Capítulo Único

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  O dia dos namorados, para muitos é uma data em que é necessário se estar com outra pessoa ao lado. Para muitos solteiros é como um tapa na cara. E para uma outros era apenas mais um dia do ano. 

  Mas para Nagisa, desde o inicio do relacionamento, sempre foi uma desculpa para passar o dia inteiro colado no namorado assistindo filmes melosos, que nenhum dos dois veria em qualquer outra data do ano, e trocando carícias debaixo das cobertas.

  Isso pelo menos até aquele ano, em que seu namorado, sem a menor consideração pelos sentimentos alheios, decidiu fazer uma viagem de negócios, para sabe-se lá aonde, poucos dias antes do dia dos namorados só podendo voltar dali a dois dias. 

  Só esse pensamento já faia Nagisa emburrar, fechando a cara automaticamente ainda caminhando sem rumo pelas ruas movimentadas e repletas de casais abraçados. Não sabia nem porque havia saído de casa. Quando percebeu já estava em meio ao grande centro de Tókio.

  É claro que sabia que a falta de noção e sensibilidade do chefe do ruivo não era culpa do garoto. Mas ainda assim era realmente muito mais fácil direcionar sua raiva ao ruivo.

  Sorriu pequeno com o pensamento e apressando um pouco o passo se virou em direção ao apartamento que atualmente dividia com o ruivo endiabrado, parando primeiramente na primeira loja de conveniência que encontrou saindo da mesma com um grande pote de sorvete de morango que iria fazer questão de esfregar na cara de Karma mais tarde.

  Quando chegou no local, passou pela porta deixando a sacola com a sobremesa na mesa de centro sentindo, logo em seguida, o celular vibrar em seu bolso com o sinal de uma notificação que chegara assim que o aparelho se conectou com o wi-fi do apartamento.

  Desbloqueando o celular abriu a conversa com o ruivo, que tinha o nome enfeitado de corações de todas as cores disponíveis da forma mais bregamente proposital possível, sorrindo ao ver o grande texto cheio de bordões clichês que sabia que o ruivo nunca diria pessoalmente e que devia ser fruto de uma extensa pesquisa nos mais melosos sites da internet.

  Ainda sorrindo, o azulado copiou e colou o texto que havia deixado pronto, antecipadamente, para a situação, enviando o mesmo para o outro e guardando o celular logo após ver que não teria uma resposta do ruivo que naquele momento, pelo fuso horário, deveria estar no horário de almoço.

  "- O dia dos namorados já é brega por si só. Apenas estou entrando no clima."

  Foi o que o ruivo disse logo após enviar o primeiro (de muitos) daqueles textos, com um simples dar de ombros e sorriso de canto que contrastavam com o rubor que enfeitava suas bochechas.

  No final aquele texto meloso, que aqueceu seu peito de uma forma a qual não estava acostumado, virou uma tradição anual do casal. Ou talvez até uma competição onde ambos tentavam descobrir qual dos dois ficaria diabético primeiro. 

  Riu sozinho com o próprio pensamento se aconchegando nas cobertas. 

  Sozinho.

  Era nesses momentos que percebia o que a falta do namorado fazia com sigo.

  Suspirou desanimado se esticando para pegar o sorvete que permanecia na mesa de centro bufando irritado ao se lembrar que havia esquecido de pegar uma colher para si. Nada de novo sobre o sol.

  Saindo das cobertas a contra gosto foi em direção a 'pequena' cozinha do apartamento saindo de lá com a colher em mãos e se sentando novamente no sofá vendo o celular vibrar novamente com a chegada de mais uma notificação.

  A abriu sem pensar muito no assunto vendo um áudio de poucos segundos na barra de conversas do namorado, não demorando a dar play no mesmo ouvindo a voz que tanto lhe fez falta nos últimos dias que falava um simples "eu te amo" que fez um grande sorriso surgir em seu rosto.

Eu te amoWhere stories live. Discover now