Capítulo 13 ✔

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Há algumas batidas na porta e meu coração dispara

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Há algumas batidas na porta e meu coração dispara. Será que Enzo esqueceu-se de alguma coisa?

Oh, pensando nisso, sua jaqueta ainda protege o meu corpo do frio noturno.

Tia Ágata está ocupada na cozinha, preocupada com o filho, insistindo no telefone e minha mãe ainda não voltou para casa. Segundo fiquei sabendo pela tia Ágata, ela foi convidada para um jantar pelo seu grande amigo e meu ortopedista: o doutor Roberts.

 Estimulada pela ansiedade, confusa, levanto-me e vou atender quem aguarda lá fora na varanda, protegido do impiedoso temporal que açoita as envidraçadas janelas do enorme casarão de tia Ágata, ocasionando uma melodia irregular e tensa.

Minhas tórridas lembranças do professor Raymond são cruelmente varridas de minha cabeça quando pouso os meus olhos no homem que tanto insistia na porta da casa de tia Ágata, naquela estranha noite tão desbotada.

Senhor Hayes está cabisbaixo, derrotado, nos confins de um inferno sem limites. Parecia verdadeiramente arrependido com o tamanho desmedido de sua arrogância e do seu egoísmo. Os olhos eram opacos e trêmulos, e traziam à superfície de minha vida todos os momentos alegres e sinceros quando criança.

— Senhor Hayes..? — Eu luto para ainda parecer firme e indiferente a sua decadência, tentando e falhando como quando pequena.

Lembro-me que machuquei o joelho na aspereza da calçada quando soltou minha bicicleta, acreditando em mim e, no entanto, eu falhei inocentemente. O Papai veio correndo para me reerguer, aninhando-me ao seu peito e recitando trechos confortantes que lia para mim à noite, tentando me manter distraída até estar sob os cuidados da mamãe.

Então, diante de minha atordoada descrença, desabou, apoiado em seus joelhos. Os ombros caídos em sinal de inteira derrota, um rastro cristalino escorrendo do canto de seus olhos amendoados. Oh, o que pensa estar fazendo?

— Papai, levante-se daí, o que é isso?

— Eu não posso, Anna, não posso. Como espera que eu tenha forças para levantar se da onde apanho essa força, simplesmente não há mais o que colher?

— Papai, para com isso, por favor. Levante-se agora.

Ele parecia acabado e não atendia a meu melancólico e assustado pedido, se deixando ser consumindo pelas ruínas sem sequer tentar resistir e lutar.

— Levante-se, vamos. — Eu olho para o seu estado infeliz com pesar. — Papai...

E simplesmente não consigo mais articular absolutamente nada, meus ombros tremendo sem freio, minha garganta inflamada e dolorida.

Amores Proibidos - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora