amor e ódio é a mesma merda

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changbin costumava dizer que fomos feitos um para o outro e até que acreditei nisso. mas o destino nos joga um peso nas costas, não? eu não gosto de lidar com isso. e changbin dizia que nos conhecemos por um motivo, que nascemos para completar um ao outro. e mesmo que eu dissesse que isso não fazia sentido, ele me beijava tão bem que eu era obrigado a concordar.

sufocado com minhas ilusões e decepções, agora compreendo que, se destino existe, meu destino com changbin era crescer e somente. aprendi que não posso deixar para amanhã o que eu posso deixar para lá. ele entendeu isso quando pôs o boné na cabeça e prometeu que voltaríamos este ano mesmo, sem falta, sem adiamento.

que ironia. por mais que nos encontremos nos mesmos lugares — e se deus quiser, nunca mais isso vai acontecer —, até agora as palavras dele não se concretizaram. não há, bean, não há como cobrar de alguém algo que você não pode dar. às vezes isso é confuso, porque era difícil sentir algo por alguém que apenas me namorava por momentos, por vontade própria, quando lhe convinha.

eu estava dolorido. e hoje ele veio me dizer que guarda saudade no peito, que ela está machucando e se alimentando dos demais órgãos. eu ri. desde quando bean era poeta? ele disse que a dor nos torna artísticos. mas isso não combina com o cara que xinga os outros em batalhas de rap e é violento nas composições. nunca me dedicou uma escrita, uma melodia. mas vai lhe fazer bem esse tipo de coisa, esse tipo de dor. fez bem a mim.

tomara que as ruas em que passeávamos, voltem a ser ruas comuns. elas ainda carregam o sorriso e ainda têm as cores dele. uma coisa à parte. ele deve pensar que eu odeio-o: está escrito na mensagem que recebo. ele diz que me ama. mas agora eu entendo. sim, eu entendo. eu entendi que amor e ódio no final é a mesma merda. sim, a mesma merda.

changbin acha que nos amamos de verdade, mas eu creio que ele ainda acredita em contos de fadas, onde beijos na boca significam pactos de sangue que unem almas e forçam-nos a viver e morrer com e por um único ser humano. eu não preciso de salvamento nenhum, obrigado, estou bem na minha torre, bem longe do mundo. porque se a merda da rapunzel tivesse conhecido os ogros que reinam fora da sua caverna, sua torre, eu duvido que ela iria querer sair de lá.

e binnie ainda vem com esse papo de que vamos voltar neste ano mesmo, que é questão de tempo, que só preciso de alguns meses para refrescar a mente. é uma pena, né? janeiro já passou faz tempo e, relaxa, já já chega dezembro.



***

tem certos relacionamentos que merecem um fim.

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