso me escapa ao pensar em seu pai.

Já faz quase seis meses, e aqui estamos nós, sobrevivendo.

A guerra continua, e eu continuo escrevendo cartas para um soldado que não sei sequer se está vivo.

Baixo os olhos novamente para o papel, relendo.

¨ Amado Michael.

Faz aproximadamente oito meses que você partiu e nunca mais voltou. 

Sinto sua falta.

O nosso bebê é simplesmente perfeito, lindo, angelical. Quando faz birra é você em pessoa, inacreditável mesmo, a careta, o beiço, os cenhos franzidos, a forma como me encara, tudo... ele é a sua cara.

É horrível ter que fechar os olhos todos os dias e sonhar com a sua volta, rezar sem parar esperando um milagre. Ainda preparo o café como você gosta e engraxo seus sapatos, passo o perfume que mais te agrada, pra quê?

Pois eu sei, no fundo do meu coração, que se parar de fazer isso, tudo vai ser para sempre e ainda não consigo encarar isso, e talvez nunca consiga, a aliança ainda está em meu dedo, e por mais que me esforce pra expulsar seu fantasma dessa casa, a verdade é que não tem um segundo que não aconteça algo que não queria te contar.

Cada vez que eu dou risada de algo, que vejo algo, levanto a cabeça para te procurar, às vezes me escapa seu nome em alto e bom som, e são esses poucos segundos que bastam para me fazer chorar até a metade da madrugada.

Eu amo você, agora e até depois.

Para sempre sua,

Amélie

Endereço a carta e a coloco na bolsa para enviar quando fosse trabalhar.

- Tchau filhinho, a mamãe te ama. - me despeço, beijando sua testa.

Josephine sorri, se despedindo com um aceno.

Entro no carro e aceno de volta, vendo Michael Jr. chorar e estender os bracinhos em minha direção. A demora para a partida do carro quer me fazer pular pra fora e pegá-lo, os seus "ma", de mamãe, praticados com muito empenho por mim, vão conseguir o que querem logo.

Saímos de cena e a estrada aparece, é impossível não olhar para trás de coração partido.

Coço as mãos, nervosa. Odeio deixá-lo sozinho, mesmo que Josephine e as outras sejam de confiança, ainda sim o quero só pra mim, mas os compromissos não esperam e levá-lo ao trabalho é extremamente estressante, ele chora e atrapalha os demais, e isso levou ao que está acontecendo hoje.

Não demora muito para chegarmos, coloco a carta no carrinho de correspondência, seguindo para o escritório.

Paro e respiro fundo, fitando as letras que uma vez nos identificava na porta, ¨Michael e Amélie Gray, contador-chefe e contadora-auxiliar¨. Destranco a porta e entro, jogando a bolsa por cima da mesa e indo abrir as janelas, o calor estava insuportável logo cedo.

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