Notas: Oi, seus chitaotorna e xororesta. Espero que vocês gostem da one, já que ela deu trabalho pra CACETE, e sempre lutei beleza?
Boa leitura, viado!
* * *
O piloto acionou a mensagem automática para que todos os tripulantes travassem os cintos e voltassem as cadeiras para posição original. Chiara olhou para a tela azul – a quilometragem já estava quase zerando e já estava sobrevoando espaços aéreos brasileiros. Os comissários de bordo se recolheram cada um em seus assentos atrás da cortina assim que terminaram de instruir alguns passageiros.
Ela olhou pela pequena janela da aeronave e viu pontos luminosos no solo escuro; contornava o litoral baiano e ela pôde jurar que sentiu uma gotícula de suor descendo do seu colarinho até o meio das costas. O Brasil fora o seu lar por muito tempo e hoje, depois de voltar de Nova York, podia sentir os efeitos remanescentes de um possível não pertencimento. O medo sacudia todas as suas estruturas internas e misturava-se com o anseio por ver seu coração novamente.
"Chiara Civello vai, mas seu coração fica."
Lembrou-se perfeitamente do que disse à Ana antes de atentar-se para a chamada de embarque no fim do carnaval.
Ao pousar da aeronave, ela demorou alguns segundos para recobrar os sentidos e abrir o bagageiro para pegar sua mala de mão. Quando desceu, havia homens sinalizando o caminho com seus bastonetes e coletes florescentes por estar escuro; ventava bastante no Rio de Janeiro, mas Chiara não se importava. Agarrou a jaqueta jeans enquanto era guiada até a área e portão do desembarque que ela bem conhecia e esperou por suas bagagens com um carrinho.
Durante o tempo de espera, se perdera na música ambiente lenta que tocava e lembrou-se de como se sentiu quando pisou nesse mesmo aeroporto pela primeira vez; era um lugar estranho, mas ao mesmo tempo, tinha lá seu tom de familiaridade. Agora, retornando aqui mesmo depois do carnaval, sentia a mesma coisa. Estranheza. Ninguém a reconheceu pelo hall do desembarque, e ela não reconhece ninguém; estava só dessa vez e não havia avisado a ninguém de sua chegada.
Avistou suas malas identificadas por fitas coloridas ao longo da esteira – havia adquirido a mania estranha de Ana, que gostava de encher as malas de adereços coloridos por puro cômodo para não ter de se esforçar para reconhecer as bagagens – e correu para alcançá-las, quando já ia se esquecendo da receptividade e gentileza dos brasileiros. Um casal estendeu a mão para ajudá-la a pegar as malas que sobraram e pôr no carrinho. Agradeceu a ambos e saiu um tanto sem jeito e apressada empurrando os óculos escuros no dorso do nariz.
Quando virou para sair da área, congelou por instantes. A alça de seu estômago deu um nó tão apertado, que viu estrelas e perdeu o ar; suas mãos tremulavam e escorregavam no puxador do carrinho e suas pernas já não respondiam.
Ansiedade.
Obrigando-se a andar, puxou o fôlego e empurrou o carrinho. Foi quando ela a viu. De blusa vermelha com estampa de animal, de olhos fechados e cabelos soltos. Do mesmo jeito que se lembrava de quando a deixou desde a última vez que se viram; Chiara deixou-se parar de andar por uns instantes e sorriu para o pôster digital de Ana que anunciava seu mais novo trabalho – estava orgulhosa, finalmente Ana havia lhe escutado sobre gravar as músicas e voltar aos palcos ao invés de dá-las a alguém para gravar em seu lugar.
A italiana descruzou os braços e segurou firme a barra de sua jaqueta antes de deixar o aeroporto e seguir para o lado de fora para pegar um táxi.
[...]
Chiara olhou para o relógio em seu pulso e ele marcava exatas dez horas e trinta minutos da manhã do dia seguinte. O seu quarto de hotel estava silencioso a não ser pelo ar-condicionado que ela havia acabado de ligar, barulhento demais, aquilo inicialmente a irritou.
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Cuore in Tasca
FanfictionComo eu amo voltar pra você, pro nosso jeito, pro nosso cheiro, pro nosso lar. Aqui dentro me recarrego, me conecto, me enxergo, descanso, me encanto, te amo. Morar dentro de você me faz feliz, me enche de amor e certezas. Depois de dias longe de ca...