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Três horas, vinte e quatro minutos e 36 segundos olhando um pedaço de papel branco sem criatividade do que fazer nele, uma vontade incessante de desenhar algo, como uma abstinência, um vício que eu mantinha.

Desenhar era meu ponto de escapismo, minha fuga da realidade, desenhar me acalmava, tranquilizava e terminava o desenho renovado, a satisfação de um trabalho bem feito e o significado que o desenho carregava para mim, mesmo que os outros não vissem, era importante porquê era somente para mim. Mas hoje em especial, eu queria e não queria desenhar, faz sentido? Não e eu sei disso.

Uma pessoa não saia da minha cabeça e eu não conseguia ver nada mais atrativo do que desenhar meu mais novo amor nesse pedaço de papel mas eu não queria mais um desenho dele dentre os mil outros que havia por toda a casa.

Desde o dia que você parou no clube de artes para apreciar um dos desenhos do clube e me viu desenhando num canto do clube sentado na última mesinha e a sala totalmente vazia pois era tarde e todos já haviam ido embora. Você havia ficado até mais tarde ensaiando para a peça que se aproximava e a coreografia era difícil.

Você entrou na sala receoso e curioso, eu te olhei de relance sem te olhar diretamente e você se aproximava calmante olhando tudo a sua volta, então parou bem em frente a mim e olhou meu desenho.

-- você desenha tão bem -- ele comentou, seus olhos brilhavam tanto -- você parece tão feliz desenhando.

Meu rosto se esquentou e podia jurar que estava um tomate de tão vermelho.

-- o-obrigado -- falo bem baixo e acabou gaguejando, ficando ainda mais envergonhado e limpando a garganta para tentar disfarçar e falhando miseravelmente.

-- você é fofo -- ele riu quando o olhei surpreso como se levasse um susto grande.

Esse foi o começo, depois disso começamos a conversar e eu sempre ia ao clube de dança e você no clube de arte para a gente se encontrar, eu via você ensaiar e ficava hipnotizado pela leveza de seus movimentos que acompanhavam perfeitamente a música, era como se você fosse uma marionete e a música comandasse cada movimento. Já você vinha aqui e me observava desenhar ou até ser meu modelo e como eu amava te desenhar, ainda amo.

No dia da apresentação eu fui te ver e como você estava impecável, vestido inteiro de branco com várias fitas de cetim enroladas pelos braços que compunham a peça, uma mascara branca que cobria apenas a região dos olhos. As luzes do palco todas voltadas para você, o foco total era somente você e seus belíssimos saltos que deixaram toda a platéia em êxtase e ansiosa, quando enfim terminou se soltando das vitas e retirando a máscara, você olhou de uma forma tão profunda para a platéia e então a música cessou, e todos aplaudiram de pé sua apresentação.

Depois de alguns minutos divagando e sonhando acordado com sua apresentação, me peguei desenhando sem perceber, você na apresentação dançando com a máscara e as vitas voando ao seu redor, estava ali retratado o momento ápice da música onde você girava e finalizava o ato da forma mais memorável que já presenciei na minha vida.

Me levantei e pendurei o desenho num pequeno varalzinho na minha parede, junto com outros desenhos que em sua maioria tinham significados especiais e esse seria o início do meu amor por você, Hwanwoong.

Tudo expressado numa pequena folha de papel branca.

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Espero que tenham gostado, mimos, erros na ortografia ou críticas construtivas usem os comentários para me ajudar :3

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