As palavras só complicam

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O Sol estava quase sumindo no horizonte quando Brenda se afastou lentamente de mim e o observou, os cabelos castanhos, longos e lisos, estavam presos em um coque descuidado no topo da cabeça, enquanto ela o arrumava, eu pensei se era possível que alguém ficasse bonito mesmo quando alguns fios do cabelo insistiam em escapar de um coque frouxo.

No entanto, quando Brenda terminou seu trabalho e virou-se para mim, eu tive a minha resposta: Sim, ela conseguia ficar bonita ainda assim. Porém, ela estava com uma expressão preocupada.

- Brenda, você está bem? - Perguntei, ela desviou o olhar, eu franzi o cenho e a puxei levemente para perto de mim, de modo que eu pudesse olhar em seus olhos. - O que houve?

- Não é nada, Thomas. Não se preocupe. - Ela negou.

- Brenda, eu conheço você suficientemente bem para saber que há alguma coisa te incomodando. Por favor, me diga. Eu quero poder te ajudar. - Eu questionei, vi a dúvida nos olhos dela e aquilo doeu dentro de mim, ela estava pensando se devia falar ou não. Mas empurrei o sentimento para longe e a fitei.

- Eu só estou pensando no que houve... Tudo o que passamos no deserto e na viagem até aqui... No que todos nos perdemos. - Ela sussurrou. Meu coração pareceu pular uma batida, isso aconteceu no momento em que os meus lábios encontraram os de Brenda, mas o meu sentimento agora não era de felicidade, eu sabia do que ela estava falando: Teresa.

- Brenda... - Eu comecei a falar, mas ela tocou o meu braço e negou com a cabeça.

- Eu sei, está bem? Você gostava dela, é difícil que algo assim desapareça... Mesmo depois do que houve, mas eu quero que você tenha certeza do que quer. Não vou me torturar com isso. - Ela retirou a mão do meu braço enquanto se levantava e fazia o caminho de volta até o acampamento, eu fiquei alguns segundos parado no mesmo lugar até entender o que estava acontecendo e sair correndo atrás dela.

- Brenda! Espera, por favor! - Gritei, ela parou de repente e me olhou assustada. - Tenho que falar com você.

- Thomas... - Ela começou, mas, dessa vez, fui eu quem não a deixei falar. Segurei a sua mão e olhei nos seus olhos. Podia sentir cada parte do meu corpo ansiando por ela e quase tive a impressão de ouvir o coração de Brenda batendo acelerado.

- Brenda, você já me disse o que pensa sobre o que eu sinto. Mas não me deixou falar. Por favor, pode só me escutar dessa vez? - Eu pedi.

- Está bem, só faz uma coisa: Dê um passo para trás. - Implorou.

- O quê? - Perguntei, franzindo o cenho e fazendo o que ela pediu.

- Não ia conseguir pensar direito com você tão perto. - Sussurrou.

- Oh. - Murmurei. - Quer dizer: Como quiser. Brenda, eu realmente gostei da Teresa. Eu e ela nos conhecemos antes de toda essa loucura de labirinto. Teresa foi a minha melhor amiga, provavelmente a primeira. - Tomei fôlego e olhei de soslaio para Brenda, que parecia não saber para onde olhar. - Só que... Mesmo se eu não tivesse pensado que ela tinha me traído, nos nunca tivemos algo de verdade. Eu sinto muito pela morte dela, assim como eu senti e sinto a do Newt e do Chuck.

- Thomas, o que você está querendo dizer? - Brenda perguntou, falhando em esconder a animação, eu sorri de lado.

- Eu estou querendo dizer que você ganhou o meu coração, eu não sei qual foi o momento exato. Eu não sei o motivo. Eu só sei que, de uma hora para a outra, eu estava perdidamente apaixonado por você. Com ou sem Teresa, independente do maldito labirinto ou do CRUEL, ou seja lá o que for. É isso: Eu estou apaixonado por você e as palavras só complicam... E eu até que sou bom com elas, mas quando eu estou com você, qualquer coisa que eu digo, tudo o que eu faço, é pensando em você, em nada mais. Em ninguém mais. Desculpa. Aconteceu. Acho que vai ter que me aturar agora. - Ergui as mãos. Eu nunca tinha me sentido tão sem fôlego em toda a minha vida. Nem mesmo nas corridas do labirinto ou do deserto.

- Você... Você sabe mesmo o que está falando? - Brenda questionou, mas os olhos dela brilhavam.

- Eu até poderia repetir o discurso e tal, mas aquilo foi totalmente espontâneo. - Eu ri. - Mas, se quiser, eu posso... - Brenda não permitiu que eu terminasse, colocou as mãos no meu pescoço e me beijou. Entrelacei minhas mãos na sua cintura e puxei-a de encontro a mim. Como eu amava aquela cintura, aqueles lábios, o cabelo, os olhos e cada parte dela. Então, quando descolamos nossos lábios e encostamos nossas testas, eu me dei conta: Eu não amava apenas cada parte do corpo dela, eu a amava. Por dentro e por fora. Meu Deus. Mértila. Eu a amava.

Eu a amava.

E como eu adorava isso.

As palavras só complicamOnde histórias criam vida. Descubra agora