✖️ Capítulo 23 ✖️

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Os dois olhavam espantados para aquilo que estava escrito no centro da última página do diário.

Ficaram alguns segundos assim, até que Alex ficou incomodada e decidiu falar.

Ouviste o que disse?

Xiumin assentiu com a cabeça mas continuava a olhar fixamente para o diário e sem pronunciar uma única palavra.

Alex percebeu que aquilo estava a perturbá-lo e decidiu fechar o diário de uma vez. Mas a reação de Xiumin foi inesperada.

O que é que estás a fazer? Dá-me isso!

Arrancou o diário das mãos de Alex e voltou a permanecer o silêncio, mas pesado do que o anterior.

Se calhar é melhor deixar-te a ler isso sozinho.

Alex estava para se levantar da cama mas Xiumin rapidamente a segurou pelo braço.

Desculpa. Não te queria falar assim. Só estou um pouco surpreso... É nervoso.

Nervoso? Porquê?

Eu não sei se quero saber ou ler alguma coisa que esteja neste diário.

Desculpa voltar a perguntar, mas porque é que pensas assim? — Xiumin suspirou.

Eu não sei... não sei o que esperar do que pode estar aí escrito. Tenho um pouco de medo...

Eu entendo. Por isso, acho que devias ler isso sozinho. É uma coisa muito pessoal.

Não. Isto é uma coisa dos dois, tu é que me tens ajudado este tempo todo.

Alex sorriu e Xiumin voltou ao início do diário, respirando fundo. Mas antes que pudessem começar, o telemóvel da mesma toca.

Bom, acho que deixamos isto para amanhã. Boa noite.

Alex voltou a sorrir e desta vez Xiumin retribiu. Quando viu que o mesmo já tinha ido, atendeu.

Era Connor. Cada vez que sentia menos vontade de falar ou mesmo estar com Connor, nada comparado com há uns meses atrás.

Era estranho... e confuso.

Chamada

Alex! Finalmente. Então, já voltaste?

Desculpa, andei um pouco ocupada. Sim, cheguei há pouco mais de uma hora.

Amanhã vou esperar por ti no portão da escola. Estou cheio de saudades tuas — as suas palavras eram sinceras, mas Alex não sentiu a necessidade de as retribuir.

Eu não devo de chegar muito tarde. Tenho que ir à biblioteca.

Tudo bem. Então, até amanhã. Adoro-te.

Até amanhã, Connor.

Alex desligou a chamada e suspirou, encostando-se à cabeceira da cama.

Esperava não ter sido muito fria com o namorado e que Connor não reparasse na confusão que ia na sua cabeça.

Duas longas semanas se passaram. Tinham sido muito longas, demasiados longas para Alex.

A sua cabeça andava à roda com tantos pensamentos e sentimentos, assim como tudo estava confuso... principalmente em relação a Connor.

Os beijos não tinham o mesmo sentimento, já não sentia qualquer sentimento forte cada vez que estava perto dele ou quando ele a acariciava.

Já não sentia nada por Connor... era isso? Mas porquê tão de repente e sem qualquer razão aparente?

Bom, depois havia outro assunto. E esse sim, era algo que a deixava entusiasmada e curiosa. O diário de Xiumin.

Durante estas duas semanas, conseguiram descobrir muita coisa, mas nada que fosse escandaloso ou fora do normal.

Xiumin tinha começado a escrever aquele diário com 15 anos. Tinha nascido dia 5 de maio de 1911. A sua vida era como de todos os adolescentes da sua idade. Saía com os amigos, faltava de vez em quando às aulas, era apaixonado por Basketball e a adorava ser elogiado e fartava de se vangloriar por ter sempre as miúdas todas aos seus pés. Vivia apenas com a mãe, o pai nunca o chegou a conhecer e não tinha irmãos.

De resto, não tinham descoberto mais nada de interessante. Mas ainda nem iam a meio.

Todas as noites liam um pouco juntos, mas a maioria Alex acabava sempre por adormecer a meio, já que começava novamente a época de trabalhos e testes da escola.

Mas Xiumin acabava por ficar sempre ainda alguns minutos a olhar para Alex a dormir, acariciando-lhe o cabelo ou apenas apreciando-a.

Era maravilhosa a sensação dos cabelos da garota entre os seus dedos. O seu cheiro era cada vez mais viciante e os seus olhos... eram algo de outro mundo.

Tinha a certeza, agora não era uma pergunta ou dúvida. Agora estava certo do que sentia.

Estava completamente apaixonado por Alex.

Alex... Alex? Estás-me a ouvir?

Alex voltou do seu mundo depois de ouvir Connor chamar a sua atenção. Já quanto tempo estaria o mesmo a falar para o boneco?

Desculpa. Estavas a dizer? — os dois encontravam-se no bar da escola, em uma das mesas.

Alex... o que é que se passa contigo?

Quê?

Sim, o que é que se está a passar contigo? Ultimamente tens andado tão distante... parece que estou sempre a falar sozinho.

Desculpa... sim, tens razão, não tenho andado muito bem.

O que é que se anda a passar contigo? Podes contar-me.

Alex suspirou. Não podia simplesmente dizer ao próprio namorado que o que seu sentimento por ele já não era o mesmo, que cada vez mais sentia menos vontade de o beijar, de estar com ele, apesar de saber que não queria, de todo, perder a amizade dele.

Só estou um pouco ansiosa... e nervosa.

Mas porquê? Aconteceu alguma coisa?

Estou com algumas dificuldades em estudar por causa dos testes.

Então porque é que não me pediste ajuda antes?

Desculpa. Ando um pouco perdida em relação a tudo.

Não te preocupes. Eu ajudo-te. Vai tudo correr bem.

Alex sorriu e por momentos sentiu necessidade de abraça-lo.

A sua amizade, agora só isso, era a melhor coisa que lhe podia ter acontecido e sentia um peso enorme na consciência de lhe estar a esconder o verdadeiro motivo de toda a sua distância.

Combinaram ter mais uma hora de estudos juntos todos os dias até acabarem os testes.

Quando Alex voltou para casa depois das aulas, o seu pai já tinha ido para o hospital para o turno da tarde. Ou seja, estava sozinha e com tempo para pensar naquilo que andava a fazer da sua vida.

A sua vida amorosa estava um caos. Teria de haver um motivo para sua súbita perda de interesse por Connor, mas qual?

Entrou no quarto, atirou a mochila para a cama e sentou-se em frente à sua secretária. Deixou cair a cabeça em cima da mesa e respirou fundo.

Ficou alguns segundos assim, até que se lembrou que tinha de almoçar, depois de ouvir o seu estômago roncar.

Quando se levantou, reparou em um papel grosso e branco amarrotado, atirado no chão. De repente, lembrou-se do que seria aquele papel.

Agarrou no mesmo, abriu-o e meu novamente o que estava ali escrito.

Seria aquilo um sinal de que deveria entender o que se estava a passar consigo?

My Sweet Ghost | XiuminOnde histórias criam vida. Descubra agora