Capítulo 11

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- Kate. - Kate o encarou - A Scarlett te fala alguma coisa sobre o Mark? - Perguntou Downey, olhando enquanto Mark descia do cavalo e puxava Scarlett. Os dois subiram as escadarias aos risos, e sumiram pela porta.
- Ela me conta que ele é amigo dela. E que ajuda ela com o Evans. - Disse, tentando se lembrar de alguma coisa - Porque? - Ela abraçou o marido por trás, acariciando a barriga dele.
- Nada demais. - Ele pôs a mão por cima dela - Só tenho um mal pressentimento em relação a isso. Besteira. - Disse enquanto um empregado aparecia na chuva e levava o cavalo de Mark pro celeiro. - Huum, mas me diga, como estamos hoje? - Ele se virou pra ela, se agachando na altura de sua barriga, dando-lhe um beijo ali.
- Estamos bem, muito bem. - Sorriu, acariciando o cabelo dele. Downey falava com o filho, mesmo que ele praticamente não existisse.

Kate se sentia plena, feliz. Downey era tudo de melhor que ela podia esperar, e um pouco mais.

O mesmo Scarlett não podia dizer do marido. Ela se despediu brevemente de Mark, e foi pro quarto, ensopada. Tirou o vestido, tomou um banho, se secou. Quando a chuva deu uma trégua, ela foi ao celeiro, queria ver seu cavalo. Não foi difícil encontra-lo. Era mais alvo do que qualquer coisa ao alcance da vista. Ela foi até ele, que pareceu feliz pela dona estar ali. Ela tirou ele da cela, levando-o pra um lugar um pouco mais aberto, debaixo de uma arvore. Pegou uma escova e um pano no celeiro e levou, junto com um banco.

-Eu ainda não sei que nome te dar. - Ela disse ao cavalo, pensativa, enquanto escovava a crina do animal. Alguém havia tirado a lama das patas alvinhas do cavalo e secado, tanto ele, quanto o de Mark - Hum... Seth? - O cavalo a olhou, como se gostasse - Pronto, Seth. - Sorriu, radiante, acariciando-o. Seth estava dócil aos carinhos da dona, se exibia pra ela quando ela o elogiava. Mas de repente, viu algo que o fez relinchar e trotar pra trás.
- Seu cavalo é um covarde. - Acusou, se aproximando da mulher. Scarlett se assustou.
- Calma, Seth. - Ela acariciou o cavalo, acalmando-o. Pareceu funcionar. Mas o cavalo ainda encarava Evans com um olhar hostil - Não há problema nenhum com ele. - Resmungou pra Evans, enquanto voltava a escovar o animal.
- Não me lembro de ter comprado esse. - Disse, avaliando o cavalo. Seth pareceu incomodado.
- Mark me deu de presente, hoje. - Disse sem dar atenção. Scarlett estava de costas, por isso não viu o brilho raivoso que atingiu o olhar de Evans enquanto ele avançava pra ela.
- Vai devolve-lo. - Ordenou, puxando o braço de Scarlett que o encarou, surpresa - Vai devolver hoje. Existem dezenas de cavalos nessa fazenda, centenas até, escolha um a seu gosto e ele será seu. Mas vai devolver esse.

Seth se ergueu nas patas da frente, relinchando alto. Evans partiu pro cavalo, raivoso, mas Scarlett se pôs no meio.

- Não vou devolver, não. - Disse, obstinada - Seth, calma. - Ela passou a mão na crina do cavalo.
- É minha mulher, Scarlett. Me deve obediência. - Lembrou, frio.
- E eu vou obedecer. - Disse, erguendo o queixo, digna. Evans sorriu, debochado - Mas eu não vou devolver.
- Ah, vai me obedecer então. - Sorriu, puxando ela pelo braço pra si pela cintura. Scarlett  arregalou os olhos, surpresa. - E se eu disser que eu quero te possuir aqui, nessa grama, agora. Você vai me obedecer? - Sorriu, duro.

Scarlett sentiu um choque levar seu corpo. Evans viu, deleitado, esse choque passar pelo azul dos olhos dela enquanto ele fingia abrir o colete que usava, ainda mantendo-a colada a seu corpo.

- Quê? - Grasnou, assustada. Não conseguiu evitar que seus olhos caíssem pra grama, verde e fofa. Evans viu isso, e sorriu por dentro.
- Você disse que me obedeceria. Então, essa é a minha vontade. - Ele disse após terminar de abrir o colete, sorrindo malévolo, carregando ela e levando mais pra perto da árvore, pra longe do cavalo.
- Evans, pare com isso! - Ela disse, assustada, quando ele a deitou na grama, ficando de joelhos e tirando o colete. Evans estava adorando aquilo. Amava tortura-la.
- Sabe, isso sempre foi uma fantasia minha. - Ele disse, abrindo um sorriso enquanto ia pra cima dela, que recuou, ruborizada - Está corando, Scarlett? - Perguntou segurando o rosto dela, olhando fascinado o que havia feito.
- Pervertido! - Ela empurrou ele, recuando mais. Deu de costas com a árvore, batendo a cabeça no tronco da mesma. Evans se estourou de rir, sentando no chão. Scarlett era tão absurda.

Ela aproveitou a distração dele e se levantou, disparando pra perto do cavalo. Sentia o sangue em seu rosto enquanto ignorava o riso dele.

- Hey, volte aqui. - Chamou, debochado - Eu nem comecei ainda, qual o seu problema? - Ele riu de novo.
- Escuta aqui, você para com isso, ou eu vou rachar a sua cabeça no meio. - Ameaçou apontando a enorme escova do cavalo pra ele.
- E eu estou tremendo de medo de você, Scarlett. - Ele sorriu, debochado - Acredite, se eu quisesse te ter aqui, você seria minha aqui. - Ele tocou na grama do seu lado.

Isso irritou Scarlett profundamente. Quem ele achava que era? Ou melhor, quem ele achava que ela era?

- Eu tenho pena de você, Evans. - Disse, amarga.
- Ah, pena. - Ele disse, se apoiando nas mãos. Scarlett não queria admitir mas ele estava lindo, sem o terno ou o colete, apenas com aquela camisa branca, sentado na grama. - Não vejo porque. - Ele fingiu estar pensando - Bom, eu sou rico, respeitado. Minha esposa arranca suspiros por onde passa. - Ele varreu o corpo dela com o olhar, Scarlett ruborizou barbaramente ao perceber isso - Sou saudável. Tenho tudo o que o dinheiro pode comprar, do bom e do melhor. - Ele se avaliou, duro.
- Não tem amor. - Ela viu o sorriso dele morrer - É, Evans. Amor não pode ser comprado com dinheiro, ou com jóias bonitas. Tenho pena porque você nunca sentiu amor, ou amizade. E isso, eu te garanto, dinheiro nenhum pode comprar. - Ela concluiu, fria - Esse é o seu problema, falta de amor. Eu tentei amar você, mas você faz disso uma tarefa impossível. Você nunca sentiu, você não sabe o que é. - Ela sorriu, dura.
- Você não sabe o que diz. - Murmurou por entre os dentes, encarando-a. Scarlett parecia ter passado pela armadura dele.
- Pense nisso, Evans. Amor. - Ela disse enquanto jogava a escova em cima do banquinho - E fique longe do meu cavalo. - Avisou antes de sair, com o máximo de dignidade que tinha, levando Seth.

Evans a encarou se afastar. Sua expressão era séria, dura, mas o verde dos seus olhos estava inundado por uma dor que a muito tempo ele não sentia.

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