Eu tinha acabado de receber a notícia de que tinha passado para a monitoria da faculdade. Eu daria aula de Inglês I e receberia um pouco de dinheiro. Não seria muito, mas já iria conseguir aliviar um pouco aos meus pais. Olhei para a hora e vi que eles ainda não deveriam ter chegado do trabalho, então resolvi ir para a sala de música e tocar um pouco de piano.
Tocar era meu hobby preferido. Eu tinha aprendido quando era mais novo e na escola deram aula – optativa – de piano. Foi como realizar um sonho e eu não conseguia imaginar uma comemoração melhor, para mim, do que deixar que meus dedos dedilhassem aquelas teclas musicais.-Yixing? – ouvi me chamarem e parei de tocar. – Sabia que era você! – Luhan sorriu e entrou na sala. – Soube que passou na prova. Parabéns, cara! Você realmente é o maior CR de Letras Mandarim/Inglês.
-Para com isso, Lu. – pedi e tinha certeza que corei. Luhan era meu melhor amigo e estudava na mesma sala que eu.
-Eu gosto de te ver sem jeito. – ele retrucou rindo. – O que você está fazendo aqui? Vai pra casa contar pros seus pais logo. Não foi você mesmo que disse que seus pais estavam com dívidas?
-Mas eles ainda não chegaram, por isso eu quis vir comemorar. – expliquei e ele riu.
-Você devia seguir a carreira artística. Você iria ser um idol maravilhoso...
-Mas a carreira de idol não é muito segura, você sabe. E meus pais precisam que eu tenha um emprego fixo... Meu pai está ficando viciado cada vez mais e esses jogos de azar estão tirando toda nossa renda. – desabafei e meu amigo sentou ao meu lado, fazendo carinho em meus cabelos.
-Sabe que se precisar de mim, sempre estarei ao seu lado né? – ele questionou e eu concordei. – Agora sorria. Você passou pra única vaga de monitoria que tinha e agora vai receber por isso. Bora! Sorria!
E eu sorri, porque Luhan tinha o poder de sempre me fazer sorrir. Eu ainda me perguntava como ele tinha ido parar na mesma escolinha que eu, sendo tão rico. Os senhores Lu eram excelentes. Eu ficava – até hoje – fascinado com a iniciativa deles de porem o filho em um colégio público, para que ele não crescesse mimado.
-x-Depois de ter tocado piano e ouvido meu melhor amigo cantar, fomos tomar um sorvete. O sol estava lindo e o dia parecia sorrir para mim. Era uma das minhas poucas felicidades, desde que meu pai se envolveu com jogos de azar. De qualquer forma, com a possibilidade de não ter mais que pagar minha passagem, isso já poderia ajudar minha mãe a segurar o dinheiro para pagar as contas.
Com o fone de ouvido e cantarolando, eu caminhava com um leve sorriso no rosto. Eu me sentia leve. Comecei a avistar minha casa e franzi o cenho ao notar que existiam carros luxuosos em frente ao meu lar. Apressei o passo e peguei o celular, para poder encerrar a reprodução de música quando a que eu ouvia acabasse.
A música acabou e eu estava a 10 passos de distância do meu lar. Encerrei a reprodução musical e guardei meus fones. Com os ouvidos livres de qualquer som, comecei a escutar gritos e choros. Aquela voz era da minha mãe. Corri e entrei em casa, encontrando vários homens vestidos de preto e derrubando nossas coisas. Minha mãe chorava e gritava, enquanto meu pai tentava conversar com eles.
-XING! – minha mãe me gritou, ao me ver, e correu para meus braços. – Filho, foge daqui. Rápido, foge!
-O que está acontecendo? – questionei e vi os homens de preto me olharem.
-Ele é o filho de vocês? – perguntou o mais alto e eu fiz que sim. – Ótimo, agora os senhores estão liberados das dívidas. – ele avisou e veio em minha direção.
-Corre! – minha mãe gritou, mas eu não conseguia me mexer. Estava sem entender o que realmente acontecia.
Meu momento de hesitação fez com que homens segurassem meu braço e começassem a me arrastar para fora da casa. Foi neste momento que despertei. Comecei a me debater e gritar, enquanto minha mãe tentava correr até mim e era segurada pelo meu pai. Eu não entendia o que estava acontecendo, por que eu estava sendo levado? Que dívida era aquela?
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Angel
FanfictionYixing sempre esperava pelo dia que teria chance de ajudar a pagar as contas em casa. Se não pudesse ajudar, que pelo menos fosse menos uma despesa. Seu pai, um viciado em jogos de azar, não ajudava em uma melhoria de vida e só afundava a família em...