Capítulo 27

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- E o feriado? - Perguntou Jeremy à noite, dias depois que ele e Elizabeth chegaram de viagem, a Downey.
- Estava justamente pensando nisso. - Confessou, olhando o irmão - Tem uma cachoeira perto de La Push, dizem que quase ninguém vai lá, pelo frio, mas que é um lindo lugar.
- Cachoeira? - Perguntou Evans, tentando se lembrar.
- Feriado? - Perguntou Mercedes, virando-se pra Scarlett. Não sabia da existência desse feriado.
- Dia de São Valentim. - Mercedes fez uma cara confusa.
- Assim. - Começou Kate, enquanto ninava Pedro - Diz a história que a tempos atrás, na época do Imperador Cláudio II, ele proibiu todos os casamentos, porque queria montar um exército invencível, e os homens se tornam vulneráveis quando amam. - Downey sorriu de canto, olhando a esposa.
- Então, como fora mandado, os casamentos foram cancelados. Apenas um padre se negou. Ele continuou casando os jovens escondidos. Seu nome era Valentim. - Continuou Elizabeth.
- Ele casou as pessoas continuamente, dia após dia, até que foi descoberto. Ele foi preso, julgado, e condenado a morte.
- Enquanto ele estava preso, jovens iam até a prisão, e jogavam flores pra ele, presentes. Um dia, uma jovem entrou lá. Ela era cega. Eles se apaixonaram perdidamente um pelo outro, e o amor dele, milagrosamente, devolveu a visão dela. - Disse Scarlett, lembrando-se das diversas vezes em que Clara lhe contou essa história - Ele conseguiu escrever uma carta de amor pra ela, e no final, ele dedicou "Do seu Valentim".
- Bom, ele morreu. - Disse Kate e Mercedes fez uma careta - Porém, o amor dele e da jovem se tornou lenda. E daí veio o dia de São Valentim. O dia dos apaixonados.
- Que coisa nojenta. - Começou Théo - Morrer por causa dessa besteira, eu que não quero me apaixonar e ficar com cara de bobo. - Disse, simplesmente.
- Eu duvido, quando você se apaixonar eu vou ser o primeiro a te encher o saco. - Repreendeu Jorge, olhando Théo, que deu de ombros. - Downey porque você não da um jeito nele? - Downey riu.
- O meu filho tá dormindo, obrigado. - Todos riram - Então, iremos a cachoeira no feriado?
- O que vocês acham? - Perguntou Evans a todos, porém, encarava Scarlett.
- Por mim está ótimo. - Respondeu, sorrindo pro marido. Evans sorriu de canto. É, eles iriam a cachoeira no dia dos apaixonados.

E assim, o feriado chegou. Mercedes e Théo acordaram cedíssimo, atônitos. Todo mundo estava ansioso pra ir pra cachoeira, mas ninguém tanto quanto eles dois. Pedro, pra ajudar com o furdunço, danou a berrar.

- Hum... - Se espreguiçou, acordando.
- Bom dia. - Desejou, rouco, acordando. Scarlett balançou a cabeça negativamente e se apertou a ele, morrendo de preguiça de levantar - Vamos, petit, acorde.
- Não quero. - Murmurou contra o peito dele, manhosa.
- Eu também não, mas precisamos. - Ele olhou o relógio perto da cama - Se bem que ainda é cedo. Fica aqui, eu vou acalmar os três.
-Não. - Ela prendeu ele em seu abraço. Evans riu - Tá, vai la. - Ela soltou ele de mal gosto, virando-se pro outro lado.
- Não faz esse bico. - Pediu, beijando a pele do ombro dela.
- Não demora. - Pediu, se encolhendo. Evans assentiu e se levantou.

Mas Scarlett despencou em seu sono assim que o barulho parou. Não sentiu quando o marido voltou pro seu lado, e a beijou de leve. Só acordou uma hora mais tarde, quando o barulho recomeçou. Mas Evans não estava lá. Em seu lugar havia um enorme buquê de rosas vermelhas, uma pequena caixinha de veludo, e um cartão alvo. Ela se sentou, e abriu a caixinha. Dentro havia um anel prateado, fino, com diamantes a sua volta. Mas era diferente. Tinha uma abertura na parte superior. Scarlett franziu a sobrancelha. No céu da caixinha preta havia uma frase branca: "Pra aquilo que se quer pra sempre.". Scarlett olhou a aliança em sua mão esquerda. Sorriu, e colocou o anel no anular esquerdo, o mesmo dedo da aliança. Encostou os dois anéis delicadamente, e eles se encaixaram. Ela pegou o cartão, e lá havia apenas uma frase: É um contentamento descontente. Ela olhou as flores, e sorriu mais ainda. Ficou ali, observando o anel, por vários minutos. Mas depois se levantou. O dia dos apaixonados ainda precisava ser vivido.
Então, as 8:00hs, todos saíram de casa. Demorou mais ou menos uma hora até chegarem lá. Kate usava uma roupa de banho branca; Scarlett, um maiô preto, de costas nuas e decote em V, avançado pra sua época; Elizabeth, um maiô vermelho; Mercedes, roupa de banho rosa. Os homens usavam bermudões de banho, inclusive o pequeno Pedro. O lugar era lindo. Tinha uma fileira de árvores em volta. A cachoeira era enorme. Se Scarlett tinha alguma ideia de paraíso, era aquilo. Mirta lhes preparou uma cesta de piquenique, e Kate pôs-se a arrumar as coisas em cima de uma toalha quadriculada. Théo e Mercedes correram pra água. Pedro jazia sentado no colo de Downey, que estava encostado em uma árvore. Evans estava encostado em outra, olhando a mulher.

- Ei, não me olha assim! - Reclamou, puxando o rosto dele pra si. Evans olhava o corpo dela, coberto pelo maiô, com o olhar cobiçoso. Ele riu do embaraçamento da esposa.
- Qual o problema? - Perguntou, sorrindo pra ela.
- Todos os problemas. - Rebateu, fazendo bico. Evans beijou o bico dela, que sorriu - Adorei o presente. - Agradeceu.
- Eu estava procurando outra coisa. Mas eu vi você com esse anel quando achei ele. - Ele pegou a mão esquerda nela, onde os dois anéis estavam juntos.
- Abre a boca. - Ela pegou um morango numa taça que estava perto de si. Evans ergueu a sobrancelha - Vamos lá! - Insistiu, com o morango na mão. Evans entreabriu os lábios, de muita má vontade.

Scarlett fez sinal negativo com a cabeça e mordeu um pedaço do morango, beijando-o em seguida. Evans tinha que reconhecer que foi pego de surpresa. Mas Scarlett era uma surpresa ambulante. Ela se amparou no peito dele, que segurou ela pelo rosto, trazendo-a pra si. O beijo tinha o gosto da boca dos dois, e o sabor predominante do morango. Os dois se beijaram até que o ar faltou, obrigando-os a se soltarem. Scarlett encarou ele por um bom tempo, instigando-o com o olhar.

- Provoca, Scarlett. Mas depois não reclame. - Alertou.
- Porque eu reclamaria? - Perguntou, passando a ponta dos dedos no peito dele, e ainda provocando-o com seu olhar.
- Gostosa. - Acusou, sorrindo de canto, perdido pelo olhar dela.
- Vou tomar banho. - Disse, antes de selar os lábios com os dele, mordiscando a boca do marido, que sorriu.

Scarlett se levantou e caminhou até a borda do rio, que não corria muito no ponto onde ela estava. Olhou a água por um momento, tocando-a com a ponta do pé. Parecia estar ótima. Ela deu um pulinho, e caiu de ponta, sumindo debaixo d'água. Isso fez Evans lembrar de uma cena a anos atrás: Jovens em uma praia, uma morena de olhos verdes oblíquos e dissimulados caminhou até a ponta de uma pedra alta aos risos, e pulou, desaparecendo no mar em seguida. Ele balançou a cabeça de leve, espantando a lembrança, e voltou a contemplar Scarlett submersa. Evans olhou Scarlett por minutos a fio. Viu quando ela emergiu, jogando os cabelos louros pros lados. Théo e Mercedes estavam perto da queda da cachoeira, Elizabeth, Jeremy, Kate, Downey e Pedro estavam sentados na grama, então Scarlett estava sozinha.

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