04| Los Angeles: Cidade dos anjos ou demônios? (Parte II)

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Em algum corredor do LAX, 12h45. 

"Que família louca!" O comandante falava, enquanto caminhava comigo. "Se eu soubesse, teria me inscrito no programa, e você poderia ficar com minha esposa em Sacramento, ela iria amar a companhia."

Ele tinha duas filhas, e as duas já estavam na faculdade. Sua esposa, que não me recordo o nome, parecia adorável e muito solitária. O momento todo que ele me guiava ela mandava mensagens, falando que estava esperando por ele. Ele mandou uma dizendo que só iria depois que me ajudasse. “É por isso que eu te amo. Boa sorte para você, Monica!” Ele me mostrou a resposta dela, enquanto subíamos a escada rolante. Naquele momento, desejei que pudesse ir para a família deles. Ele resmungava algo sobre a sala de embarque especial, mas tudo que eu via era o celular e como já estava quase desistindo.

"Ajuda se você não olhar muito, estamos perto." Ele tentava me tranquilizar, do mesmo jeito que Rex fez. "Aliás," ele deu uma súbita parada. "É aqui!" Ele apontou para uma sala, onde tinham três funcionários e uma fila de pessoas.

"Sala de Embarque especial 2, é aqui mesmo!" Falei histérica. 

"Os senhores tem permissão para estar aqui?" O funcionário com uma expressão bem dura no rosto, falou, me tirando do meu êxtase.

O comandante mostrou a ele um papel, que a moça do balcão da AA tinha dado para ele. Logo a seguir, o funcionário pediu meu passaporte e bilhete de embarque. Olhei para a fila de pessoas e olhei para Darowen, suplicando por uma solução. Ele passou pelo grande segurança, que estava do nosso lado, e foi para o centro da sala. 

"Oi, boa tarde! Ela," ele apontou para mim e senti meu rosto arder, "tem um voo para pegar em 5 minutos. Vocês se importam se ela passar na frente?" Senti que se entreolharam, concordando com a cabeça. “Mas é claro” Alguém soltou um tanto quanto malicioso, e senti meu corpo sendo analizado. Eram britânicos. Mas o sotaque de quem falou isso, era um britânico meio embolado. Mais que o normal. Não prestei atenção, eu estava ocupada abrindo as notas do meu celular e o entregando para o comandante.

"Aqui!" Estendi o celular para Darowen. "Coloque seu e-mail, por favor! Gostaria muito de escrever uma nota para te agradecer." Disse enquanto me direcionava para passar a fila. Sentia os olhares, mas só conseguia focar em Darowen. 

"Senhora, vai ter que tirar as botas!" O segundo funcionário me dizia, enquanto colocava uma espécie de caixa branca na minha frente.

"Aqui!" Ele me entregou o iPhone, dentro de uma das caixas brancas. "É Gmail, tá?

Peguei a caixa branca, joguei a bota o meu casaco e bolsa dentro dela. Virei e dei um rápido e desengonçado abraço no comandante. "Obrigada por me fazer chegar em Dallas" foi tudo o que consegui falar, enquanto tentava lançar um sorriso para ele. Não sei por que. Não tínhamos intimidade nenhuma, mas ele retribuiu o abraço sem se assustar. Segui para o detector de metal e ele apitou. Me desesperei e mostrei o colar, colocando por cima do meu ombro, como sugeria o cartaz.

"Não é o cordão, a máquina está apontando algo na parte de trás senhora!" Me informava o terceiro funcionário, à minha direta.
 
"Não tenho nada, por favor..." Minha fala soou mais como um suspiro, quase em uma súplica, e começaram a cair lágrimas dos meus olhos. Olhei para trás e o comandante já tinha ido. Me desesperei mais ainda, e mais lágrimas caíram.

"No seu bolso de trás! Tem alguma coisa!"  Um menino alto, falou e apontou para minha calça. Olhei para trás rápido e tudo que vi, dentre minhas lágrimas foram olhos verdes.  Enormes. Já vi esses olhos em algum lugar. "No direito! Bolso direito!" Ele me alertava. 

"Não, não chore. Já está quase lá!" O funcionário da esteira tentava me confortar. 

"Por favor, não chore." Mais alguém falou. Aquele mesmo sotaque engraçado de mais cedo.

"Maldito Cookie!" Apalpei o bolso direito, tirei o celular com toda a força e velocidade do bolso e o joguei na caixa branca, com raiva, que estava quase dentro daquela espécie de mini cabine preta.

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