Os dois olhavam espantados para aquilo que estava escrito no centro da última página do diário.
Ficaram alguns segundos assim, até que Alex ficou incomodada e decidiu falar.
— Ouviste o que disse?
Xiumin assentiu com a cabeça mas continuava a olhar fixamente para o diário e sem pronunciar uma única palavra.
Alex percebeu que aquilo estava a perturbá-lo e decidiu fechar o diário de uma vez. Mas a reação de Xiumin foi inesperada.
— O que é que estás a fazer? Dá-me isso!
Arrancou o diário das mãos de Alex e voltou a permanecer o silêncio, mas pesado do que o anterior.
— Se calhar é melhor deixar-te a ler isso sozinho.
Alex estava para se levantar da cama mas Xiumin rapidamente a segurou pelo braço.
— Desculpa. Não te queria falar assim. Só estou um pouco surpreso... É nervoso.
— Nervoso? Porquê?
— Eu não sei se quero saber ou ler alguma coisa que esteja neste diário.
— Desculpa voltar a perguntar, mas porque é que pensas assim? — Xiumin suspirou.
— Eu não sei... não sei o que esperar do que pode estar aí escrito. Tenho um pouco de medo...
— Eu entendo. Por isso, acho que devias ler isso sozinho. É uma coisa muito pessoal.
— Não. Isto é uma coisa dos dois, tu é que me tens ajudado este tempo todo.
Alex sorriu e Xiumin voltou ao início do diário, respirando fundo. Mas antes que pudessem começar, o telemóvel da mesma toca.
— Bom, acho que deixamos isto para amanhã. Boa noite.
Alex voltou a sorrir e desta vez Xiumin retribiu. Quando viu que o mesmo já tinha ido, atendeu.
Era Connor. Cada vez que sentia menos vontade de falar ou mesmo estar com Connor, nada comparado com há uns meses atrás.
Era estranho... e confuso.
Chamada
— Alex! Finalmente. Então, já voltaste?
— Desculpa, andei um pouco ocupada. Sim, cheguei há pouco mais de uma hora.
— Amanhã vou esperar por ti no portão da escola. Estou cheio de saudades tuas — as suas palavras eram sinceras, mas Alex não sentiu a necessidade de as retribuir.
— Eu não devo de chegar muito tarde. Tenho que ir à biblioteca.
— Tudo bem. Então, até amanhã. Adoro-te.
— Até amanhã, Connor.
Alex desligou a chamada e suspirou, encostando-se à cabeceira da cama.
Esperava não ter sido muito fria com o namorado e que Connor não reparasse na confusão que ia na sua cabeça.
Duas longas semanas se passaram. Tinham sido muito longas, demasiados longas para Alex.
A sua cabeça andava à roda com tantos pensamentos e sentimentos, assim como tudo estava confuso... principalmente em relação a Connor.
Os beijos não tinham o mesmo sentimento, já não sentia qualquer sentimento forte cada vez que estava perto dele ou quando ele a acariciava.
Já não sentia nada por Connor... era isso? Mas porquê tão de repente e sem qualquer razão aparente?
Bom, depois havia outro assunto. E esse sim, era algo que a deixava entusiasmada e curiosa. O diário de Xiumin.
Durante estas duas semanas, conseguiram descobrir muita coisa, mas nada que fosse escandaloso ou fora do normal.
Xiumin tinha começado a escrever aquele diário com 15 anos. Tinha nascido dia 5 de maio de 1911. A sua vida era como de todos os adolescentes da sua idade. Saía com os amigos, faltava de vez em quando às aulas, era apaixonado por Basketball e a adorava ser elogiado e fartava de se vangloriar por ter sempre as miúdas todas aos seus pés. Vivia apenas com a mãe, o pai nunca o chegou a conhecer e não tinha irmãos.
De resto, não tinham descoberto mais nada de interessante. Mas ainda nem iam a meio.
Todas as noites liam um pouco juntos, mas a maioria Alex acabava sempre por adormecer a meio, já que começava novamente a época de trabalhos e testes da escola.
Mas Xiumin acabava por ficar sempre ainda alguns minutos a olhar para Alex a dormir, acariciando-lhe o cabelo ou apenas apreciando-a.
Era maravilhosa a sensação dos cabelos da garota entre os seus dedos. O seu cheiro era cada vez mais viciante e os seus olhos... eram algo de outro mundo.
Tinha a certeza, agora não era uma pergunta ou dúvida. Agora estava certo do que sentia.
Estava completamente apaixonado por Alex.
— Alex... Alex? Estás-me a ouvir?
Alex voltou do seu mundo depois de ouvir Connor chamar a sua atenção. Já quanto tempo estaria o mesmo a falar para o boneco?
— Desculpa. Estavas a dizer? — os dois encontravam-se no bar da escola, em uma das mesas.
— Alex... o que é que se passa contigo?
— Quê?
— Sim, o que é que se está a passar contigo? Ultimamente tens andado tão distante... parece que estou sempre a falar sozinho.
— Desculpa... sim, tens razão, não tenho andado muito bem.
— O que é que se anda a passar contigo? Podes contar-me.
Alex suspirou. Não podia simplesmente dizer ao próprio namorado que o que seu sentimento por ele já não era o mesmo, que cada vez mais sentia menos vontade de o beijar, de estar com ele, apesar de saber que não queria, de todo, perder a amizade dele.
— Só estou um pouco ansiosa... e nervosa.
— Mas porquê? Aconteceu alguma coisa?
— Estou com algumas dificuldades em estudar por causa dos testes.
— Então porque é que não me pediste ajuda antes?
— Desculpa. Ando um pouco perdida em relação a tudo.
— Não te preocupes. Eu ajudo-te. Vai tudo correr bem.
Alex sorriu e por momentos sentiu necessidade de abraça-lo.
A sua amizade, agora só isso, era a melhor coisa que lhe podia ter acontecido e sentia um peso enorme na consciência de lhe estar a esconder o verdadeiro motivo de toda a sua distância.
Combinaram ter mais uma hora de estudos juntos todos os dias até acabarem os testes.
Quando Alex voltou para casa depois das aulas, o seu pai já tinha ido para o hospital para o turno da tarde. Ou seja, estava sozinha e com tempo para pensar naquilo que andava a fazer da sua vida.
A sua vida amorosa estava um caos. Teria de haver um motivo para sua súbita perda de interesse por Connor, mas qual?
Entrou no quarto, atirou a mochila para a cama e sentou-se em frente à sua secretária. Deixou cair a cabeça em cima da mesa e respirou fundo.
Ficou alguns segundos assim, até que se lembrou que tinha de almoçar, depois de ouvir o seu estômago roncar.
Quando se levantou, reparou em um papel grosso e branco amarrotado, atirado no chão. De repente, lembrou-se do que seria aquele papel.
Agarrou no mesmo, abriu-o e meu novamente o que estava ali escrito.
Seria aquilo um sinal de que deveria entender o que se estava a passar consigo?
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My Sweet Ghost | Xiumin
FanficO que farias se te mudasses para uma casa onde vive um espírito? Alex nunca pensou ficar tão ligada a um ser sobrenatural. ✅ CONCLUIDA ➼ copyright © xisweet 2018 | todos os direitos reservados