Capítulo 14

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Ano 62; Colmeia, 47º andar, banheiro público.

Joanna

Eu realmente não estou com vontade de prestar serviço comunitário hoje, mas é minha única opção. Se eu não fizer isso hoje, terei de fazer amanhã, e realmente eu prefiro não perder a missão até a área cinco.

O pior do meu serviço comunitário deste mês é que ele ocorre com os cuidadores. Eu esperava ser mandada para a enfermaria novamente, ou até mesmo para a área infantil, já que as aulas recomeçaram. Mas teria sido muita sorte.

Em vez disso, agora estou presa em um banheiro imundo do 47º andar, o último e mais baixo andar habitável. Se bem que eu talvez não devesse chamar esse lugar inóspito de habitável.

E o mais impressionante é que, nem ao menos, há uma equipe de limpeza. Somos só eu e outra garota, que parece muito nova, e que provavelmente não passa dos quinze anos. Com essa dúvida, eu pergunto:

– Você não deveria estar na escola?

– Deveria – Responde a garota – Mas estou prestando serviço comunitário nesta pocilga.

– Serviço comunitário? – pergunto surpresa. Ela parece muito nova para ter cometido alguma infração, e também não parece ser de baixa classe para ter de roubar para sobreviver.

– É – ela confirma com a cabeça, e depois de certo silêncio, ela continua – Fui apanhada tentando arrombar o armário de um dos professores.

– Deixe-me adivinhar – digo, tirando os olhos do espelho que estou tentando inutilmente deixar brilhante – não estudou para a prova e então tentou descobrir as respostas da maneira mais fácil.

– Sim – ela diz, levantando a cabeça do chão que ela esfregava com insistência – E então eles resolveram me mostrar da pior maneira que é melhor estudar da próxima vez. Só não precisavam me mandar aqui, para trabalhar com vocês.

– Com vocês? – pergunto em dúvida, mas logo percebo o que ela quis dizer – Não, não, eu não sou uma cuidadora. Na verdade sou uma guardiã, e estou prestando o serviço comunitário do mês.

– Bem que eu estranhei – ela diz se levantando e andando até mim – você não parece ser desse tipo. Em que andar você mora?

– No primeiro – eu ainda não me acostumei a dizer isso, e geralmente as pessoas ficam com olhos esbugalhados de admiração, já que não são muitos os que podem morar lá. Mas não é isso que acontece com a garota. Ela sorri.

– Eu também! – e estende a mão para mim, como se só tivéssemos nos visto agora – Charlotte.

– Anna – eu me apresento e aperto a mão dela. – você disse que mora no Primeiro andar? Então como eu nunca te vi por lá?

– Eu não costumo sair muito exceto quando vou à escola. – ela dá de ombros e volta para o local que estava limpando – E é difícil arrumar amigos quando você morra no primeiro andar. Não tem muita gente da nossa idade por lá, e as dos outros andares acham que somos esnobes.

– Eu posso ser sua amiga – eu digo, e me pergunto por que eu disse aquilo. Talvez tenha visto uma grande parte de mim mesma nela.

– Seria legal – ela responde, e parece uma resposta automática, como se ela não estivesse ali conscientemente. – É uma pena que tenhamos nos conhecido numa circunstância dessas.

– Então vamos terminar logo com isso – eu digo, esperando que as minhas palavras fossem verdade – então vamos subir para o banheiro do quinto andar. Lá é bem melhor, e eu vou ter cumprido minha tarefa.

Vingadora da Galáxia - A guerra dos DronesOnde histórias criam vida. Descubra agora