Ano 62; Colmeia, 47º andar, banheiro público.
Joanna
Eu realmente não estou com vontade de prestar serviço comunitário hoje, mas é minha única opção. Se eu não fizer isso hoje, terei de fazer amanhã, e realmente eu prefiro não perder a missão até a área cinco.
O pior do meu serviço comunitário deste mês é que ele ocorre com os cuidadores. Eu esperava ser mandada para a enfermaria novamente, ou até mesmo para a área infantil, já que as aulas recomeçaram. Mas teria sido muita sorte.
Em vez disso, agora estou presa em um banheiro imundo do 47º andar, o último e mais baixo andar habitável. Se bem que eu talvez não devesse chamar esse lugar inóspito de habitável.
E o mais impressionante é que, nem ao menos, há uma equipe de limpeza. Somos só eu e outra garota, que parece muito nova, e que provavelmente não passa dos quinze anos. Com essa dúvida, eu pergunto:
– Você não deveria estar na escola?
– Deveria – Responde a garota – Mas estou prestando serviço comunitário nesta pocilga.
– Serviço comunitário? – pergunto surpresa. Ela parece muito nova para ter cometido alguma infração, e também não parece ser de baixa classe para ter de roubar para sobreviver.
– É – ela confirma com a cabeça, e depois de certo silêncio, ela continua – Fui apanhada tentando arrombar o armário de um dos professores.
– Deixe-me adivinhar – digo, tirando os olhos do espelho que estou tentando inutilmente deixar brilhante – não estudou para a prova e então tentou descobrir as respostas da maneira mais fácil.
– Sim – ela diz, levantando a cabeça do chão que ela esfregava com insistência – E então eles resolveram me mostrar da pior maneira que é melhor estudar da próxima vez. Só não precisavam me mandar aqui, para trabalhar com vocês.
– Com vocês? – pergunto em dúvida, mas logo percebo o que ela quis dizer – Não, não, eu não sou uma cuidadora. Na verdade sou uma guardiã, e estou prestando o serviço comunitário do mês.
– Bem que eu estranhei – ela diz se levantando e andando até mim – você não parece ser desse tipo. Em que andar você mora?
– No primeiro – eu ainda não me acostumei a dizer isso, e geralmente as pessoas ficam com olhos esbugalhados de admiração, já que não são muitos os que podem morar lá. Mas não é isso que acontece com a garota. Ela sorri.
– Eu também! – e estende a mão para mim, como se só tivéssemos nos visto agora – Charlotte.
– Anna – eu me apresento e aperto a mão dela. – você disse que mora no Primeiro andar? Então como eu nunca te vi por lá?
– Eu não costumo sair muito exceto quando vou à escola. – ela dá de ombros e volta para o local que estava limpando – E é difícil arrumar amigos quando você morra no primeiro andar. Não tem muita gente da nossa idade por lá, e as dos outros andares acham que somos esnobes.
– Eu posso ser sua amiga – eu digo, e me pergunto por que eu disse aquilo. Talvez tenha visto uma grande parte de mim mesma nela.
– Seria legal – ela responde, e parece uma resposta automática, como se ela não estivesse ali conscientemente. – É uma pena que tenhamos nos conhecido numa circunstância dessas.
– Então vamos terminar logo com isso – eu digo, esperando que as minhas palavras fossem verdade – então vamos subir para o banheiro do quinto andar. Lá é bem melhor, e eu vou ter cumprido minha tarefa.
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Vingadora da Galáxia - A guerra dos Drones
JugendliteraturA terra foi invadida por uma força externa. Os humanos tentaram reagir, mas sem sucesso. Derrotados, eles se escondem em bunkers gigantescos, chamados de colméias. De dentro desses bunkers, eles começaram a reunir tecnologia alienígena, a estudar e...