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Descemos do carro e seguimos até o portão. Peguei na mão dela e estava gelada.

— Que foi amor?
— Nada - Diz
— Maria...
— Não tô preparada pra encarar meu pai.
— Não se preocupa - Aperto sua mão de leve - Não vai acontecer nada e eu vou estar o tempo todo com você.

Eu estava tão nervoso quanto ela, mas não podia demonstrar, eu tinha que ficar forte por ela. Quando passamos o portão, ela foi na frente eu fechei.

— Amor?
— Oi? - Olha pra trás.
— Tem uma coisa na sua bunda - Falo.
— O que? - Passa a mão pra limpar.
— Meu olhar, gostosa.
— Ai Leonardo - Ela começa a rir.
— Viu? Consegui fazer você sorrir, é isso que eu quero.
— Você é bobo demais - Me abraça - Te amo.
— Também te amo - Ri - Vamos lá.

Maria entrou em casa e eu a segui. Quando olhei pro sofá, pude ver o pai e a mãe dela, ambos com expressões sérias.

— Oi - Maria fala.
— Oi meu bem - A mãe dela se levanta - Desculpa não ter ido te buscar, mas o Léo estava lá e vim preparar o almoço.
— Tudo bem - Diz - Tô com muita fome.
— Então vamos comer - Fala - Vamos amor.
— Depois eu vou - Ele fala.
— Pai...

Ele não deixa a Maria falar, pois se levanta e vai em direção ao corredor onde ficavam os quartos.

— Ótimo - Ela suspira.
— Dá um tempo pra ele - Digo.
— O Léo tá certo filha, ele tá muito magoado com tudo isso, mas ele vai acabar aceitando - Sorri — Vem, vamos comer, fiz lasanha.
— Aí que delícia - Maria sorri.
— Ela tá comendo pra caramba - Digo.
— É por causa das vitaminas que a médica me passou - Explica.
— Queria ter te acompanhado em todas essas consultas - A mãe dela fala.
— Me desculpa - Pede - Vocês dois, por não ter contado antes, mais eu tava com medo.
— Amor - Abraço ela - Calma, já passou, o importante é que agora tá tudo resolvido.
— Exatamente, e na próxima consulta o Léo e eu vamos com você, tá?
— Tá bom - Sorri secando as lágrimas que começavam a escorrer no seu rosto.

•••

Depois que comemos, ajudei a mãe dela a organizar tudo enquanto Maria tomava banho. Voltamos pra sala e logo a campainha toca. A mãe dela atendeu e depois foi abrir o portão.

— Quem tá aí? - Maria vem do quarto dela.
— Sei não - Digo - Nossa, cê tá cada dia mais gostosa, em?
— Para - Ri - O que você vai fazer amanhã?
— O que você quiser fazer - Abro o braço e ela encosta no meu peito.
— É sério - Ri.
— Tô falando sério também, ia pro estúdio, mas já avisei que essa semana não tem como aparecer lá.
— Não faz isso - Pede.
— Ué amor...
— Léo, sério mesmo, não vai mudar a sua rotina por causa disso, por favor.
— Mas...
— Sem mas Leonardo - Me olha - Eu vou chamar as meninas pra ir no shopping e a noite a gente se vê.
— Você não vai pra escola, né? - Pergunto.
— Essa semana não, mas na próxima volta tudo ao normal - Ri.
— Olha quem está aqui - A mãe dela passa pela porta sendo seguida pelos meus pais.

Maria e eu nos levantamos e então ela e minha mãe se abraçaram. Meu pai me olhava sério, com certeza queria conversar sobre isso. Depois ela e ele se abraçaram e então as três começaram a falar sobre a gravidez e o risco que ela tinha.

— É, você com dezoito anos, ela com dezessete - Meu pai fala.
— Pai, na moral, o pai dela já tá sendo cuzão suficiente por todos vocês.
— E com razão, você engravidou a filha menor de idade dele, o que você esperava? Parabéns pelo ato? - Suspira fundo - Mas eu não tô aqui pra julgar vocês não, só que agora as coisas vão mudar meu filho, os objetivos são outros, a correria vai ficar maior e a responsabilidade também, tudo que você fizer a partir de agora tem que ser bem pensado.
— Eu sei disso pai, mais eu vou conseguir.
— Eu sei que vai, sei como você se esforça pra sair tudo perfeito e sei como você fica quando as coisas não acontecem do jeito que você planejou, mas agora tudo que você fizer, pode afetar a criança - Diz - E pode parecer que vai ficar mais difícil, mas quando você segurar a sua filha pela primeira vez, vai ver como esse instinto de querer dar o melhor sempre, vai parecer algo involuntário. Filho da trabalho, mas é a melhor coisa que pode acontecer na nossa vida.
— Minha ficha ainda não caiu - Rimos - Mas só de passar a mão na barriga dela e saber que tem um pedaço de mim ali, sei lá, me deixa maluco de uma forma boa.
— É assim mesmo - Ele ri - Parabéns filho.
— Valeu - Nos abraçamos.

•••

POINT OF VIEW MARIA

Os pais dele já tinham ido embora e estava quase na hora dos meus irem trabalhar.

Ela quer LSD, tem de tudo pra você, te levo pra minha turnê pra torrar o meu cachê - Ele canta fazendo carinho no meu cabelo - Só você é minha bebê, ela quer dar um rolê, te levo pra USA, esse é o nosso rolê. São poucos que tão fazendo desse jeito, eu choro umas merda, mais nóis faz direito. Passo meu tempo fazendo dinheiro, mesmo assim não tô perdendo conceito.
— Amo quando você canta pra mim, meu Deus.
— Que coincidência, eu amo você - Fala rindo.
— Você vai dormir aqui?
— Não, nós vamos dormir lá em casa - Diz.
— Nós vamos?
— Aham - Ri - Assim que seus pais saírem nós vamos lá no Thiago e depois vou te levar pra comer, aí vamos pra minha casa transar.
— Léo, não posso transar - Digo.
— Lógico que pode, não tem dessa não, você mesma falou que tá grávida e não doente.
— Mas sei lá, tem uma criança na minha barriga e nós vamos fazer isso? E se ela sentir?
— Vai sentir nada não amor - Ri - Relaxa.
— Não é melhor eu falar com a minha médica primeiro?
— Depois a gente vê isso - Se ajeita.
— Filha - Minha mãe chega na sala - Nós já vamos.
— Tá bom - Digo - Vou dormir no Léo, tá bom?
— É né, acho que sim - Ela ri - Qualquer coisa me liguem e Léo, não deixa ela esquecer de tomar os remédios.
— Não vou deixar - Ele responde.

Meu pai passou do corredor pra sala e em seguida pra fora de casa, sem falar nada.

— Calma - Minha mãe fala - Dá esse tempo pra ele.
— Tô dando - Digo - Bom trabalho.
— Obrigada - Me abraça e passa a mão na minha barriga - Juízo vocês dois.
— Pode deixar - Falamos juntos.

𝙨𝙚𝙪𝙨 𝙨𝙞𝙣𝙖𝙞𝙨 🥀• leozin mcOnde histórias criam vida. Descubra agora