De repente, ele viu dois seres estranhos saírem lentamente das samambaias altas perto dele. Eles eram coelhos como ele, mas bastante peludos e novinhos em folha.
Eles deveriam ter sido muito bem fabricados, pois suas costuras não apareciam de jeito nenhum, e eles mudavam de formato numa maneira estranha quando se moviam; num minuto estavam compridos e magros e no minuto seguinte, gordos e rechonchudos, em vez de sempre ficarem a mesma coisa como ele.
Eles o fitaram, e o Coelhinho os fitou de volta. E o tempo todo seus narizes se mexiam.
"Por que você não se levanta e brinca conosco?", um deles perguntou.
"Eu não tenho vontade", disse o Coelho, pois ele não quis explicar que não tinha um mecanismo de corda.
"Eu acho que você não pode!"
"Eu posso! Eu posso saltar mais alto que qualquer coisa". Ele se referia a quando o Menino o jogava, mas naturalmente não queria revelar isso.
"Você pode pular nas suas patas traseiras?"
Aquela foi uma pergunta terrível, porque o Coelho de Pelúcia não tinha patas traseiras de jeito nenhum! Ele ficou sentado imóvel nas samambaias, e esperava que os outros coelhos não notassem.
"Eu não quero!" ele disse outra vez.
Mas os coelhos selvagens tinham olhos afiados. E esse esticou seu pescoço e olhou. "Ele não tem patas traseiras", e ele começou a rir.
"Eu tenho! Eu tenho pernas traseiras! Estou sentando nelas"
"Então estique-as e mostre-me, assim!" e ele começou a girar e dançar.
"Eu não gosto de dançar. Eu prefiro sentar quieto!"
Mas o tempo todo ele desejava dançar, porque ele foi tomado por um novo sentimento engraçado como uma cócega, e ele sentiu que daria qualquer coisa no mundo para poder pular como aqueles coelhos.
O estranho coelho parou de dançar, e chegou bem perto.
"Ele não cheira bem! Ele não é nenhum coelho! Ele não é real!"
"Eu SOU real! Eu sou REAL! O Menino disse!" E quase ele começou a chorar.
Naquele instante então houve o som de passos, e o Menino passou correndo perto deles, e com um estampido de pés e um lampejo de rabos brancos os dois estranhos coelhos desapareceram.
"Voltem aqui e brinquem comigo! Oh, voltem por favor! Eu SEI que eu sou Real!"
Mas não houve resposta. O Coelho de Pelúcia estava completamente sozinho.