As Asas Tuas

Você consegue ouvir a chuva da sua janela?

Feche seus olhos e escute cada gota que bate no vidro gelado dessa madrugada de
inverno.

Ouça o que eu ouço, sinta o que eu sinto.

Mesmo a quilômetros de distância, eu vejo que você está triste, perdida em uma floresta sombria de dúvidas e medo, seus sonhos te abraçam como o vento da friagem do sereno e te seguram na beira do abismo. O abismo que você olha agora existe e te procura da mesma forma que você o evita e se protege na solidão do seu quarto.

Enquanto eu sinto pelo seu coração, pego sua mão e olho em seus olhos. Te mostro os sorrisos que são os seus mais bonitos, te toco as melodias que são as suas mais formosas e te lembro dos sonhos que te dão asas, suas asas que crescem por pensamentos puros e livres, vindos da alma mais serena que jamais se mostrou desnuda na luz do dia por inteiro.

Tais asas de um anjo que voa vestindo um escudo e uma espada. Que cerra seus dentes em coragem, não em ausência da incerteza e do receio, mas caminhando com estes e fazendo deles parte de si, consigo e para ti mesma.

Mas o abismo jamais alcança aquela que em seus traços faz suas pontes, e caminha tranquila, brincando entre as metáforas de suas próprias vontades. Aquela que ri sem vergonha de ser quem sempre foi, e de quem será ainda mais de si mesma. Que arrisca e defende os caminhos que seu coração enxerga se formando, acreditando no certo e no verdadeiro.

Essas são as asas de que tem, sempre teve e sempre terá, me mostrando o caminho e me enchendo de orgulho.

Dance o quanto quiser dançar, corra o quanto quiser correr, sorria quando se sentir feliz, ou chore se tiver que chorar.

Mas o desejo que mantém suas asas
grandes a te levarem para onde o céu brilha mais forte jamais se findará, já que eu, ao lado da minha janela, de olhos fechados e segurando sua mão, mesmo na chuva, mesmo no frio, te vejo voar tão alto e sorrio.

Sempre sorrio.