Capítulo 10

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- Petit, - Scarlett o encarou. Amava quando ele lhe chamava assim - Venha aqui. - Ela se sentou ao lado dele na beirada da cama - Isto é pra você. - Ele passou uma caixinha de veludo pra ela.

Quando Scarlett abriu, ficou surpresa. Era uma pulseira que media dois dedos. Diamantes. Toda ela, cravada em diamantes. Por mil diabos, Evans quase espancou ela na noite anterior porque o presente?

- P... porque? - Perguntou quando recuperou a voz, tocando a pulseira levemente.
- Lhe disse no dia do nosso casamento. Quando for inteligente, será tratada como uma rainha. Caso contrário, receberá problemas. - Ele explicou, calmamente
- Eu não entendo. - Ela negou enquanto olhava o verde dos olhos do marido. - Fui inteligente?
- Foi. - Ele pegou a caixinha da mão dela - Não se pode fugir de mim. Nunca. - Scarlett congelou, e ele sorriu, frio. - Seu irmão tem idéias muito libertinas a uma mulher casada. - Comentou enquanto observava a joia
- Hunter. - Sussurrou pra si mesma - Evans, ele não fez por mal, ele só é espontâneo, é o jeito dele, eu não... - Evans a interrompeu, pondo dois dedos em seu lábios. Scarlett estava desesperada. Tinha medo por Hunter.
- Shiii... calma, ma petit. Eu não fiz nem vou fazer nada. Seu irmão poderá vir te visitar sempre que quiser. Nada vai mudar. - Ele disse, sorrindo enquanto soltava a pulseira da caixinha.
- Sério? - Contestou, ainda sem acreditar.
- Sério. Minha esposa é uma mulher inteligente. Não se deixa levar por ideias alheias. - Ele pegou o pulso dela - Agradeça por isso, petit. Caso contrário seu irmão estaria em maus lençóis agora. - Ele colocou a pulseira nela, fechando-a com rapidez - Não pense em fugir de mim, Scarlett. Não considere essa ideia. Será pior pra todos. - Ele avisou, erguendo os olhos pra encara-la - Te espero lá em baixo. - Ele deu um leve beijo na mão dela e saiu, deixando uma Scarlett surpreendida.

Scarlett acordou com frio aquela manhã. Ela se embolou nos lençóis, ficando quase descoberta. O tempo estava, como sempre, nublado. Evans não estava mais lá. Ela se levantou, tomou um bom banho quente, escovou os dentes, penteou os cabelos. Estava terminando o ultimo, quando ouviu duas batidinhas leves na porta.

- Pode entrar, Mirta. - Disse sem dar atenção, sentada no banquinho da penteadeira, de costas pra porta, escovando os cabelos. A porta se abriu lentamente.
- Se não for a Mirta, pode entrar também? - Ele sorriu olhando ela, enquanto fechava a porta atrás de si.

Scarlett empedrou olhando o reflexo do espelho. Seu coração disparou gostosamente.

- MARK! - Gritou se levantando, derrubando o banquinho.

Scarlett correu e se atirou nos braços dele, que a agarrou. Ela se sentia inteira novamente, abraçada a aquela escultura de pedra. Ele também havia sentido falta dela. Mais do que devia ter sentido, ele sabia disso. Ergueu ela e rodopiou no ar. Era como se estivesse asfixiando enquanto estava fora, e o perfume leve dela lhe devolvesse o fôlego. Scarlett encheu o rosto dele de beijinhos. Estava fora de controle, de tão feliz. Quando ele a pôs no chão, o que fez não foi solta-la, e sim abraça-la mais forte. Palavras não eram necessárias ali.

- Me dê um bom motivo pra eu não matar você agora. - Rosnou um tempo depois. Mark riu.
- Bom, eu tenho um presente. - Disse sorrindo pra ela, puxando sua mão, enlaçada com a dela, puxando-a pro corredor.
- Isso é um tipo de tentativa de me comprar? - Ergueu a sobrancelha, mas apertou os dedos nos dele. Mark riu.
- Não, esse foi o motivo por eu ter demorado. - Explicou, virando-se rapidamente e assustando ela. Ele a abraçou e ergueu-a do chão, descendo as escadas. Scarlett riu abraçada a ele.
- Posso saber que tipo de presente é? - Ela olhou pra ele, duvidosa. Mark não era do tipo de Evans, que dava jóias extravagantes. Mark tapou os olhos dela com as mãos frias.
- Sabe montar? - Perguntou, com um sorriso torto ao passar com ela pela porta. Ele soltou o rosto dela.

A inicio Scarlett cerrou os olhos. A claridade do dia lhe machucou um pouco. Depois se tocou do que era. Ao lado do garanhão preto de Mark havia um cavalo, um cavalo branco, alvo. Enquanto o cavalo dele era negro como breu, o de Scarlett era o mais branco possível, chegava a machucar a visão. Ela deu dois passos a frente, ainda sem acreditar.

- Que tipo de pessoa dá um cavalo de presente a outra? - Murmurou, descendo as escadarias, encantada com o presente.
- Eu sou um tipo diferente. - Sorriu olhando-a ir até o cavalo. Quando ela ergueu a mão, o cavalo abaixou um pouco a cabeça, recebendo o carinho. Ao ver o sorriso de Scarlett, Mark percebeu que o tempo longe dela foi valeu a pena. - Quer dar uma volta?
- Se você conseguir me alcançar, tudo bem. - Ela sorriu e pôs o pé em cima da sela do cavalo, montando, e disparando pelos jardins em seguida.
- Se você conseguir me alcançar, tudo bem. - Ela sorriu e pôs o pé em cima da sela do cavalo, montando, e disparando pelos jardins em seguida.

Scarlett se sentia viva. Seu cavalo parecia ter sido feito pra ela. Quando olhou pra trás, viu Mark, aos risos, subir em seu cavalo e ir em sua direção. Em pouco tempo ele a alcançou, e os dois estavam completos novamente. Porque era ali que queriam estar, mesmo que tudo gritasse que não. Scarlett e Mark cavalgaram pelo que pareceram horas. Só pararam quando a chuva os interrompeu. Mark alertou-a, mas Scarlett continuou, rindo. Apenas quando seu vestido se tornou pesado demais de água pra continuar, eles pararam em baixo de uma arvore imensa, ambos pingando água. O cabelo de Mark, que sempre era alfinetado pra todos os lados, agora estava bagunçado e pingando água.

- Eu avisei. - Disse ao ver Scarlett batendo os dentes de frio. Ela riu. - Tome. - Ele tirou o terno.
- N-n-ão está muito menos molhado que o vestido. - Disse e riu da cara que Mark fez, erguendo o terno molhado e encarando.
- Nada que não se possa resolver. - Ele torceu o terno, que despejou água pelo chão.
- Não vai servir mais. - Reclamou. O terno, quando secasse, estaria semelhante a um pano de chão.
- Pro diabo com o terno, tome. - Ele passou o terno quase úmido pelo ombro dela, que se abraçou.
- V-v-você vai f-f-ficar d-d-doente. - Resmungou, tentando devolver a roupa.
- Acredite, eu não vou. - Ele sorriu, radiante. - Vamos embora. - Ele disse, olhando a chuva.
- Assim? S-s-s-onhe. - Ela riu, sarcástica.
- Vai piorar. E muito. - Disse, olhando o céu. - É melhor que estejamos em casa a essa altura. - Ele puxou ela pela mão, lançando-os na chuva de novo.

Scarlett se surpreendeu quando Mark a puxou pela cintura, a ergueu e pôs em cima de seu cavalo, sentada de lado. A chuva parecia ser derrubada por baldes. Ele montou atrás dela, fez um gesto com a boca e chamou o cavalo dela, disparando em seguida. O cavalo, como se entendesse, acompanhou Jake.
Em movimento era muito pior. O vento parecia que ia congelar a espinha. Mark riu quando Scarlett escondeu o rosto em seu pescoço, frio como sempre. Ela se perguntava como ele ainda estava vivo, perante a temperatura de seu corpo. A chuva agressiva que caia não permitiu aos dois ver, mas havia alguém olhando a cena da janela do segundo andar. E esse alguém não parecia nada satisfeito.

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