Rob Bourdon – POV.
Assopro o café e tomo um gole, como sempre queimando um pouco a língua. Eu nunca consigo medir bem a temperatura para começar a tomar. Arrumo meus óculos com o dedo e começo a olhar os meus cadernos, fazendo algumas coisas que ficaram pendentes em sala de aula, mas ouço movimento vindo da sala, ergo meu olhar e vejo meu pai vindo em direção a cozinha. Disfarço, mas fecho meus olhos pesadamente.
– Bom dia, filho. – Ele passa por mim abrindo a geladeira.
– Bom dia, pai. – Digo tornando a escrever em meu caderno.
– Já tomou seu café da manhã? Tem que cuidar da sua alimentação. Você está parecendo um desnutrido. – Ele começa o seu discurso matinal enquanto prepara o complexo de vitaminas.
– Não estou com fome, pai. – Resmungo desanimado. Eu odeio esse papo dele.
– Mas tem que se alimentar.
Não respondo. Apenas continuo fazendo o que eu tenho que terminar, então na minha mente fica tudo claro: hoje é quinta-feira, dia que o meu pai dá aula no coutros.
Quinta feira é o meu dia I, de inferno.
Ele se senta na mesa comigo em silêncio ainda, pega o jornal e começa a ler enquanto beberica aquela mistura louca. Percebo que ele está com o uniforme ridículo que gosta de usar. Um shorts curto e apertado vermelho, camiseta polo branca com os detalhes em vermelho, com meias brancas até as canelas com detalhes também em vermelho e chuteiras vermelhas, uma faixa vermelha com uma listra branca na testa e o apito pendurado no pescoço.
Eu, particularmente, acho ele ridículo nesse uniforme. Os outros professores de educação física são pelo menos normais, e outra coisa que pega nessa questão é que ele esquece que eu sou apenas aluno dele no colégio e me trata como em casa, e isso me irrita profundamente. Sinto vergonha.
– Filho, não fique bravo comigo. Eu só quero o seu bem.
Eu apenas assinto. Ele não tem noção do quanto isso me deixa mal.
– O que foi agora? – Minha mãe aparece na cozinha, já arrumada para o trabalho.
– Eu estava falando para o Rob que ele tem que se alimentar, ele está parecendo um desnutrido de tão magro que ele está!
– Seu pai tem razão, Robert. – Ela faz a volta na mesa e tira meus óculos, puxando minha pálpebra para baixo. – Você pode estar com anemia, olha essa palidez no seu rosto.
– Mas eu tô bem! – Falo tentando tirar o rosto de sua mão. – Eu juro, eu não passo fome.
– Não é o passar fome, filho. Se não comer as vitaminas que teu corpo precisa você pode ter sim uma anemia.
– Eu não estou anemico. – Coloco os meus óculos de novo e torno a mexer em meu caderno.
– É só preocupação que eu e seu pai temos, meu filho. Você precisa ser saudável para viver bem. – Minha mãe fala e beija o topo da minha cabeça.
Para ajudar, meu pai que é professor de educação física casou com uma nutricionista. Eles são a saúde com pernas e braços, corpos perfeitos e dieta em dia. Sinceramente, eu os admiro, mas sinto que eles não podem forçar isso para ninguém, principalmente para mim, mas eles fazem e isso é um saco. Comigo, eles sentem intimidade o suficiente de coordenar o que eu como, o porquê eu tenho que comer tal coisa ou o que eu não devo nunca comer.
– Vamos, está na hora de ir para o trabalho. – Meu pai se levanta largando o copo na pia e se aproxima da mamãe.
– Bom trabalho, querido. – Ela repousa a mão no peito do papai e beija rapidamente os lábios dele.
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It's Been A Long Road [LONGFIC]
Romance· Repost · Postada no Spirit também · Nem sempre o caminho mais curto é a melhor opção. A estrada deles é longa, cheia de altos e baixos, cheia de erros e acertos, cheia de implicâncias bobas e repleta de sentimentos intensos. O caminho q...