Seiji estava sentado numa mesa perto da saída. Era seu lugar favorito naquele refeitório, principalmente pela facilidade que tinha em desaparecer até que o horário do almoço acabasse e ele tivesse as aulas da tarde. Entretanto, há algumas semanas, começou a ter uma companhia peculiar que se esforçava em ignorar com toda a força do mundo: Tetsutetsu.
Ele havia começado aos poucos, cumprimentando Seiji, parando tempo demais perto da mesa apenas para o olhar e, de um dia pro outro, começou a sair mais cedo da sala, apenas para se sentar no lugar de Seiji, provocando-o e o forçando a se sentar na cadeira do lado, como um bom menino que não tinha para onde ir, já que seu número de amigos era igual aos de bocas beijadas em seus 17 anos de vida. As vezes, até mesmo Kirishima, um cara alto e meio estúpido, aparecia para conversar com Tetsu sobre táticas e essas coisas coisas idiotas que jogadores de futebol conversam.
Naquele dia, por algum motivo estúpido que a autora da história criou, a aula de Seiji acabou mais cedo e, sem ter Tetsutetsu para encher seu saco, sentou-se em sua cadeira favorita, abriu seu obênto e começou a se servir das melhores iguarias que pôde preparar em casa, as quais não serão citadas por preguiça de pesquisa alheia. Quatro minutos mais tarde, sentiu a presença de alguém alto ao seu lado, fitando-lhe como um veado prestes a ser comido.
- Então... Alguém tá no meu trono. - Sorriu de lado, pousando as mãos na cintura.
- Eu sei! Eu sei! O Seiji. O Seiji tá no seu trono. - Kirishima respondeu, enquanto Seiji dava um tapa na própria testa.
- Oh, muito bem, Kiri. Toma, biscoitinho. - Tirou do bolso um cookie num saquinho e jogou pro rapaz, voltando-se para Seiji.
- Se você repetir mais uma frase de 'A nova onda do imperador', eu serei forçado a te esfaquear, Tetsutetsu.
- Que tsundere você, Seiji. Magoou meu próprio coração.
- É 'pobre coração', seu idiota.
- A autora tava com sono e esqueceu de corrigir, não me culpe. - Deu de ombros. Colocou as mãos na mesa, sorrindo de lado. - Já que não vai sair do meu trono, então vou sentar no seu colo.
Seiji levantou rapidamente, trocando de cadeira.
- Oras, eu também poderia ter te pego no colo. - Tetsu piscou de forma sedutora, se sentando e apoiando o queixo na palma aberta.
- Seiji... - Kirishima chamou, a boca cheia dos lados como um esquilo. - Cê tá corando.
- É, eu sei que eu to corando. Isso é um maldito clichê. Toda vez que esse paspalho sorrir pra mim, borboletas vão voar no meu estômago, meu coração vai acelerar e eu vou ficar parecendo um tomate quente.
- Bom saber que eu mexo com você.
Seiji suspirou, negando com a cabeça.
- Essa merda é um clichê, Tetsu. Você é o popular. Você é o capitão do time. Eu sou o nerd, o antisocial que nunca beijou. Isso é estúpido. Provavelmente nossa história foi escrita de uma forma onde nós dois, opostos extremos, nos conhecêssemos de uma forma extremamente estúpida, coisa que já não começou bem, porque aqui, no livro de regras do clichês, você deveria precisar de ajuda em alguma matéria, ou algum professor idiota deveria nos colocar como dupla, ou alguém deveria fazer uma aposta com você, para que se aproxime de mim e tire meu cabaço e... Isso não é uma aposta, né?
O platinado negou, confuso, enquanto roubava mais um bolinho de arroz do obênto de Seiji.
- Por que tem que ser assim? Por que eu tenho que esperar você me levar num encontro e me beijar num drive qualquer. Por que eu não posso fazer algo que não seja ser um cu doce tímido? Por que eu to corando feito um idiota? Seu sorriso é bonito, mas você tá com um pedaço de alga ressecada no dente. Isso não faz o menor sentido.
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Uma história clichê com personagens coadjuvantes de alguma obra famosa
FanfictionSeiji odiava interações, seres humanos lhe eram detestáveis e ser interrompido enquanto comia seu obênto recheado de bolinhos com picles era um pecado mortal. Tetsutetsu era o completo contrário. Capitão do time, popular e um desbravador corajoso, m...