ERA UMA VEZ uma pobre viúva que tinha apenas um filho, chamado João, e uma vaca chamada Branca Leitosa.
A única coisa que garantia o seu sustento era o leite que a vaca dava toda manhã e que eles levavam ao mercado e vendiam.
Uma manhã, porém, Branca Leitosa não deu leite nenhum, e os dois não sabiam o que fazer.
“O que vamos fazer? O que vamos fazer?” perguntava a viúva, torcendo as mãos.
“Coragem, mãe. Vou arranjar trabalho em algum lugar”, respondeu João.
“Tentamos isso antes, e ninguém quis lhe dar emprego”, disse a mãe.
“Temos de vender Branca Leitosa e, com o dinheiro, montar uma lojinha, ou coisa assim.”
“Certo, mãe”, disse João. “Hoje é dia de feira, daqui a pouco vou vender Branca Leitosa e aí veremos o que fazer.”Assim, ele pegou a vaca pelo cabresto e lá se foi. Não tinha ido longe quando encontrou um homem de jeito engraçado, que lhe disse: “Bom dia, João.”
“Bom dia”, João respondeu, e ficou a matutar como o outro sabia seu nome.
“Então, João, para onde está indo?” perguntou o homem.
“Vou à feira vender esta vaca aqui.”
“Ah, você parece mesmo o tipo de sujeito que nasceu para vender vacas”, disse o homem.
“Será que sabe quantos feijões fazem cinco?”
“Dois em cada mão e um na sua boca”, respondeu João, esperto como o quê.
“Está certo”, disse o homem.
“E aqui estão os feijões”, continuou, tirando do bolso vários feijões esquisitos.
“Já que é tão esperto”, disse, “não me importo de fazer uma barganha contigo – sua vaca por estes feijões.”
“Que tal você ir embora?” disse João.
“Ah! Você não sabe o que são estes feijões”, disse o homem. “Se os plantar à noite, de manhã terão crescido até o céu.”
“Verdade?” disse João. “Não diga!”
“Sim, é verdade, e se isso não acontecer pode pegar sua vaca de volta.”
“Certo”, disse João, entregando o cabresto de Branca Leitosa ao sujeito e enfiando os feijões no bolso.
Lá se foi João de volta para casa e, como não tinha ido muito longe, o sol ainda não morrera quando chegou à sua porta.
“Já de volta, João?” perguntou a mãe. “Vejo que não vem com Branca Leitosa, sinal de que a vendeu. Quanto conseguiu por ela?”
“Nunca adivinhará, mãe”, disse João.
“Não, não diga isso. Meu bom menino! Cinco libras, dez, quinze, não, não pode ter conseguido vinte.”
“Eu disse que a senhora não conseguiria adivinhar. O que me diz destes feijões? São mágicos, plante-os à noite e…”
“Quê?” disse a mãe de João. “Será que você foi tão tolo, tão bobalhão e idiota a ponto de entregar minha Branca Leitosa, a melhor vaca leiteira da paróquia, e além disso carne da melhor qualidade, em troca de um punhado de reles feijões? Tome! Tome! Tome! E quanto a seus preciosos feijões aqui, vou jogá-los pela janela. Agora, já para a cama. Por esta noite, não tomará nenhuma sopa, não engolirá nenhuma migalha.”
Assim João subiu a escada até seu quartinho no sótão, triste e sentido, é claro, tanto por causa da mãe quanto pela perda do jantar.
Finalmente caiu no sono.
Quando acordou, o quarto parecia muito engraçado.
O sol batia em parte dele, mas todo o resto estava bastante escuro, sombrio.
João pulou da cama, vestiu-se e foi à janela.
E o que você pensa que ele viu? Ora, os feijões que sua mãe jogara no jardim pela janela tinham brotado num grande pé de feijão, que subia, subia, subia até chegar ao céu. No fim das contas, o homem tinha falado a verdade.
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Especial - João e o pé de feijão
Short StoryEste livro traz a história de um menino que vivia com sua mãe e que, um dia, necessita ir à cidade para vender a sua vaca. No meio do caminho, encontra um sujeito que o convence a trocar a vaca por um punhado de feijões mágicos. Ao voltar para casa...