Como um bom pai - único

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Notas iniciais: então, transferindo minhas histórias para cá, quero dizer
que apesar de ter escrito há um bom tempinho, ainda é o meu chameguinho, espero que aproveitem (:



Sim, acreditara.

Acreditara que a vida de recém divorciado, sendo webwriter, arranjando alguns bicos como freela – redigindo um pequeno material para uma revista teen voltada para o K-pop no momento –, ainda conciliando com seu blog e o canal no Youtube, fosse ser bem mais difícil que tomar conta de duas criaturinhas que, agora, cuidava apenas aos finais de semana.

Realmente acreditara, o verbo agora sendo conjugado no lindo e belo pretérito mais-que-perfeito.

Porém, todavia, entretanto, contudo, mas, ser pai era bem mais difícil. Ainda mais de gêmeos.

Soltou um longo suspiro, não tendo mais como ignorar a gritaria, as risadinhas desvairadas e as falas emboladas provindas do outro cômodo.

Deu uma última golada no seu café – e uma de coragem também – e seguiu com passos curtos para onde a algazarra acontecia, não demorando a encontrar sua pequena sala de estar de pernas para o ar, transformada no que aparentava ser uma arena de luta, onde seu filho mais novo estava sobre o corpo do mais velho, desferindo-lhe o "golpe final".

– Eu sou o Maximus! – Puxa a espada de plástico (que estava estre o braço e costelas do outro) e a ergueu acima da cabeça. – Wraaaa! – Gritou, sorrindo vitorioso e esperneando a palavra "Maximus" várias vezes, como se uma plateia aclamasse por si.

Abaixo de si, o garotinho chacoalhava o corpo de forma deveras dramática, lamuriando alto, fingindo morrer de vez, fazendo o outro comemorar ainda mais.

O móveis tortos, almofadas e brinquedos espalhados pelo chão apenas acentuavam mais aquela cena fatídica. Assim como a paciência de Yoongi.

– Tá , agora eu que sou o Maximus. – Advertiu o mais velho dos dois, cansado de estar morto depois de quatro segundos passados e logo teve o consentimento do outro que saiu de cima de si.

– Tá bom, nada, rapazinho. – Yoongi interviu, chamando atenção de ambos. Não podia mais deixar aquilo se prolongar para o seu bem e dos vizinhos. – O que vocês pensam que estão fazendo uma hora dessas, hm? Eu não falei pra vocês assistirem quietinhos o Bob Esponja?

– Mas tamos brincando de gladiador, papai, o senhor não percebeu, não? – Sorriu grande, sendo acompanhado pelo irmão.

– É! O senhor não tá vendo o "Liseo"? – Apontou com um bico nos lábios a bagunça ao redor, para logo sorrir largo novamente.

– Deixa de ser tonto, é "Oliseo", Gukkie.

– Vocês dois são tontos, porque o certo é Coliseu. – Falou lentamente, obtendo atenção dos menores que apenas gargalharam um tanto sem jeito pelo erro, mas sem de fato se importarem, ao passo que balançava a cabeça, mas mordendo o lábio inferior para não acompanhá-los na risada.

Olhou ao redor, vendo que a zona fazia algum sentido, realmente, pois os brinquedos e almofadas estavam espalhados em volta deles de forma circular, alguns outros empilhados – talvez demonstrando destroços das batalhas – e os móveis, bem, só estavam tortos pela excitação que a brincadeira levou, certamente. De qualquer forma, não deixava de mostrar o quão espertos e criativos os seus meninos eram.

Porém, não, nada disso.

Tinha que ser pulso firme e ceder àqueles sorrisos travessos à sua frente ia contra sua conduta de figura de pai responsável-que-nunca-cedia-aos-filhos. Apesar de que lembrava-se vagamente quando os dois garotinhos foram ao seu modesto escritório pedir – insistentemente – para brincarem e, ele, meio avulso, concordou prontamente, esquecendo-se do fato que os meninos haviam acabado de tomar banho e pedira para os mesmos assistirem algo, quietinhos, para justamente não terem que repetí-lo até dar o horário de dormir.

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