Prólogo

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  Rosa Maria, uma garota de pele clara e  olhos negros tão intensos que você podia se perder olhando para eles. Cabelos castanhos que caiam cascateando sobre os ombros.Sedosos, desciam formando  ondinhas que iam até pouco abaixo da cintura.Sorriso singelo, coração despedaçado. Seu rosto trazia uma inocência quase irreal. Pura, serena e sedutora.
   Um feixe de luz adentra por seu quarto e machuca seu olho, sensível a luz do sol. Ficou de pé, pôs - se a olhar pela janela.  Naquela manhã, seus olhos negros brilhavam contra a luz do sol. Pareciam duas jabuticabas maduras prontas para serem colhidas do pé.
   - Oh. - Bocejou. - Já está na hora de tomar café? - Ela perguntou como que para si mesma. Embora, já soubesse a resposta. Quanto tempo havia se passado desde a hora que devia ter se levantado? Uns 10 minutos? Uma meia hora, quem sabe. "Hoje é um daqueles dias", pensou. E com um suspiro pesado enfiou  - se no seu velho jeans surrado. Aquele que era seu favorito. E que por vezes sua mãe havia lhe dito que jogasse fora. Muito embora, ela não ligasse. Ainda era o seu preferido.
   Fazia 35° graus mas não chegava a ser a manhã mais quente na capital do estado. A capital mais quente do país. Tinha recebido esse título pois
o estado se localizava no coração do Brasil e  recebia os raios solares diretamente. A pele, de uma cor parda, brilhava ao sol das dez da manhã. Sim, o sol já estava bem quente a essa hora do dia.
   E mesmo assim, a morena não fazia questão de mudar sua vestimenta. Já estava acostumada com os tênis e o seu velho jeans. Precisava correr. Estava atrasada e a estação estava lotada. Apressada, foi cortando caminho por meio da multidão de rostos sem qualquer sombra de expressão. Tristeza? Raiva? Dor? Angústia? Não sabia ao certo. Quem sabe, não seja só impressão?
   Subiu no ônibus, sorriu educadamente ao cobrador . O mesmo lhe respondeu com um aceno de cabeça. Atravessou a cidade, desceu na Praça dos Girassóis. A segunda maior praça do mundo, a maior do Brasil. Esse era provavelmente um " daqueles dias". Aqueles dias em que se podia deixar a tristeza de lado e ser ela mesma.Ela nunca foi tão pura, tão genuína em sua maneira de ser. Dizem que o colecionador escolhe as peças mais raras para serem suas. Dizem até que são as mais raras as mais belas.
Meu nome? Você quer mesmo saber?Rosa, sim. Esse é o meu nome!O aroma tinha um doce cheiro flores. Deixou que o vendo tocasse seus cabelos e lhe afagasse o rosto. Plena,era como se recebesse um doce beijo.
    Mesmo que o dia acabasse ali, não importava.Ou talvez quisesse viver apenas naquele momento.Gostava das coisas mais simples e singelas.
Seu olhar percorreu a fina camada de grama que cobria a praça. Seus olhos já haviam perdido o brilho havia alguns anos. Na verdade nem se lembrava qual fora a ultima vez e na verdade não ligava muito para o fato. Respirou fundo e soltou um longo suspiro. Sentou em baixo de um cajueiro. Puxou o lápis da pesada mochila que carregava nas costas e se punha a escrever.
  " Cada dia é uma luta. Mas nem todos os dias são assim. Há momentos, uns raros e breves momentos em que posso sentir a vida sorrir para mim. Acho que posso chamar isso de felicidade."
   Com letra cursiva, pequena e bem arredondada, o lápis ia deslizando pelo papel. As palavras iam surgindo. Como se desenhadas. Os traços firmes e delicados. Era como se ela estivesse aproveitando o momento. E de fato, estava. Parou por um momento para apreciar a paisagem.
   Uma sensação estranha. Um aperto no peito. Não queria estar ali mais. Não desejava mais escrever.De repente sentiu alguma coisa puxar seu ombro e a puxar de volta para a realidade. A fria e dura realidade. Com um manto negro pousando sobre si. Lá estava a tristeza, a armagura, a vontade de morrer. Sentiu alguma coisa puxar seu pé e arrastá-la para um buraco negro onde só se ouvia gritos de tortura, e uma risada alta, estridente, ecoou no local. De repente não estava mais na praça. Estava em outro lugar. Mas onde? Tentava se desvencilhar das garras no inimigo. Porém a tristeza era forte demais! Soltou um urro de dor. A tristeza a puxava cada vez mais para perto do buraco. E no seu corpo apareciam cortes, cicatrizes. Ela queria gritar, implorar por ajuda mas a tristeza não deixava! Estava muda, estava perdida e estava sozinha...Sozinha...

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Esse é meu nome (That's my name)Onde histórias criam vida. Descubra agora