Capítulo 11

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Ano 62, Colmeia, Enfermaria 2, 30º andar.

Joanna

– Eu sabia que era ele! – eu digo para John e Karen. Eles ainda estão relutantes em acreditar que Thomas possa ser o traidor.

– Não se precipite – diz Karen – pode ser somente coincidência.

– Coincidência? – eu quase grito, e a enfermeira chefe olha torto para mim – O cara desaparece exatamente quando eu sou atacada fora da colmeia em uma missão? E ninguém, absolutamente ninguém, sabe onde ele está?

– Pode ser – Karen diz, dando de ombros – como pode não ser. O que você acha John? John? – ela olha para ele, deitado de lado na cama. Ela o sacode, e ele se vira. Ele resmunga, e percebo que ele estava fingindo dormir, justamente para não entrar na discussão.

– Eu não sei – ele resmunga, se sentando na cama. Sem querer, ele desliza o braço esquerdo por fora da borda da cama e acaba derrubando algo no chão, e isso faz o maior estardalhaço. Karen e eu nos abaixamos para ajuntar o que ele derrubou. Dezenas de peças de xadrez se esparramam por debaixo das camas, e nós começamos a catá-las antes que a enfermeira chefe nos chute para fora da enfermaria. É quando eu pego o rei branco. O rei branco está inteiro.

Não sei como não percebi isso antes. Eu não me lembrei disso. Provavelmente teria esquecido se John não tivesse derrubado o tabuleiro no chão. Alguns meses antes, eu fiz a mesma coisa enquanto jogava com meu irmão, e a parte superior do rei branco quebrou. Nós tivemos uma discussão quanto a isso, e quanto a ele retornar ao mundo exterior. Talvez por isso eu não tenha lembrado. Eu quis esquecer a última briga que eu e meu irmão tivemos. Olho para o rei branco, e tenho certeza de que é exatamente isso que meu irmão deixou para que eu entregasse para Many.

– Vem comigo – é a única coisa que consigo dizer para Karen, e então me viro e saio correndo em direção à saída, em direção à loja do tio Many.

***

O sininho toca quando passamos pela porta. Many está novamente deitado na cadeira, com os pés recostados em cima do balcão, com uma espécie de boné encobrindo os olhos. Eu bato com a mão no balcão e ele se assusta, quase caindo da cadeira. Ele levanta e põe o boné debaixo do balcão, então se volta para nós.

– O que as garotas querem? – o sorriso dele com toda a certeza não é nem um pouco encantador.

– Eu quero o que me pertence – eu digo, pondo o rei em cima do balcão. – Talvez eu tenha demorado um pouco, mas espero que você tenha mantido a reserva do meu irmão.

– É claro! – Many diz, alargando ainda mais o seu sorriso – Por aqui – ele faz sinal para que o sigamos para a sala dos fundos.

Nós o seguimos de perto, e assim que passamos a porta da sala dos fundos, ele a fecha atrás de nós. Ele anda até uma mesa em um canto e mete a mão dentro de uma gaveta vasculhando. Desde a última vez que estivemos aqui, a quantidade de entulho aumentou consideravelmente. Many puxa alguma coisa de dentro da gaveta, e ergue contra a luz da lâmpada, com um olhar triunfante no rosto.

– Aqui está! – ele me entrega o pen-drive que havíamos visto a outra vez. – e antes que você me peça, é só isso mesmo.

– Ele não te disse algum recado para transmitir para Anna ou alguma coisa para dar a ela? – pergunta Karen.

– Não sei... – diz Many, com os olhinhos de porco ambiciosos brilhando – talvez por alguma coisa eu possa... – mas antes dele terminar a frase, Karen o agarra pela gola da camisa e o empurra contra uma parede, o erguendo do chão alguns centímetros. Eu não como ela fez isso, principalmente por saber que Many deve ter o triplo do peso dela.

Vingadora da Galáxia - A guerra dos DronesOnde histórias criam vida. Descubra agora