Capítulo 18

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Mark rosnava em fúria quando desceu pra sala. Downey, Kate e Théo já estavam lá.

- ENLOUQUECEU? O QUE DEU NA SUA CABEÇA? - Gritou entrando na sala. Evans estava sentado em uma poltrona, olhando papéis, mas sua expressão era abalada. - Downey caia na real. Ele se descontrolou com Scarlett. Além de bater, não lhe deu nada que comer nem beber depois. Então não se meta, responda Evans. - Porém, não respondeu a Mark.
- Mark, calma vamos conversar. - Disse Downey.
- Machucar a Scarlett, fazer ela sangrar, quase a matar, porque? - Ele encheu o peito de ar - Pela meiga e respeitável Jéssica. - Disse, com uma falsa reverência. Evans ergueu os olhos pra ele. - Ah, você não gosta que falem dela. Porque será? Por causa do seu comportamento deplorável?
- Jéssica era diferente, tinha o jeito dela, mas era uma mulher tão respeitável como qualquer outra. - Disse entredentes, encarando Mark.
- UMA PROSTITUTA! - Rugiu em fúria - UMA MULHER DA VIDA! IA PRA CAMA COM QUEM PAGASSE MAIS CARO! - Kate arregalou os olhos - NÃO VENHA ME FALAR DE DIGNIDADE, EVANS. - Disse, os olhos faiscando de ódio.

O que se ouviu a seguir foi a poltrona onde Evans estava sentado virar, batendo-se numa mesinha e quebrando um vaso de cristal, e o impulso de Mark pra cima do irmão. Mark voou no pescoço de Evans, e os dois desabaram no chão. Kate gritou. Downey tirou ela gentilmente do caminho, e se pôs a apartar a briga. O que parecia ser impossível. Depois de minutos, nosso Downey conseguiu.

- AGORA JÁ CHEGA, VOCÊS DOIS! - Rugiu empurrando Mark com tudo, que caiu pra um lado, e puxando Evans pela gola da camisa pro outro.
- PROSTITUTA! - Berrou de novo, após se levantar - Agora o que a Scarlett te fez? Nada. Só descobriu a VAGABUNDA que você idolatra. - Disse, passando a mão no canto da boca.

Evans partiu pra cima de Mark de novo, mas Downey se meteu no meio, empurrando o irmão.

- DEIXA ELE VIR! ELE GOSTA DE BATER EM MULHER, DEIXA ELE EXPERIMENTAR COM HOMEM! SOLTA ELE, DOWNEY! - Urrou em fúria, encarando o irmão.
- EU DISSE JÁ CHEGA! QUE PALHAÇADA DE VOCÊS DOIS! - Ele empurrou Evans pro canto, tirando-o da linha de fogo de Mark - Mark, vá ficar com Scarlett, ela deve estar precisando. EVANS, CHEGA! - Empurrou Evans com tudo. O irmão cambaleou pro lado, mas parou de ir pra cima de Mark.

Entre mortos e feridos, salvaram-se todos. Mark tinha a boca partida, e Evans o nariz. A briga ia recomeçar quando Mercedes entrou na sala, dizendo que Scarlett estava chamando por Mark.

- Não acaba aqui. - Rosnou, raivoso.
- Tenha certeza que não. - Concluiu, e saiu, pisando forte.

Quando Mark entrou no quarto, Scarlett estava deitada na cama, de bruços, com a cabeça em um travesseiro, vestido uma camisola de algodão branca, cuja abertura ficava nas costas. Mercedes lhe dava água cuidadosamente. Scarlett, após o banho, parecia melhor.

- Mark, por favor, eu imploro, não brigue com Evans. - Pediu com a voz rouca. Mark ia contestar, mas ela o interrompeu - Não vale a pena.
- Como você está? - Perguntou, acariciando o rosto dela.
- Eu vou sobreviver. - Sorriu abatida. Se sentia bem melhor longe do quadro de Jéssica, e após tomar um bom banho.

O médico logo chegou. Se assustou com o estado das costas de Scarlett. Mas deixou a receita de um remédio, uma fórmula, que ajudaria com a dor e a cicatrização. Recomendou repouso absoluto, um chá que ajudava a dormir, e falou de um creme, que era vendido na Alemanha, que impediria que ficassem marcas. Mark, instantaneamente, moveu céus e terra e mandou um empregado viajar até lá, pra trazer o tal do creme. Scarlett tomou o remédio que o médico passou, e a dor nas costas diminuiu um pouco.

- Olha o que eu trouxe. - Disse fechando a porta do quarto, após entrar com uma bandeja contendo um almoço farto nas mãos.
- Obrigada. - Sorriu olhando-o. Estava, pra ser modesta, morrendo de fome.
- Vamos ver se eu consigo sentar você. - Ele pôs a bandeja na cama, e se abaixou pra ela.

Scarlett enlaçou as mãos no ombro de Mark, que a carregou com cuidado. Depois, após afofar os travesseiros, pôs ela delicadamente sentada. Mas as costas não aceitaram os travesseiros.
Scarlett gemeu de dor quando seu peso encostou no travesseiro, e Mark prontamente a desencostou. Ele sentou ao seu lado, e lhe abraçou pelo ombro, dando-lhe apoio. Assim não precisava encostar no travesseiro. Scarlett adorou. A mão fria dele sobre seu ombro servia como sedativo. Ela comeu sozinha, bebeu suco até demais, forçada por ele. Depois ele, com uma mão só, tirou a bandeja vazia dali.

- Eu vou cuidar de você. E logo isso não terá sido mais que um pesadelo. - Disse, olhando ela. Scarlett sorriu, grata. Não sabia o que seria da vida sem ele. Mark selou os lábios com os dela levemente, e toda a dor era suportável.

Naquela noite, enquanto todos dormiam, Evans foi ao quarto de hóspedes onde Scarlett estava. Era curioso, os dias eram frios, mas tecnicamente todas as noites eram chuvosas em Seattle. Foi o barulho da chuva que acobertou o som de suas pegadas enquanto ele avançava até ela.
Quando entrou no quarto, Scarlett dormia profundamente, ainda de bruços. Ele avançou silenciosamente até ela. O quarto estava escuro, mas ele enxergava como se houvessem dezenas de velas iluminando-a. Pode ver também sua brutalidade, marcada debaixo da fina camisola que ela vestia. Ela ressonava levemente, calma. Tinha uma mão perto do rosto, e alguns fios de cabelo caiam por ali. Ele ergueu a mão e, levemente, tirou os fios, deixando o rosto dela livre. Observou-a por um instante. Sua expressão era tão inocente. Parecia fraca, mas ele tinha certeza de que Mark estava cuidando dela o melhor possível. A expressão dela era tranquila, despreocupada, ao contrário de Evans, que era semelhante a de uma pessoa que estava sendo torturada. Seu maxilar estava contraído, seu cenho estava franzido, e os olhos carregavam uma dor que ninguém poderia amenizar.
Fiou ali, de pé, olhando-a, por horas a fio. Enquanto a madrugada e a chuva se trançavam lá fora, Mark foi ao quarto. Evans se tirou do caminho, ocultando-se da visão de Mark, para observa-lo. Mark foi até Scarlett silenciosamente. Pegou a coberta que estava aos pés da cama e cobriu-a até a cintura. Scarlett não se moveu. Ele deu um beijo de leve na testa dela e saiu, bocejando, ainda sem saber da presença do irmão ali. Evans ficou lá, velando o sono de Scarlett até amanhecer. Quando a chuva cessou, e o céu começou a clarear, ele foi embora.

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