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— Duas semanas? — indagou Suho para o amigo chinês que o acompanhava no almoço.

— Sim...— ele levou mais uma das batatas para a boca — Chanyeol não sai mais da cola daquele ômega por nada

Já se faziam duas semanas após o acontecido no corredores da faculdade, e Chanyeol não saiu mais de perto do pequeno Kyungsoo nem que fosse pago para isso. Ia buscar ele no dormitório, deixava ele mas aulas, o acompanhava no almoço e o levava novamente para o dormitório. Parecia uma obsessão maluca pelo pequeno Do Kyungsoo, de acordo com Rual, que sempre olhava o alfa meio torto. Já o pequeno Kyungsoo se mantinha sempre sem graça, sorrindo  e coçando a nuca com os olhares implicantes do francês sobre o alfa mais alto.

— Olha eles ali — Jackson fez um sinal com a cabeça para os três corpos que se aproximavam do refeitório.

— Ai Ai Chanyeol...

O almoço havia sido um tanto silencioso a não ser por Chanyeol que tentava puxar assunto com o baixinho para que não se sentisse desconfortável com sua presença. O resto do dia de mantinha como sempre, o Park o deixou na sala de aula e o esperou na saída. Enquanto caminhavam juntos, Soo olhava para os próprios pés antes de soltar um suspiro.

— Por que você sempre me acompanha? — Indagou o baixinho ao outro — Eu confesso que ainda não entendo o por que disso

— Só não quero que tentem te machucar de novo, pela terceira vez

O semblante de chanyeol se mantinha inabalável como sempre.

— Mas você nem ao menos me conhece — Soo havia começado a gesticular com os braços e um leve bico se formou nos lábios — Você simplesmente começou a me seguir pra lá e pra cá... Eu não estou reclamando da sua companhia, apenas queria entender o porquê dela.

— Eu já te disse

— Mas...

O Park colocou o indicador sobre os lábios gordinhos de Kyungsoo, eles eram quentes e macios como imaginava. Mas, não era os lábios do pequeno ômega que haviam chamado sua atenção naquele momento e sim o toque de seu celular, e antes que pegasse de seu bolso olhou para o mais baixo.

— Volte com cuidado

Foi a última coisa que disse antes de se afastar para atender, aquele dia foi o único após vários que tinha voltado sem a companhia de seu guarda costas.

— Park Chanyeol falando — O número que havia aparecido em sua tela já dizia muita coisa.

Ah Chanyeol! É bom falar com você

Pai... — Um suspiro escapou — O que aconteceu?

Preciso que venha comigo em uma viajem de negócios... Já não é novidade que seu velho pai está enferrujado para essas coisas

— Você deixou as coisas saírem do controle da última vez

Precisamos desse carregamento, Chanyeol... Você vai comigo para Veneza amanhã cedo.

•••

O que você acha que ele quer com você? — perguntou o beta que estava jogado na cama

— Eu não sei... Ele apenas disse que não quer que o que aconteceu na festa se repita de novo

— Parando pra pensar é legal da parte dele... Se ele não parecesse um obcecado atrás de você, pombinha! — Rual sempre desaprovou a presença de Chanyeol, e de acordo com ele por motivos óbvios — Ele não me cheira bem

— Não acho que ele feda — Kyungsoo estava levemente na lua, secava seus cabelos enquanto tentava prestar atenção no amigo.

— Não nesse sentido... Ele é estranho. O grupo de amigos é sempre o mesmo e ele anda com aqueles garotos desde que chegou no campus

— Mas isso não quer dizer muita coisa, Rual. Acho que é apenas implicância sua

— Pode ser também, mas ouvi dizer que ele vem de uma família bem rica coreana mas que ele mora aqui em Paris faz uns anos, dizem que a família se mudou por conta dos estudos dele... Porém eu acho que tem caroço nisso aí. — A risada do pequeno Kyungsoo pode ser ouvida pelo pequeno cômodo, achava divertido o fato de seu colega saber que quase tudo que rolava no campus. — Já rolou boato de que a família dele está envolvida em umas coisas obscuras aí, pombinha

— Eu acho que você deveria dormir, Rual

— Você tem razão! Minha beleza cansa durante esses dias com o seu guarda costas bonitão.

E assim as luzes se apagaram, Kyungsoo encarava o teto pensativo nas palavras do francês, mas, uma risada acabou lhe escapando, o amigo só podia estar sonhando alto de mais.

Naquela manhã foi a primeira vez que o ômega baixinho caminhou pelo campus sem Chanyeol, ele não sabia o porquê não achar aquilo um alívio, talvez tivesse se acostumado com a companhia quieta que ele tinha, sentiu falta dele. Rual por sua vez passou o trajeto inteiro dizendo o quanto se sentia bem sem a companhia do Park, que ele por mais sexy que fosse lhe dava um medo tremendo.

— Convenhamos pombinha, que a atmosfera se tornou mais leve agora — Dizia o francês com a boca levemente cheia.

— Pra quem não gostava dele por perto, não parou de falar sobre um minuto sequer

O beta revirou os olhos e largou o sanduíche sobre a bandeja.

— É, mas as vezes temos que comemorar o alívio

O garoto baixinho não aguentou a risada que saiu de entre seus lábios, e foi assim que o dia se passou. As aulas seguiram normalmente como o esperado, mesmo que a cabeça de Kyungsoo estivesse longe com seus pensamentos, chegou a ser inevitável procurar a presença do alfa pelos corredores movimentados de alunos, mas, não havia sinal dele o dia todo. Poderia se dizer que o jovem Do se encontrava preocupado, depois de tantos dias que Chanyeol de manteve presente foi realmente estranho não ter ele ali. A sua volta ao dormitórios tinha sido silenciosa, podia ouvir tudo claramente, o vento batendo nas folhas das árvores e consequentemente em seu rosto pálido e em sua mente o jovem se perguntava aonde o grandão estava.

Naquela mesma manhã, bem cedo, Chanyeol havia saído da faculdade. Já estava tudo pronto para a sua partida, mesmo que a ideia de viajar a negócios com seu pai fosse um pouco desagradável, o alfa não tinha escolha. Sua mente já tinha perdido as contas de quantas vezes havia sido arrancando da faculdade com uma bela desculpa. O Park agora se encontrava encarnando o azulado céu, não iam demorar para pousar em solo italiano e ele torcia para que nada saísse do controle.

A última viagem dos Park a negócios não foi uma das mais agradáveis, seu pai havia perdido o controle e atirado em um dos homens da outra máfia que vieram a negócios. O Park mais velho sempre foi explosivo, não era de se admirar que algo assim acontecesse, muito sangue foi derramado naquele trágico dia. O jatinho não demorou para tocar o chão e os homens descerem da aeronave, Chanyeol ajeitou seu paletó sobre o corpo e colocou os óculos escuros antes mesmo de entrar no veículo negro que os esperava.

— Iremos fechar para receber um carregamento de cocaína dos italianos — Começou dizendo o mais velho — Preciso que tudo aconteça conforme o combinado e sem nenhum deslize, não podemos perder mais homens

— Perdemos homens por deslize seu, meu pai.

— Não venha me dar lição de moral agora, Chanyeol. O que está feito, está feito.

— Que seja — disse o alfa mais novo de forma ríspida.

A viagem seguiu de forma silenciosa, um silêncio tão profundo que parecia que Chanyeol iria se afogar nele mas, por um lado, ele preferia assim, não precisar trocar palavras com o pai.

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