Primavera | As 4 Estações [Livro I]

Capítulo 10

— Que diabos está acontecendo aqui?! — questionou Natasha, completamente indignada e confusa.

— Calma, eu posso...

— Explicar? Explicar o quê? Que a magia agora existe e que você sabe como usá-la? Por que eu deveria acreditar nisso ao invés do fato de eu estar completamente louca e imaginando coisas?

— Por favor, você precisa me ouvir — insistiu Natalia.

— Eu simplesmente não sei. Não sei o que pensar, não sei o que dizer, não sei o que fazer, eu não sei de nada. Eu acho que se um meteoro caísse na minha cabeça, eu nem sequer saberia como morrer.

Não sabendo como acalmar a irmã, Natalia escolheu o caminho mais fácil, preferindo lidar com esse problema apenas no dia seguinte. Fechando os olhos, recitou um encantamento conhecido como "Sono do pôr do sol", que fez com que Natasha dormisse instantaneamente.

— Desculpa, maninha, prometo que um dia você saberá de tudo, mas essa não é a melhor maneira — Natalia disse isso com lágrimas nos olhos, pois sabia que não conseguiria aguentar essa mentira por muito tempo, e isso a levaria à ruína. Para ela, pouco importava o que aconteceria, o amor de Natasha era e sempre seria a coisa mais importante em sua vida, e ela morreria antes de deixá-lo morrer.

***

Vendo que seu oponente se reerguia, Jhonny percebeu que aquela luta não seria tão simples qaunto havia pensado. Sempre soube que os Dawcold eram perigosos, mas lutar contra um deles era totalmente novo para ele, não havia aprendido como lidar com isso nas aulas teóricas.

— Acha que isso é o suficiente para me derrubar? — disse o Dawcold, enquanto tirava pó de sua jaqueta de couro preta.

— Não, não mesmo, mas acho que esse não é o seu território, então é melhor você ir embora antes que eu comece a jogar de verdade.

— Ah, fala sério, Springer! Você acha mesmo que está em condições de me ameaçar? Todos sabem que os poderes dos primaveris não são lá essas coisas, e para melhorar sua situação, essa terra está morrendo. Não sei que tipo de poder você acha que tem contra mim.

— Como sabe meu nome? — questionou Jhonny.

— Eu sei de muitas coisas, Jhonny. Bom, você tem sorte por eu estar aqui apenas para passar um recado.

— Um recado? De quem?

— O que aconteceu aqui foi apenas o começo. Para o bem de vocês, espero que estejam preparados na próxima. Se todos forem como você, estarão perdidos. — Dito isso, ele invocou uma ventania que o varreu dali.

— Hey, espera! — Jhonny gritou em uma tentativa frustrada de obter mais informações. — Ser imundo! Droga! — praguejou.

***

Ao acordar, Natasha sentiu uma enorme dor de cabeça e não conseguia se lembrar de tudo o que havia acontecido no dia anterior.

— Será que eu bebi? Não faz sentido algum.

— Não, não bebeu. — Natasha assustou-se ao perceber que sua irmã estava ali e, por incrível que pareça, sua mãe também. — O que você lembra do dia anterior?

— Eu lembro que fomos até a biblioteca e mais nada depois disso.

— É que você se empolgou tanto com um livro que estava na prateleira de cima, que ele acabou caindo na sua cabeça quando tentou alcançá-lo — Natalia mentiu.

— Sério? É por isso que eu estou com essa dor de cabeça? — perguntou a mais nova, enquanto levava uma de suas mãos até a cabeça.

As outras duas entreolharam-se, culpadas. A dor de cabeça era um efeito colateral do encantamento do sono.