Capítulo 6

1.1K 81 90
                                    

Logo todos se recolheram. Scarlett e Evans foram dormir sem falar um com o outro. De madrugada caiu uma tempestade, com raios, trovões, e muito vento. Scarlett acordou assustada com um raio. Ao erguer a cabeça, viu que mais uma vez estava abraçada a Evans, que dormia. O quarto era iluminado por dois abajures, um de cada lado da cama. Ela colocou um cotovelo na cama, se apoiando no braço, pra encarar o marido. Parecia tão humano quando dormia. Era surreal, um bom tempo depois, involuntariamente, passou a costa da mão pelo rosto dele. Era macio, agradável. Um sentimento que ela vinha refreando a muito tempo lhe açoitou dentro do peito. Como podia ter se apaixonado por aquele homem? As lágrimas desceram por seu rosto, descontroladas, enquanto ela acariciava o rosto dele.

- Porque você está chorando? - Perguntou Evans, ainda de olhos fechados, a voz rouca pelo sono, alguns minutos depois. Scarlett já chorava descontroladamente, porém, em silêncio.
- Não é nada. - Ela se afastou dele, mas sua voz embargada era uma ótima delatora. Ela sentou na cama, e ia rapidamente levantando, quando sentiu a mão forte dele.
- Ninguém tem uma crise de choro no meio da noite por nada. - Ele continuou segurando-a, firme, sentado na cama. Scarlett soluçou no choro. - Me diga o que houve?
- Evans, porque você me trata assim? O que eu fiz pra você? - Ela virou o rosto lavado de lágrimas pra ele.
- Eu te trato do meu jeito. Eu sou assim. - ele respondeu, frio.
- Não é. - a voz dela falhou, enquanto mais lágrimas desciam - Você não é assim. Essa é só uma máscara que você usa pra todo mundo. - Ela passou a mão no rosto de Evans, mas o rosto dele não era mais macio. Era duro e frio. - Mas por Deus, eu sou sua mulher. Você não precisa ser assim, pelo menos não comigo.
- Era por isso que estava chorando? - Ele perguntou, duro, afastando a mão dela.
- Estava chorando porque quero que meu casamento dê certo. - Ela disse agora contendo as lágrimas. Não queria parecer uma menina imatura. - Evans, vamos tentar. Veja Mark, o amor dele por Brie é tão grande que sobrevive a distância. - Evans a encarava, o maxilar trancado - Robert e Kate, Jeremy e Lizzie se dão absurdamente bem. Nós podemos ser assim também. Eu sei que tem alguém aqui dentro, - Ela tocou o peito dele, Evans a encarou - E esse alguém é capaz de me fazer feliz, nunca me tratar como uma estranha.
- O que quer que eu faça? Que cerque você, fique te olhando com os olhos brilhando como se estivesse doente vinte e quatro horas por dia, tal como Robert e Jeremy? - Ele perguntou, debochando. Scarlett se levantou e ia rumando ao banheiro, totalmente deprimida, quando a voz dele lhe alcançou de novo - Ou prefere que eu te mande pra França, pra poder dizer que sou capaz de superar a distância? - Ele sorriu malévolo.
- Eu só quero poder dizer eu te amo, sem me sentir uma idiota por fazer isso. - Scarlett disse com a voz cansada, se virando pra ele.

Por um momento a mascara de Evans caiu. Ele parecia não saber o que dizer. Um fio de esperança brotou no coração de Scarlett, talvez estivesse dando certo.

- Você está se sentindo uma idiota agora? - Ele perguntou, ainda sem aquela expressão fria, se levantando e indo até ela. Scarlett recuou involuntariamente, a camisa branca relando no chão.
- Responde petit. - Ele pressionou, encarando ela.
- Eu estou me sentindo uma completa idiota, Evans, feliz? - Ela encarou ele, Já não chorava mais. - Pode ser diferente, vamos tentar. - Ela se aproximou dele, e hesitante, pôs as duas mãos no peito dele.

O coração de Scarlett estava em altos pulos, parecia que ia sair do peito. Evans a encarava, inexpressivo, perdido. Seu coração também não estava como devia estar.

"- Você realmente se importa com o que eles dizem? - Jéssica riu abertamente, aquele riso que fazia qualquer homem se perder - Pois eu só me importo com o que você pensa. Pode ser diferente, vamos tentar. - Ela enlaçou as mãos no pescoço dele."

Evans começou a rir, frio. Scarlett sentiu seu pulmão trancar, o estômago apertando dolorosamente.

- Do.. do que está rindo? - Ela perguntou trêmula, soltando ele.

Destinados ao amorOnde histórias criam vida. Descubra agora