Capítulo 36

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Talita


Eu estava completamente indecisa do que vestir. Eduarda havia me dito que o lugar era descontraído e despojado. Era um restaurante/bar. Ela parecia querer me deixar tranquila e conseguiu.

Optei por um shorts jeans um pouco curto, uma blusinha de alças soltinha no corpo. E nós pés uma sandália sem saltos e bastante confortável.

Uma maquiagem leve e brilho nos lábios para realçar uma das minhas qualidades.

O interfone tocou e o Anderson – Porteiro camarada – me  informou que havia uma gata esperando por mim.

Ele era assim, soltinho demais. Mais eu gostava da espontaneidade dele.

- Já estou descendo! – avisei.

Dei uma última olhada no espelho e desci. Não queria deixar ela me esperando por muito tempo.

- Oi! – ela parecia ter gostado do que estava vendo.

- Demais? – perguntei com um pouco de receio.

- Não! – ela balançou a cabeça rapidamente – Você está linda.

- Obrigada! – E deixei meus pulmões respirarem.

- Vamos? – ela abriu a porta de trás de um carro que não era seu. - Eu resolvi vir de Uber, não sabia ao certo se iríamos beber, então resolvi me precaver.

- Bem pensando senhorita Eduarda. – ela riu e eu entrei no carro.

Fomos o caminho em silêncio, mas nossos olhos se cruzavam por várias vezes. Causando arrepios na minha espinha, cada vez que ela sorria graciosa.

Eu não conseguia mais fingir, nem por milhões de dólares. Eu a amo com toda certeza do mundo. Como podia sentir algo tão forte depois de tanto tempo.

Era avassalador a forma como ela fazia eu me sentir.


Sentamos em uma mesa no canto, o lugar era como ela disse despojado, com uma galera bem descolada, e ela parecia a vontade.

- E aí Duda? O que vai hoje? – um rapaz super animado perguntou ao se aproximar.

- Prefere comer algo a antes? – ela me perguntou.

- Não estou com fome, mais aceito uma cerveja.

- Então duas cervejas Diego, por favor.

- Fechou Duda! – ele saiu sorridente e eu fiquei intrigada.

- Eu venho aqui com o Eduardo sempre que podemos. Foi ele quem descobriu esse lugar e eu achei incrível, então sempre que posso venho até aqui.

- Hummm entendi! – nossa cerveja chegou. – Então você é tipo sócia do lugar – eu brinquei.

- É pode se dizer que sim! – ela entrou na brincadeira – tenho até uma carteirinha vip.

- Uau! Isso sim é poder... – zombei.

- Você não viu nada ainda.

Eu adoro ver ela assim, solta e a vontade. Era como nós velhos tempos. Antes de acontecer todas as coisas desagradáveis.

- Você foi embora rápido ontem? – ela perguntou com delicadeza.

- É eu fui... E desculpa não ter me despedido. Mais tudo ficou demais e eu estava me sentindo sufocada.

- Eu sinto muito por você ter presenciado minha discussão com a Flávia.

- Eu fiquei um pouco surpresa no início, no fundo eu achei que vocês duas já estavam resolvidas. Então não teria mais drama. 

- Como você poderia saber, não é mesmo?! Nem mesmo sabia se tinha terminado tudo bem. Já que ela colocou um ponto final e não me deixou argumentar. Ela simplesmente decidiu e aí ontem ela quis cobrar uma posição minha, foi estranho.

- Fim de relacionamento é complicado.

- É... Mais não precisava ter sido daquele jeito. – ela deu de ombros. – Mas vamos mudar de assunto. Eu soube que você e minha mãe se encontraram.

- Pois é... Eu fui atrás de um apartamento, e para minha sorte ele não da sua mãe. AFF quase morri quando levantei a cabeça e vi ela parada na minha frente.

- Mais pelo visto correu tudo bem.

- Correu sim... Eu me desculpei e tivemos uma conversa agradável.

- Ela e seu pai passaram a noite juntos. Eu vi ele saindo hoje pela manhã.

- Sua mãe merece um homem melhor. – Soltei minha raiva ao vento.

- Ela o ama. – Duda tentou argumentar.

- Meu pêsames a ela...

- Caramba você realmente o odeia.

- Não sei se ódio é a palavra certa, mais sim eu tenho um ressentimento real. Ele me abandonou Eduarda e depois veio atrás como se nada tivesse acontecido. Mais basicamente ele se livrou do problema e seguiu a vida dele e eu a minha.

- Eu entendo... E as namoradas. – eu gargalhei, não pude evitar. – o que falei de engraçado? – ela parecia um pouco ofendida.

- Nada de engraçado... É que eu não tenho namorada e não tive depois de você.

- Sério? – ela pareceu surpresa.

- Cada um reage a situações de forma diferente. Eu me envolvi com várias mulheres, muitas delas para afrontar minha mãe. Mais nunca consegui me entregar, nunca aprofundei minhas relações.

- Humm.... Talita sendo Talita.

- Mais ou menos isso, voltei ao meu antigo eu. Nada de me envolver amorosamente. – eu ri.

- E essa situação é permanente? – ela perguntou com cautela.

- Depende... – fui vaga.

- Depende do quê? – ela ficou curiosa.

- Do que vai acontecer de agora em diante. – Dei de ombros – como vai ser de agora em diante? – perguntei a ela.

- Como assim? – ela parecia não entender.

- Nos estávamos no meio de algo, quando sua ex apareceu...

- Ah entendi. Você é sempre direta não é mesmo?! Sem rodeios.

- Eu sou ansiosa, gosto de resolver as coisas com rapidez. – dei de ombros mais uma vez.

Ela parecia não querer entrar no assunto, então não quis forçar.

Pedimos outra cerveja e outra, e mais outra até que já estávamos levemente alteradas e falando besteira. Rindo a toa de lembranças ótimas e falando sobre nosso futuro profissional.

Eduarda me confidenciou que quer abrir sua própria firma de engenharia e arquitetura. Isso me fez querer saber mais, por que é um sonho meu também.

Já estávamos falando enrolado, quando resolvemos que era hora de ir. Na hora de pagar a conta foi uma briga. Até que a Eduarda aceitou rachar a conta.

- Pra onde primeiro? – perguntei para ela.

- Eu te deixo no seu ap e depois vou pra casa. – ela estava decidida.

Seu tom foi claro, sem discussões. Paramos em frente ao prédio que eu moro.

- Você poderia entrar e tomar mais uma cerveja, não é mesmo? – eu queria demais que ela entrasse.

Era a chance de ficarmos finalmente sozinhas.

- Acho melhor não.

' E toma esse balde de gelo'

- Amanhã a gente tem muito trabalho – ela continuou – não quero ariscar e perder hora amanhã.

- Você tem certeza? – insisti.

- Tenho sim, Talita. Da próxima vez eu aceito essa cerveja.

- Espero que seja logo. – eu estava atirada.

- Vai ser! – ela afirmou.



Eduarda

Complicações do Amor ( Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora