Capítulo 18

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(Manuela Montegrini, Narrando):

- Manuela. É a Lia no celular.

Minhas mãos começaram a tremer, porque estou ainda tensa por não saber notícia dos meus filhos e ter que mentir para Lia. Não sou desse tipo que mente.

- Oi amor. - Falei ao pegar no telefone fixo.

- Cheguei no destino, com a Karlia. Como está? Eu te percebi bem melhor depois da nossa conversa.

- Estou bem melhor mesmo. - Meu tom de voz não demonstrava o mesmo.

- Você me parece tensa... Aconteceu alguma coisa?

- É que gostaria de saber uma coisa... Você sente atração pela Karlia? - Claro que estava blefando, era só pra disfarçar.

- Sim. Eu sinto. Mas ainda sinto que não é isso. Quando precisar falar comigo, desabafar, é só me ligar meu amor. Dá um beijo nas crianças pra mim, quando chegarem da escola. Amo vocês.

- Pode deixar. Também amamos você. - Comecei a deixar algumas lágrimas escapar dos olhos. E acabei desligando rapidamente.

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(Lia Facchini, Narrando):

- Você sentiu o tempo todo que ela estava mentindo, Karlia, como fez isso? - Olhei surpresa.

Já estávamos no táxi, indo para um apartamento que ela alugou através do aplicativo Airbnb, no bairro de Norrebro.

- Eu te disse que estudei muito linguagem corporal, então tenho uma sensibilidade aguçada. Eu vou querer ser sua guia aqui, conheço bastante. Vai amar a minha suposta cidade natal, agora me diga, como sabe tanto sobre a minha vida?

- Poderia me indicar um lugar para conversarmos isso? Guia turística. Eu quero descansar primeiro.

- Sim, no cemitério daqui do bairro. - Estranhei na hora.

- Oi? Enlouqueceu?

Ela começou a rir, e, o jeito que mexia os músculos da sua boca para desenvolver um riso, era um tanto sensual.

- É um costume daqui, sua besta. Vêem cemitérios como parques de passeio. - Sua voz era suave e lenta, quem vê até pensa que é uma usuária de drogas (Risos).

- Ah bom. Mas, ainda assim é estranho.

Chegamos no apartamento, fomos bem recebidas pelo anfitrião, e ele pediu para falar a sós com a Karlia. Enquanto isso, peguei as chaves com ele, fui levando as nossas bolsas. Não demorou muito e Karlia chegou rindo discretamente.

- O que está rindo?

- Ele perguntou se sou filha do Sheik Árabe, herdeiro de um dos emirados árabes. Respondi que não.

- Mas, vocês não moram num dos setes emirados árabes.

- Não mais. Meu pai é o primeiro na linha de herdeiro do trono em Abu Dhabi, capital dos emirados árabes. E como ele ainda é um príncipe, prefere ficar no "Oriente médio" do Egito. O governo Egípcio nos cedeu um de seus palácios que funcionava como museu, para moradia do meu pai e família, pouco tempo até. Meu pai chama de Oriente médio o continente africano, e principalmente a parte do Egito, porque tem muita cultura hoje em dia, árabe aqui.

- Então você morou nos emirados árabes... E deixa eu te perguntar, seu pai tem quantas esposas?

- Duas. Que eu me lembre. Mas, agora eu que vou perguntar.Você já teve curiosidade de entrar no harém dele num é? - Olhou intrigada.

Estávamos já dentro do apartamento, conversando sobre os costumes árabes. Sentadas na varanda agradável do apartamento comum, mas, passa uma sensação de conforto.

- Não me passou pela cabeça isso. Bom ter me lembrado disso (Risos entre nós).

- Eu já me relacionei com quinze mulheres do meu pai, no caso amantes, não esposas, e ele tem umas trinta amantes. Ele até hoje não sabe disso. Mas, só ficava para me distrair no início, não tinha nada para fazer naquele palácio, em Abu Dhabi, nos emirados árabes. Vivia como uma prisioneira e sem ter contato direto com homens, meu pai me proibia, já teve cara que morreu, por ter tido caso comigo escondido.

- Você o amava?

- Nada, só queria foder. Nunca me interessei muito por homens, só queria saber mesmo como era. Porque é com mulheres afinal que mais me relacionei. E perdi a virgindade com aquelas mulheres.

- Aquelas? Como assim?

- Meu bem, você acha que num harém onde convive trinta mulheres juntas, não acontece sexo? (Risos)

- Mas, você está me dizendo que perdeu a virgindade com quinze mulheres ao mesmo tempo?

- Não... Mas havia as quinze em cima olhando, enquanto uma mais experiente fazia em mim. Boas lembranças dela, até. Era de origem turca, com seus nobres trinta anos, belíssima.

Agora tá explicado ela se atrair por mim e a Manu, gosta de mulheres mais velhas do que ela, afinal ficou com uma bem experiente na sua primeira vez.

- Você tem muita história com apenas vinte e um anos. Gostei de conhecer você melhor. Vamos para o quarto.

- Quero saber mais de você, mais tarde. - Olhou com certo mistério.

Quando fomos caminhando mais adentro, só vi um quarto e uma cama de casal.

- O que é isso? - Olhei em seguida a ela, após ficar olhando uma única cama e um único quarto.

- Cama. Quarto... Parece ser aconchegante, não? - Olhou com um sorrisinho de deboche.

- Você sabe o que quis dizer. Não vou dormir na mesma cama que você.

- Está com medo de mim... Não mordo, só se pedir. - Pegou na minha mão e começou a morder a ponta do meu dedo indicador.

- Você é bem atrevida, né? Não quero ser a número dezesseis de mulheres que você fica.

- Está achando que sou o quê? Uma mulher que vale nada? Não deveria ter contado minha vida pessoal a você.

- Desculpa. É que me sinto intimidada. Eu também fui uma mulher muito cheia de parceiras no passado, por mais que eu respeitasse todas que eu me envolvia, ainda me sentia vazia.

- É... Eu também. Acho que nunca amei ninguém de verdade.

- Saberá quando é amor... Quando se questionar muito, e duvidar muito do que realmente sente, ao ver determinada pessoa, pode ter certeza que é ela.

- Hm. Você pode descansar, vou sair para comprar algo pra nós.

- Qualquer coisa me liga. - Achei estranho a forma dela falar, parece que quis fugir do que acabei de dizer.

As Faces do Amor - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora