Capítulo 2

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Ano 61, em algum lugar dentro da colmeia.

Joanna

Estou olhando pelo vidro da porta, vendo meu irmão partir. Essa pode ser a última vez que vejo a pele morena e os olhos verdes dele. Adeeb dá uma espécie de arma para ele, e meu irmão pega. Junto com a arma, ele pega alguns equipamentos em cima de uma mesa no canto da sala. A equipe deles é composta de normalmente quatro guardiões e um especialista, mas agora, excepcionalmente, há um especialista a mais. Um portal surge diante deles, e a luz que há do outro lado é ofuscante. Para as pessoas da colmeia, que nunca saíram e convivem diariamente com a luz artificial das lâmpadas, é difícil olhar para a luz do sol. Eu sei que em breve eu também poderei sair, e sentir a luz e o calor externo.

Toda a iluminação da colmeia é feita por lâmpadas, que são alimentadas por painéis solares antigos, do tempo pré-invasão. Esse é um dos trabalhos dos guardiões quando não estão em uma missão. Manter e consertar painéis solares, que não provém somente iluminação, mas também mantém a temperatura.

Embora eu sempre tenha sonhado em ver a luz solar e senti-la em meu rosto, o que eu mais quero é sentir a chuva caindo sobre meu corpo, e também quero sentir o seu gosto. Quero sentir o vento sacudindo o meu cabelo, e principalmente ver se consigo avistar algum animal.

Então saio do devaneio e volto para o meu mundo. Antes de tudo isso, eu sei que tenho de passar no exame. Eu olho ao redor, e vejo que Karen está falando comigo, embora a irmã dela tenha desaparecido.

– Onde está sua irmã? – pergunto, interrompendo-a.

– O que?! – ela parece meio atordoada, mas logo em seguida entende minha pergunta e diz – em que planeta você estava? – mas logo se repreende por dizer isso. Nos tempos atuais não é uma boa coisa para ser dita. – Ela disse que tinha um assunto para resolver, e pediu se nós poderíamos passar o resto do dia juntas. Aí você fez que sim com a cabeça.

– Desculpe – eu digo, balançando a cabeça – eu não estou muito bem hoje. Talvez seja a pressão.

– Tudo bem – ela diz e sorri – você tem alguma ideia de como será o exame este ano?

– Como sempre – respondo, pensando em como os meus colegas do ano passado tinham me dito que havia sido. – Pela manhã, vamos fazer uma prova física para saber se somos bons o bastante para nos tornarmos guardiões, e caso sejamos reprovados fazemos um teste de aptidão, para saber para qual área vamos nos encaminhar, ou se nós vamos ter de refazer o teste no próximo ano. Se você passar no exame para guardião, não precisa mais prestar outro exame. Eles só querem os melhores.

– E você não tem medo de não passar? – ela torce os dedos, e então completa – ou de acabar indo parar em uma função que não é a que você escolheu?

– Não – eu digo – sempre me disseram que se você sabe o que quer ser, não tem erro. Você vai ser aquilo. – eu olho para ela, e percebo que aquilo a assustou – você tem certeza do que quer ser, não é?

– Tenho, mas não sei se é isso que minha irmã quer que eu seja. Ela diz que é muito perigoso.

– O perigo é parte da arte, não é mesmo? – eu digo, e ela sorri o que me anima um pouco também – afinal, sem perigo não teria graça nenhuma.

– E então – ela diz – o que vamos fazer nas – ela olha para o relógio no pulso, para ver que horas são, e então diz – próximas duas horas, antes do toque de recolher?

– Eu tenho uma ideia – digo. O toque de recolher é o correspondente ás quatro horas da tarde, que é quando eles desligam a rede elétrica, para aproveitar o restante do dia para alimentar as baterias de emergência, que mantêm a colmeia funcionando, mesmo em dias de chuva. – Eu ia me encontrar com o resto do pessoal, e eu acho que não tem problema de você ir junto.

Vingadora da Galáxia - A guerra dos DronesOnde histórias criam vida. Descubra agora