Capítulo 8

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Ano 61 25º andar da colmeia, sala de treino 2.

Joanna

Os drones já estão começando a me irritar. Quando Sam apareceu para nós mais cedo e disse que Anjo não poderia nos atender durante o dia de hoje, eu achei que a melhor coisa do dia tinha acontecido. Mas ele também tinha os seus planos. Ele disse que a melhor maneira de treinar um guardião para o que ele ia enfrentar fora da colmeia, era obriga-lo a fazer isso. Eu só não imaginava que ele iria enfiar nós, os dez iniciantes em uma simulação onde ondas ininterruptas de drones nos atacariam até que desistíssemos. Isso não seria um problema tão grande, se não tivéssemos restado somente Karen, eu, Chao e a última pessoa que eu queria ver viva: John Hawks.

Nesse momento agradável, estamos dentro de uma casa antiga, feita de concreto, prestes a ruir devido ao dano que tomou dos tiros e explosões ocasionados pelos drones. Diversos deles ainda reagrupam, para uma nova investida. Olho para o lado e vejo John me encarando. Ainda estou extremamente furiosa com ele, mas sei que isso vai passar, ao contrário do remorso pelo que fiz. Naquela hora, não percebi o que estava fazendo, condenando-o a morte assim, sem mais nem menos. Estou perdida neste tipo de pensamento esparso, quando ouço Karen arquejar. Olho para ela, e vejo o seu ombro todo vermelho. Aproximo-me e tento tocá-lo para descobrir o que posso fazer por ela, mas ela esquiva a minha mão. Ela levanta a própria manga da camisa, e vejo um profundo buraco vermelho na borda, e quase negro no centro. Sem pestanejar, digo:

– Acho que já chega, não é? – E assim que digo isso, puxo o pino de uma das granadas do meu cinto. Quando vê aquilo, Chao se precipita para cima de mim, tentando tirar a granada de meu cinto, provavelmente para atirá-la para longe. Mas é tarde demais. Não chego a sentir ou mesmo ouvir a explosão, e aposto que os outros também não. Assim que abro os olhos novamente estou em uma sala impecavelmente branca. Odeio-me por isso, mas já estava ficando chato.

– Parabéns – Sam anda em minha direção, enquanto tiro o capacete, aplaudindo sarcasticamente – você matou dois de seus companheiros perfeitamente saudáveis, para evitar o sofrimento de outro?

– Se você prefere ver deste ponto de vista. – respondo.

– Por quê? – ele sorri provocativamente – por acaso você teria outro ponto de vista para me apresentar?

– Vejamos assim então – digo, passando a mão aberta pelo ar, como se estivesse mostrando uma tela plana para que todos olhassem. Então olho rigidamente para Sam, e digo sem cortes – Eu fiz o que já sabia que ia acontecer só que podia demorar muitas horas mais.

– Muito interessante o seu ponto de vista. – ele se vira em direção à porta, e com dois dedos faz sinal para que nós todos o sigamos. – mas deixe-me apresentar-lhe outro. Se você tivesse ficado um minuto a mais lá, poderia ter exterminado mais algumas dezenas de drones. Dezenas de drones que podem vir a atrapalhar outra missão de importância tão grande que jamais poderá ser medida.

– Pelo amor de deus! – exclamo incrédula – era só uma simulação!

– Talvez você tenha razão. – ele diz pensativo – mas ainda acho que não. Além do mais, vocês fizeram bem lá. Sobreviveram mais do muitos dos guardiões experientes teriam feito. Diria até que agiram como... – ele para antes de terminar, e então muda de assunto – Deixem para lá. Enfim, Acho que vocês merecem um prêmio. Por isso vão ser os primeiros a usarem a nova sala de simulação interativa.

– Eu não acredito! – grita Karen, exaltada. Ela dá pulinhos de alegria, e eu a encaro de tal forma, que ela começa a me explicar sem que seja necessária uma pergunta minha. – Minha irmã me falou dessa sala há alguns meses. Ela falou que estavam construindo uma nova sala de simulação, em que não seria necessário utilizar cadeiras ou capacetes. Era simplesmente entrar nela e começar a ação.

Vingadora da Galáxia - A guerra dos DronesOnde histórias criam vida. Descubra agora