Capítulo único?

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May, 2014 - London

— “Cara” a gente vai pra outra festa em qualquer lugar que o bonitão aí queira - anunciou Blás com seu sorriso sacana e debochado, girando a moeda entre os dedos e olhando para Draco - “Coroa” a gente entra nessa… - apontou para o folheto preto brilhante que tinha em suas mãos -

— É uma festa fechada! - interveio Draco carrancudo, olhando feio para o amigo que aparentemente havia bebido muito mais do que deveria.

— Dane-se. - Blaise dispensou, seu sorriso bêbado se tornando cada vez mais largo e demoníaco. - Quando que alguém ou algo conseguiu nos impedir de entrar em algum lugar? - perguntou ele puxando Theo que tentava falar ao telefone com a namorada misteriosa e Draco para mais perto, ficando no meio dos dois, com seus braços por cima dos ombros dos amigos. - Recordem-se sempre de Moscou, aquela festa fantástica em que entramos - olhou para frente com ar sonhador - Onde nosso amigo aqui ficou com a…

— Mais uma palavra e juro que nossa amizade toda vai ser jogada na vala. - Draco alertou interrompendo-o com os olhos faiscando em sua ameaça - Esqueça-a.

— Okay, nada de menções. - o moreno se retratou erguendo um pouco sua postura logo voltando a sorrir - Mas, vamos deixar a sorte nos guiar Draquito, e aí teremos uma noite realmente divertida.


Draco bufou. Ele sabia que iria se ferrar desta vez. Era sempre assim quando decidia dar um tempo da sua vida monótona de negócios para espairecer com seus amigos da época de Hogwarts. Blaise arranjava inusitadas maneiras de os meter em enrascadas que somente ele seria capaz de criar, e que Merlin estivesse olhando por eles sempre, pois em algumas destas ocasiões, ele mesmo julgou não conseguir sair vivo ou inteiro das confusões nas quais que se envolvia. Tudo sempre começava com a dita moeda e sua praga de jogá-la para cima para definir a sorte ou escolher a opção. Afinal, quem havia sido o desafortunado que inventou esta maneira ridícula de decidir as coisas? Questionava-se Malfoy. Só podia ser ideia de um trouxa mesmo.

Como num ritual sagrado, os três fecharam-se num círculo e Zabini jogou a moeda para cima, Draco viu tudo em câmera lenta, como se até mesmo aquela bendita moeda debochasse de sua cara enquanto girava em sua indecisão, até cair na mão de Blás e dizer o que iam fazer naquele início de madrugada.

***

May, 2014 - Paris

Ele se apoiou na borda da fonte, sentindo o álcool e o seu almoço querendo fazer o caminho inverso e voltar pela boca.

Péssima ideia deixar a maldita moeda escolher (como sempre.).

Péssima ideia sair com aqueles dois sem cérebros.

Péssima ideia ter bebido tanto e péssima ideia ter aparatado daquela forma e de tão longe.

Ilegal? Talvez.

Draco cambaleou um pouco para o lado, a fonte ainda sendo único seu apoio, e então ele se sentou esperando por aqueles retardados que algum dia ele considerou amigos. Ele apenas via alguns borrões e luzes que giravam à sua frente, estava em Paris, logo percebeu. Não que ele tivesse alguma lembrança em específico ou detalhe sobre a cidade, como cheiros ou sensações, apenas conseguiu ver entre todas aquelas luzes, o maldito reflexo da Torre Eiffel, imponente e tão procurada por turistas e suas chateações sobre amor e romantismo.  Fechou os olhos por alguns segundos esperando que os efeitos da bebida passassem um pouco para ele ao menos conseguir se levantar sem ser aos tropeços, e seguir com o maldito plano arquitetado pelo insano Blaise Zabini.

Primeiro foi Theo a aparatar em sua frente, totalmente embriagado e risonho, era sorte que não tivesse estrunchado no caminho, mas ele não conseguiu evitar de cair dentro da fonte. Draco até pensou em ajudar, mas a cena cômica dele todo molhado se debatendo na fonte rasa e dizendo que ia morrer afogado simplesmente fazia-o rir descompassadamente e o impedia de ir até o outro. Blás, por sua vez, aparatou tranquilamente, retirando a mini garrafa do bolso interno de seu casaco e dando um longo gole no que Draco supôs ser Uísque.

Cara ou Coroa?Onde histórias criam vida. Descubra agora