RECOMEÇO

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Âmbar

Necessariamente hoje eu tinha que acordar com cólica. Era o meu dia preferido do ano e eu tinha que estar com cólica?

O mundo era injusto aos dezoito anos, doloroso e hostil.
Tá isso é exagero, talvez...

Só que era o dia de reencontrar meu lugar favorito, minhas aulas favoritas, de aprender mais sobre quem eu estava me tornando. De encontrar a Naia, eu não via ela a tipo... Quatro meses?

Levantei da cama sentindo minha cabeça girar, eram quase sete horas da manhã e eu precisava ser rápida.

Me direcionei ao banheiro, fechando a porta de forma bruta, me olhei no espelho sobre a pia, péssima ideia, eu deveria ter anotado a placa do caminhão que invadiu meu quarto e me atropelou enquanto eu dormia, minha aparência era péssima, talvez um banho resolvesse.

Talvez.

Após escovar meus dentes me enfiei sob o chuveiro que lançou um jato de água gelada sobre meu peito, me fazendo saltar e bater as costas na parede ainda mais fria atrás de mim, em seguida a água esquentou e eu mergulhei sob ela como um peixe saltitante.

O dia não começava antes do banho matinal, meu cabelo também precisava ser lavado, espumei ele com o shampoo e o esfreguei, sentindo meus dedos trancarem nos fios embaraçados.

Após alguns minutos saí do box, me enrolei em minha toalha felpuda e segui de volta ao meu quarto, após secar meus cabelos e colocar um arco para afastar alguns fios que caíam sobre meu rosto, era a hora de vestir o uniforme da escola, depois de meses usando pijama e cabelo preso.

Finalmente o blazer preto e a saia cinza me fizeram ver uma humana novamente diante do espelho, humana... bem...

Eu estudava na Mystical High School, uma escola para jovens de famílias sobrenaturais viverem em comunhão e aprenderem sobre suas origens e poderes.

Eu era a conhecida Âmbar Van Black, filha de Teodora e Alfred Van Black, os famosos sacerdotes elementares que vinham de uma linhagem nobre do mundo místico.

Você deve estar se perguntando porque sou a "famosa" Âmbar?

Bom..

No mundo místico existem infinitas linhagens de criaturas sobrenaturais, as bruxas, as fadas, sereias, lobos, magos, vampiros e os sacerdotes Elementares, que são pessoas comuns, mortais, mas que trazem consigo o domínio sobre algum dos elementos da natureza, eu era uma dessas pessoas.

Alguns de nós, elementares, podem controlar de um a dois elementos, raramente controlando mais do que isso.

Meu pai, era um famoso controlador de ar e fogo e minha mãe por sua vez, controlava como ninguém a água e a terra. Eu, não sei se por benção ou maldição, sou a única sacerdotisa viva capaz de controlar os quatro elementos da natureza.

Por isso a popularidade, que já me rendeu muitos amigos e prestígio, mas também muitos rivais e inimigos ao longo da minha curta vida.

Existem também raros sacerdotes que podem controlar os elementos primordiais do universo. Luz, trevas e espírito. Esses são chamados de Nomades, porém, são poucos os casos de pessoas que tem esse dom.

Enquanto subia minhas meias até os joelhos e calçava meus saltos pretos, pude ver minha mãe entrando pela porta do quarto, com seu cabelo negro preso em um coque moldado e seu terninho marrom café, ornando com os sapatos lustrosos em seus pés.

- Bom dia, querida! - Ela caminhou até mim e colocou uma mexa do meu cabelo castanho e ondulado atrás da orelha. Como eu o havia usado o secador ele estava com as ondas rebeldes e definidas, caindo até a altura dos seios, que também estavam bem definidos no blazer que cobria a camisa de botões brancas.

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