Capítulo único

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Outono era uma estação bonita, mesmo, era sim, Moomintroll sempre achou. Mas o outono acabava sempre lembrando-o de como Snufkin estava prestes a partir, como a qualquer momento ele poderia levantar e decidir “Está na hora de eu ir para o Sul, meu querido amigo Moomintroll". Claro, não  a qualquer momento, mas já era mais que metade do outono, então a sensação de saudade já começava a rastejar pelo peito do troll, mesmo que Snufkin estivesse ao seu lado, deitado na grama, expressão pacífica como sempre e olhando para as nuvens.

De tempos em tempos, o rosto do mumrik se contorcia em uma careta pensativa, mas logo voltava à expressão neutra. Moomintroll engoliu a urgência de perguntar o que estava se passando na cabeça do amigo.

Ele vai falar quando achar que deve falar. Sem pressa, você sabe esperar, Moomintroll.

O troll fechou os olhos, ouvindo atentamente o som das folhas balançando nas árvores, ele podia imaginá-las caindo e pousando suavemente na grama.

“Moomintroll?” Snufkin disse.

“Sim, Snufkin?” Moomintroll respondeu, abrindo os olhos e direcionando a atenção para o melhor amigo.

“Eu não gosto que fique triste. Quando eu vou embora para o sul, entende?” Faltava uma leveza na voz dele que pesou no peito de Moomin. Algo parecia errado, por que Snufkin estava falando disso?

Moomin sorriu.

“Snufkin... sabe o que me deixa triste?”

“Quando eu fico três meses longe?”

Moomintroll balançou a cabeça e sentou na grama, esperando Snufkin repetir a ação. Ele sorriu, com um peso no peito que tentou não transparecer nos olhos azuis.

“Não. O que me deixa triste é ver você mal.” Ele disse, o olhar desviando para o céu e as árvores e as folhas caindo. “Você é meu melhor amigo, há mais tempo do que posso lembrar. Se você precisa ficar sozinho, viajar pelo mundo, se essa é sua ideia de liberdade, eu quero dar isso à você. Oh, Snufkin, eu sou a última pessoa a querer te prender. Eu amo você demais para fazer isso.”

Moomin pressionou os lábios juntos, colocando as mãos na frente do focinho, assustado com a própria honestidade. “Oh, céus! Snufkin—não foi isso que eu quis dizer, por favor, não pense que eu disse isso para você se sentir mal—”

Snufkin riu, baixo, e levou uma das mãos à bochecha do troll, vermelho colorindo seu nariz e orelhas e as próprias bochechas.

“Ah, Moomintroll. Meu bravo e adorável Moomintroll" Ele acariciou o rosto do melhor amigo, logo dando um beijo no focinho branco. “Eu também te amo".


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