Capítulo 11

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Estamos indo em direção há onde meu pai perdeu alguns contatos com seus andróides. Estamos dentro um trem e vamos descer em uma cidade pequena e distante. Já faz uma hora que estamos aqui e até agora não dissemos uma palavra sobre o que aconteceu ontem de noite. Eu decido colocar uma música aleatória no meu celular, para ver se o tempo passa mais rápido. Encosto minha cabeça no vidro da janela e vejo um borrão de imagem se passando.

- Você está bem,KL1? - sinto um cutucado no braço esquerdo.

- Sim... - tiro meus fones de ouvido e digo um tanto incerta. Afasto minha cabeça da janela mas eu não o encaro.

- Certo... - ele também parece indeciso. Como se não soubesse se deveria pergunta.

- Só gostaria de saber o que aconteceu ontem... - digo baixo mas sei que ele pode me escutar.

Sinto ele se remexendo no banco um pouco incomodado.

- Bem... - ele limpa a garganta. - Deve ter sido alguma falha no sistema da sua casa... - posso sentir a mentira pairando no ar.

- Sabe que não acredito nisso né? - ele se remexe de novo. - Sei que você e meu pai estão me escondendo algo Jack.

- KL1...

- Não tente se explicar só vai piorar a situação.

Eu olho para a janela e reconheço algumas cidades e vilas. Já passei por aqui. Elas estão mudadas agora mais ainda da para reconhecer.

- Você disse que era fácil. - ele fala derrepente.

- Como? - não desvio minha atenção da janela.

- Você disse que foi fácil. - repete lentamente. - Matar pessoas.

- Sim, foi.

- Ainda é?

Decido olhar para ele. Fito bem seus olhos verdes. Quero que ele veja bem o que sinto.

- Não, não é. Tá vendo essas cidades e vilas que estamos passando? Pois bem Jack eu destruí elas! Quando era a KL1. Eu causei dor e sofrimento para essas pessoas, todas elas. Não consigo viver direito com isso na minha mente, não se passa um dia se quer sem que isso me atormente Jack. Então não, não é mais fácil matar.

Ele não diz nada. Mas vejo um tom de compreensão nos seus olhos.

- Mas creio, BH7, que se for preciso matar, eu irei matar.

Viro meu rosto para janela pela terceira vez mas sei que não serei interrompida agora. Colo meus fones de volta e mudo de música. Uma música triste começa. A viagem vai ser longa.

Estamos vasculhando uma fábrica velha e abandonada. Foi aqui em que meu pai recebeu o sinal dos andróides pela última vez. Vamos escaneando o lugar.

- Achou alguma coisa? - pergunta ele

- Não e você?

- Nada.

Vou andando mais a fundo da fábrica. Um sinal, porém fraco, aparece.

- Jack acho que achei alguma coisa.

Não ouço resposta. Decido ir andando mais para frente e a frequência do sinal aumenta. Chego perto de uma pilha de metal onde o sinal é forte. Tiro algumas pilhas e vejo algo. Uma parte dos andróides do meu pai. Limpo ele e o ligo. Espero que ele ainda funcione.

- Chefe... - diz com uma voz falhando.

- Sim, o que houve com você?

- Você tem que sair daqui. - ele segura meus pulsos e diz exasperado. - Saia daqui chefe!

Sou uma BiônicaOnde histórias criam vida. Descubra agora