Ao amanhecer de mais um dia seco e quente em Sahhab, o povo trabalha com fervor cavando poços pra poder em fim ter um pouco de água, a poeira fundida a pele e suor que não parece vencer o calor insuportável do lugar árido e quase sem vegetação devido a falta de água, distante dali estava Derik e seu conselheiro fiel Nicolls, um sábio que sempre leva um semblante pesado e sério, ninguém da província se atrevia a falar com o senhor que transpassava uma aparência de feiticeiro. Ele se aproximou do ombro de seu lord e sussurrou:
- Não sei até quando eles irão continuar a procurar água sem reclamar, meu senhor.
Nicolls sabia que cavar poços não era suficiente por muito tempo, pois o povo precisava plantar e saciar a sede, uma hora eles iriam cobrar seu Lord, então ele lamentando-se olhou com seus olhos pesados mistos de sono e tristeza e como um suspiro disse:
- Eu sei Nico, você sabe muito bem o que eu já paguei pra ver meu povo bem, vamos, temos muito caminho a percorrer até a tabula de Okrin.
Eles foram até um punhado de homens que os esperavam a cavalo, enquanto isso o conselheiro o orientava com rigidez:
Senhor, temos que sair dessa reunião com um acordo com a província de Dume, eles podem desviar o rio e com um pouco de sorte voltaremos a ser o que eramos, basta nós pressionarmos eles de alguma forma.
Nesta mesma hora uma jovem se lança a frente, era Sophe sua filha que insistia em ser uma líder desde cedo.
- Pai! Porque não me avisou que iria ir a tabula de Okrin? Eu quero me juntar ao senhor, meu lorde.- ela pediu.
- Ele sem graça sorriu dizendo - A situação é de urgência querida, não temos recursos pra levar mais um.
Ele sabia que cedo ou tarde aquela jovem iria o suceder na liderança e que teria que ensinar tudo que ela precisa saber para servir ao povo de Sahhab, porém ele não se acostumara com a ideia de uma mulher comandando a sua nação e tinha medo do que poderia acontecer se o povo não reconhecer sua filha única como líder. Pensando nisto ele volta a caminhar em direção aos magros cavalos que o esperava.
- Disse o Lorde - Vamos homens, precisamos chegar até o amanhecer.
E assim partiram para a difícil jornada até o encontro dos lordes na tábula de Okrin.
Enquanto isso em Bancaster, capital de toda Okrin, Klaus o Rei aclamado o guerreiro mais voraz e habilidoso, porém impaciente. Pelas mulheres era desejado, nas seis províncias pelo seu porte físico perfeito seus cabelos negros longos e seu olhar que sempre parecia sério, era um galanteador nato e depois da guerra de unificação não queria mais saber de nada além de beber e amontoar mulheres na sua suíte real. Klaus levanta da cama que ele parece não conhecer como sua, cheia de mulheres. coçando os olhos ele vai em direção as sua roupas e logo uma voz vem a tona, era seu conselheiro Gargal, um ancião que sempre usava a historia para aconselhar.
- Meu rei! você está aí meu senhor? - disse o ancião rouco de tanto procurar o rei nos bordeis da grande cidade.
- Estou aqui sim Gargal, eu estou bem, já vou sair.
O rei coloca a pouca roupa ali achada e sai cobrindo os olhos da claridade que o incomodava, logo seu conselheiro o cobrira com um longo manto azul a fim de proteger sua identidade do povo que rodeava, e assim entraram numa carruagem puxada por cavalos fortes de pelos brancos brilhantes e bem cuidados porém com as patas cheias de lama e detritos das partes periféricas menos nobres da cidade, e assim deram partida para o castelo onde esperavam as obrigações reais.
- Klaus resmunga- Não sei pra que tanta pressa em me levar ao castelo, Gargal.
- Senhor, não se lembra da reunião com os líderes das províncias? eles tem problemas sérios para resolver com o senhor.
- Klaus suspira e olha pra o teto da carruagem - Então era isso! - Havia um peso em sua consciência sobre este dia.
A carruagem chega ao castelo,e em seu portão principal está a rainha Mowë com muita seriedade o esperando ansiosamente, como uma puma espera sua presa. O Klaus enrolado em sua manta azul, finalmente sai da carruagem com a ajuda de seu conselheiro com uma expressão de indiferença, e passa por sua esposa, e ela logo fala sem expressão:
- Quantas foram dessa vez Klaus? - A rainha apresentava uma tristeza no olhar, mas procurava ser forte.
- klaus parou,deu meia volta envergonhado - Conversaremos depois, tenho muito a fazer hoje.
Ele entra no castelo, troca a manta por uma garbosa roupa de tecido feito por alfaiates de Gavat, e levava consigo a mais desejada espada entre os cavaleiros do reino, ela era longa, imponente cravejada de diamantes e safiras, a prova viva de poder. se reúne com os chefes da cidade e organiza sua breve viajem até a tabula de Okrin. Sua ida é tardia, mas não o incomodava pelo fato de ser um terreno fácil e mais curto até lá.
Nas Hunt Islands Ronnan olha o cais cheio de navios e barcos pesqueiros e suspira de felicidade, ele se tornara líder das ilhas e era sua primeira grande reunião. em sua direção vem vindo uma enorme embarcação, a mais moderna de sua frota que esbanja beleza e letalidade. Nela se encontra Luene, líder da frota marítima e conselheira de Ronnan. Ele olha ela com uma admiração que não consegue esconder, e ela não percebe seus olhares pois também o admira imensamente. ao se aproximar da embarcação o jovem líder do povo caçador lança seu olhar para Luene e por um momento tudo fica mais claro o que eles sentiam um pelo outro. A embarcação para, o líder sobe e com um tom de constrangimento eles se cumprimentam brevemente;
- Ronnan em alto e bom som para todos no cais - Hoje, vamos ao rei falar como nos tornamos tão fortes e levar nossas questões a ele. seremos em breve uma província mais independente.
Todos o aplaudiu, e ao sinal de Luene baixaram as velas, dando partida a viajem a tão esperada reunião. ao longo dos anos a Hunt Islands tem ganhado cada vez mais espaço de pesca devido a marinha de guerra adquirida pouco a pouco, cada vez mais moderna, e querendo ou não o reino não tem mais como mandar e desmandar na província pela equiparação militar.
Após todos os lordes e líderes chegarem a sala de reunião se nota um frio silêncio e olhares rigorosos, até que o Lord de Gold Coast, Downey Monroe decide perguntar:
- O que tem feito com seus livrinhos Zirah?- fala com desgosto e desafeto.
- Nada que você entenderia meu pai. - Despeja ironia e sarcasmo.
- Downey - Já arrumou um marido que lhe coloque ordem ?
- Eu sou a ordem. - Desta vez falou em tom mais um pouco agressivo.
- Você envergonha os Monroe, você me envergonha! - Nesta hora os ânimos se elevaram. Ele ao se levantar batia na mesa e olhava firmemente pra moça do outro lado,enquanto os outros os olhavam com um olhar de desprezo.
- Ele continuou - Eu lhe prometi ao antigo lorde de Gavat e você fugiu pra ser o que? uma sacerdotisa? uma bruxa?
- Ela o cortou firmemente: - fugi pra não ser alguém como você!
Zirah era jovem porém uma mulher de personalidade tão forte que nem mesmo os mais próximos a ela se atrevem a entrar em uma discursarão, foi consagrada a líder da cidadela por sua inteligencia tão admirável quanto sua beleza.
Nesta hora de discussão acalorada Downey saca a espada, e todos levantam pondo a mão nas suas respectivas espadas, inclusive os guardas. Nesta mesma hora há um barulho na porta e logo a claridade toma conta do recinto, trombetas soam para informar a chegada do rei. Rapidamente Downey guarda sua espada e todos continuam de pé, chegara o rei Klaus, todos tensos e sérios pela presença do rei ficaram totalmente parados até ele se aproximar, e todos o reverenciaram.
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As Crônicas de Okrin
FantasyConflitos políticos em era medieval com muitos mistérios. Províncias em crise vão ao rei cobrar ações nas quais ele não está preparado. Intrigas, inveja, romance e guerras... O que está por vir no Reino de Okrin ?