Ela é o pensamento

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Oi, leitores!! Sextou com atualização para vocês! 
Esse não era para ser um dos capítulos "especiais", mas eu quis colocar em terceira pessoa porque achei melhor para escrever o que eu queria e como sempre demoro para postar, esse capítulo está maior do que o normal para tentar compensar, espero que gostem.
Antes só uma pequena explicação: vocês provavelmente estão meio perdidos em relação ao tempo que passou e o lugar que Stydia está, mas essa é a minha intenção. Como os personagens estão confusos a respeito disso, escolhi não mostrar nada disso para vocês para ficarem "perdidos" como os Stiles e Lydia estão.
Boa leitura!

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Terceira Pessoa

Stiles mudou. Mudou e continuava se adaptando, se transformando. Conforme aprendia e perdia o medo do mundo que não conhecia, os olhos castanhos ganhavam um novo brilho, as expressões do rosto se formavam em combinações diferentes. Quando a dor da perna diminuiu e ele voltou a caminhar sem ajuda, Lydia se surpreendeu com o jeito que ele se movia. A coluna mais reta, a cabeça erguida, os passos mais confiantes. Não parecia tão inseguro, tão frágil.

A doçura permanecia como a principal característica das palavras que proferia e do que transbordava do corpo magro demais, a inocência ainda era uma áurea quase palpável que o envolvia. Esses traços habituais que continuavam tão firmes, consolavam Lydia, que de alguma forma, se culpava pela tristeza que o atingiu aos poucos ao tomar consciência de coisas que antes não conhecia, não entendia.

A mudança gradual e contínua tinha algo muito positivo. Stiles absorvia novas palavras e conceitos com um desejo violento, aumentando o vocabulário em alta velocidade. Ele se apaixonou pelas árvores, pela terra, céu, grama e insetos e através da paixão, perdeu o medo de atravessar a porta, parou de pensar em monstros. Mas infelizmente, não foram as únicas consequências.

Em contraste a conquista de segurança, Lydia percebeu, impotente, desesperada, que Stiles passou a sorrir com menos frequência. Ele não disse em voz alta, porém, a menina viu como aos poucos o garoto percebeu que tinha sido roubado de um mundo enorme, diverso e cheio de liberdade. Stiles entendeu que tinha sido privado da natureza, do aprendizado, da convivência, da alegria.

A ignorância de crer que o mundo tinha sete partes o defendia de uma tristeza desenfreada que foi liberta no momento em que passou a compreender. Os pesadelos se tornaram piores, mais vividos e em alguns momentos, o garoto cedia a um choro repentino. Ele tentava esconder as lágrimas e por respeito, medo e culpa, algumas vezes Lydia fingia não perceber.

— Stiles, não podemos arriscar, tem que ser amanhã. — Lydia falou com firmeza, engolindo o medo sufocante, os olhos verdes concentrados no menino. — Amanhã é assim que o céu escurecer e voltar a ficar claro. — Acrescentou com lentidão, lembrando que ele se confundia com as palavras que delimitavam o tempo.

Ele concordou com a cabeça sem erguer o rosto. Lambeu os lábios e continuou entretido com as próprias mãos, sentado no chão. Lydia suspirou e foi até o moreno, se abaixando ao lado dele. Inclinou a cabeça para o lado, desejando encarar os olhos castanhos.

— Stiles? — Ansiosa para ouvi-lo falar, sussurrou com delicadeza e o tocou em uma perna, acariciando a pele coberta pela calça surrada.

— Eu vou para qualquer lugar que você for. — A resposta foi melancólica e segura. Continuou de cabeça baixa, o cabelo crescido e sem brilho cobria parte do rosto.

Com um suspiro pesado, Lydia jogou o corpo contra o dele. Desajeitada, envolveu os ombros largos e magros, abraçando Stiles o mais forte que conseguiu, se esmagando contra o peitoral despedido. Ele arfou, desorientado, no entanto, os braços se apressaram em encontrar o caminho para a cintura feminina.

O Pequeno pedaço do céuOnde histórias criam vida. Descubra agora