Sem querer, amor!

Capítulo 3

Já era verão, tudo de bom, férias, praia, nada pra fazer em específico, muitas séries, dormir tarde e acordar tarde. A programação seguia firme e meu talento para férias era sensacional. Tirando o fato das minhas férias terem sido um pouco adiantadas porquê a faculdade entrou em uma greve repentina e sabíamos que quando voltasse seria ruim, no quesito descanso foi até bom. Só estávamos esperando o sinal para voltar, o que significava que além de adiantada poderia acabar a qualquer momento. Eu estava aproveitando para descansar a cabeça, sabia que a volta seria pauleira, teríamos menos tempo e muito conteúdo, os professores não aliviariam como foi prometido assim que surgiu a menção da greve.

Mais um dia ocioso, graças a Deus, nada de reclamações quanto a isso. Era uma sexta feira a tarde, estava eu plena indo a academia com os olhos inchados de quem tinha acabado de tirar uma sonequinha pós almoço. Ainda tinha deixado Snow nas cobertas quando eu sai de casa, fiquei com pena de arrumar a cama já que ele dormia lindamente, apesar de acordar e me dar algumas olhadas culposas como quem diz: vai me deixar sozinho mesmo? Às vezes os olhares intensos dele me assustava, parecia que ele conhecia mais de mim do que eu mesma, apesar que dizem que eles são nossos anjos da guarda né?! Contudo o meu poderia ser até um pouco vingativo as vezes, dependendo da minha rotina achava uns presentes perto da minha cama, ele adorava deixar umas necessidades específicas por lá, simplesmente pelo fato de eu passar menos tempo com ele.

— Fala Mila! Acho que esqueceu de tirar algo do seu rosto — o professor me dizia enquanto apontava bem para minha cara.

— Ah? — Eu passava a mão ainda lerda pelo sono no rosto procurando uma remela ou um canto de baba seca, apesar de ter lavado o rosto isso era bem típico da minha sorte.

— O travesseiro, teu rosto tá todo marcado. — Eu não sabia se nesse momento ele ria mais do meu rosto marcado ou da cara de lerda que eu fiz com essa declaração toda.

— Palhaço — Eu ri sem graça e segui meus planos de terminar com aquilo logo.

No meio da minha série percebi que o Giovani estava na academia também quando deu de cara com ele em um aparelho e ele me cumprimentou como sempre com uma acenada de cabeça. Conversa vai e conversa vem ele comentou que iria em uma boate mais a noite e perguntou se eu não tava afim.

— Em qual que você vai? Vai com quem? — perguntei bem na defensiva.

— Vou com meu primo, naquela Night — ele deu de ombros.

— Eu conheço, já fui lá uma vez, achei que tinha muita criança. Mas vou ver com uma amiga, se ela estiver afim eu te aviso, não vou empatar a foda de vocês.

— Fica tranquila pra ir, a gente não vai pra isso — ele fez cara de inocente.

— Com certeza meu bem, e eu sou o papa. — respondi com ironia.

Terminei a minha série e me despedi dele, disse que mandava mensagem mais tarde dizendo se ia ou não. Assim que cheguei em casa mandei mensagem pra minha amiga Patrícia perguntando se ela estava afim de sair, ela disse que achava uma boa, viria de carro até a minha casa, nos arrumaríamos juntas até porque ela queria uma roupa e um sapato emprestado e daqui partiríamos com eles. Feito! Avisei a ele depois de acertar tudo com ela, eles passariam na minha casa e combinamos de ficar com o valor do estacionamento.

Até que dessa vez eu me arrumei rápido e a Patty também, colocamos um salto e fizemos uma make leve. Geralmente nesses lugares as pessoas usavam mais salto, apesar de ter bastante tempo que eu não usava. Terminamos mais cedo do que ele prometeu chegar, quando ele buzinou no portão já estávamos com teias de tanto tempo esperando, nos cumprimentamos e sentamos. O primo dele se chamava Vitor e era por parte de mãe, Patty me deu um olhar penetrante de quem vai soltar uma bomba e gesticulou com os lábios "eles são uma gracinha" eu segurei uma risada e fiz sinal de positivo com o dedo, Vitor tinha a mesma pegada de cabelo e barba, só que ele tinha um tom de loiro puxado para o ruivo, era uma gracinha também. Tadinha, outra iludida sem saber a idade deles, não ia estragar a noite dela, nem sabia qual era a deles em uma balada e não tinha certeza de qual era a preferência dela, as vezes ela era igual a minha amiga Nádia, apesar de ser 3 anos mais velha que eu, pra ela o cara sendo maior de idade e vacinado, estava nos critérios dela que aliás estava passando o rodo na Europa. Já eu era mais chata, apesar que talvez, bem talvez, na Europa eu abrisse uma exceção, não é todo dia que se tem gringos de opção né?! Exceto carnaval, carnaval no Rio tem o mundo.