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Ruan

Xxx: Fica de quatro, fica.

Ele segurou meu corpo com força e senti algo doendo e rasgando pra caralho, eu senti uma dor tão horrível que fez meu grito sair por meus lábios e logo meu rosto tomar por conta das lágrimas.

Tudo que eu já passei na minha vida veio na minha mente e só conseguia sentir raiva e mais raiva pela Clarete.

Xxx: Se eu soubesse que seria tão bom assim tinha te comido antes.- apertei minhas mãos sentindo ele movitar dentro de mim.

- Me solta...- chorei mais alto, ele levou a mão até minha boca tampando pra ecoar meus gritos.

Única coisa que eu consegui é chorar e me sentir cada vez mais humilhado ao perceber que ele sentia prazer, ele se satisfazia naquilo... Eu era uma criança inocente e me tiraram isso, tiraram minha inocência com uma dor que eu não merecia.

(...)

Raiva e ódio, eu me senti dessa maneira o resto da semana, todo momento chorava e com medo, pesadelos todas noites e com receio de qualquer coisa que acontecia.

O trabalho que minha mãe falou é um cara qualquer fazer o que quiser comigo, ou seja, eu fui estuprado pra render dinheiro pra ela, eu fui estuprado! Tudo por culpa dela.

É uma dor horrível que passei, ainda mais com os sentimentos que sentimos naquele momento, perdi minhas forças pra continuar a qualquer parada.

Pensei muito durante essa semana toda, pedi tanto pra Deus me dar ódio em dobro e raiva, já cheguei a pedi pão quando estava dois dias sem comer nada ou uma coberta quando estava no frio da madrugada, mas nada ele fez! Ele nunca me deu nada.

Igor: Coé, tá viajando na moral, né.- não falei nada.- O que tá rolando? Cara.

- Não é nada...- falei baixo.

Igor: Pode acreditar...- deu de ombros.

- Como tú faz pra se sustentar, em?

Igor: Eu faço uns pontos aí pra uns caras, pô.- olhou pra outro canto.- Tipo se envolver com paradas erradas.

- Como entrou?- perguntei sério.

Igor: Só desenrolar as fitas com eles e tudo certo! Sem muito papo.- apenas confirmei.

- Hum...- ele me olhou por um tempo.

Igor: Por que?- neguei disfarçando e fiquei calado, apenas ele ficou ali contando as coisas dele e logo se retirou.

Depois de um tempo encarei aquela menina, a Larissa. Não é por nada não, mas odiava quando ela vinha aqui pra me encher de pergunta, fica enchendo o saco quase todo dia.

Larrissa: Ei... vamos brincar, vem.- segurou na minha mão tentando me puxar, porém, eu puxei minha mão ficando parado.- Ruan... meus coleguinhas, vem.- olhei pra turma que brincava e neguei.

- Não quero.- dei de ombros.

Eu nunca brinquei, nunca tive essa oportunidade, sempre vivi para o asfalto pra conseguir dinheiro, ou até mesmo meu carrinho de brinquedo foi na minha imaginação.

Larrisa: Então vamos brincar nós dois.- sorriu olhando pra minha cara, revirei os olhos.

- Para de ser insistente, eu falei que não.- falei mais alto, ela me olhou.

Larissa: Desculpa... é que não vou vim mais pra cá e não vamos nos ver...- ela sorriu.- Olha só...- dessa vez ela me puxou e eu a acompanhei até o grupo de dois meninos e uma menina.

Eles me olharam estranho, apenas olhei baixo engolindo em seco.

Larrisa: Carol, "exe" é meu amigo que te falei.- essa Carol me olhou estranho e os meninos riram.

Carol: Ele é esquisito, Lari.- negou rindo.- Para de ser boba.

Larissa: Estranho? Tem os mesmo órgãos e sentimentos, assim como você.

Me senti ruim ali com eles, por mais quero me encaixar no meio das crianças "normais" eu nunca vou conseguir me encaixar.

- Mi... minha mãe está me chamando.- apenas falei isso e saí dali.

Lari: Ruan! tchau...

Estranho, esquesito, aparência de uma criança vazia e sem amor nenhum, esse é eu e não tinha como eu discutir, apenas fui para o meu canto pra ficar sozinho...

Mancha VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora