A tempestade costuma castigar a cidade de Dreamland e não é uma novidade a nenhum de seus habitantes. Mas, atrasada para a aula de literatura do senhor Raymond - a brilhante, encantadora e jovem Anna Hayes não esperava contar que justamente naquele...
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Afundo muito confortavelmente no banco do meu carro, esperando-a fazer o mesmo ao meu lado.
Eu tentei demandar indiferença, mesmo depois de ter praticamente pulado em cima da pobre menina, mas não sou capaz de silenciar um ridículo suspiro afetado que se desprendeu dos meus lábios. Porra.
Um eletrificado fio de pura adrenalina ainda está pulsando através das minhas veias e o seu proibido gosto delicioso ainda está muito impregnado em minha boca, assim como a lembrança exata de suas curvas de mulher que está entranhada em meus pensamentos mais obscuros.
Honestamente, o que diabos deu em mim? Minha cabeça quase lateja com o tamanho da minha maldita e estúpida inconsequência. O que eu deveria lhe dizer neste momento?
Me desculpe?
O que você está fazendo comigo?
A culpa é toda minha, poupe-se de qualquer responsabilidade.
Atormentado pela hostilidade do remorso, eu sou massacrado pela minha cruel consciência pesada.
A situação nunca foi uma maravilha, pelo contrário. E agora, eu tratei de elevar minhas inseguranças e temores tão pertinentes para algo totalmente insuportável e dilacerante. Como posso administrar toda está bagunça agora que provei deste prazer fatal?
Merda, o que faço com a pequena e limpa, Anna Hayes?
Eu não mereço nenhuma de suas lágrimas e sei que as únicas coisas que trarei à sua preciosa vida será o caos e a destruição. Não quero ser o responsável por devastar a sua essência desastrada de menina. Não quero que se machuque por minha causa.
Anna merece o paraíso e sou um perfeito epítome do que deveria evitar e até mesmo odiar.
O feroz silêncio acentuado dentro do R8 está me sufocando.
Não sou capaz de olhar para o estrago que fiz, ignorando cada fragmento que a memória insiste em puxar das profundezas para à superfície.
Sua boca é o passaporte para o paraíso.
Doce, inexperiente, mas determinada a aprender. — Anna é simplesmente boa demais para mim. Dona das minhas tormentas. Razão da minha instabilidade. O motivo do meu coração voltar a vida depois de anos enterrado em tantas imundícies.
Ela está muito silenciosa e quieta no carona, os olhos perdidos na suave chuva que começou a tamborilar contra as envidraçadas janelas do carro, ferindo o silêncio que nos consome.
