Harry's POV
Minha cabeça latejava insistentemente. Nick ao meu lado terminava de coar o café (ele insistia que essas modernidades tiravam o paladar original do café e se recusava a usar a cafeteira elétrica). A cada tilintar que a colher fazia, minha cabeça pendia para um lado diferente como se um grande pêndulo estivesse guiando-a.
- Amor? – ele me chamou, olhando preocupado para mim. Sorri fraco, enquanto apoiava a cabeça em minhas mãos e cravava elas em meus cabelos, puxando-os para trás – Você está se sentindo bem?
- Não muito – admiti, desistindo de me fazer de forte – Acordei com uma enxaqueca fora do normal e meu plantão começa daqui a uma hora – reclamei, fechando os olhos para evitar olhar para a luz.
- Quer que eu ligue para o hospital e desmarque seus compromissos de hoje? – Nick perguntou, se aproximando de mim e colocando as mãos em meus ombros, fazendo carinho na região – Alguma coisa séria te aguarda lá?
- Infelizmente sim – respondi, suspirando.
Louis Tomlinson me aguardava no hospital, embora não tivesse ido para as duas últimas sessões que radioterapia. Mas obviamente Nick não poderia saber disso – não ainda.
- Desse jeito você não vai ter condições de ir trabalhar, babe – meu namorado insistiu, dessa vez realmente preocupado – Da ultima vez que você teve uma dessas crises, não agüentou duas horas no hospital! – argumentou, a voz alarmada.
- Não está tão forte quanto aquela vez – falei, olhando para ele e sorrindo fraco – Prometo que se piorar, corro direto para casa.
- Por favor, não me deixe preocupado – Nick disse, chegando perto de mim e beijando meus lábios. Nick era quente como o sol e tinha um espaço único em minha vida. Era mais do que meu namorado – era meu melhor amigo, confidente e parceiro.
- Não irei – falei assim que nos separamos, colando nossas testas. Momentos como esse eram comuns em nossa vida; não tínhamos vergonha de expressar nossos sentimentos ou externar o carinho que um sentia pelo outro. Era tudo na base da sinceridade entre nós – pelo menos até a chegada de Tomlinson.
- Vou me arrumar – avisei, separando-nos e fui em direção ao nosso quarto. Tomei banho e escovei os dentes, enquanto olhava meu e-mail. Além de Louis, eu tinha mais uma paciente no final da tarde, dessa vez para uma quimioterapia – as vezes, só a radioterapia não era o suficiente. Casos assim costumavam me dar um certo receio. Me arrumei e menos de vinte minutos depois já estava pronto e indo em direção ao carro. Me despedi de Nick rapidamente, já que ele também estava atrasado, e finalmente saí de casa.
Em minha cabeça nenhum pensamento parecia fazer efeito. Tudo estava voltado para Louis e qual seria a reação dele ao me ver. É óbvio que eu iria querer explicações, afinal de contas, ele que entrou em meu consultório como um furacão. Aquele tipo de coisa ainda não fazia muito sentido em minha cabeça mas, parando para pensar, muitas coisas não faziam sentido para mim. Liguei o rádio quando já estava na autoestrada, a voz de Ed Sheeran tomando conta do meu carro. Está ai um cara que, sem dúvidas, eu daria sem pensar duas vezes. Aquele cabelo ruivo, somado com essa voz maravilhosa, me deixavam – com o perdão da palavra – duro. Eu e Nick já havíamos transado ao som de "Give me love" e, posso te falar com certeza, era excitante e ao mesmo tempo romântico. O tipo perfeito de foda.
Enquanto cantarolava outras canções que vieram a seguir, finalmente me aproximei do hospital. Em dias como aquele, em que eu conseguia me distrair ouvindo música, a viagem passava rapidamente como um borrão. Entrei no hospital e, após cinco minutos procurando uma vaga no estacionamento - por que sempre tem um babaca que toma a vaga de dois carros? - parei meu automóvel e desci. O local estava sem muitas pessoas, afinal de contas ainda era relativamente cedo e um hospital não é bem um centro de recreações. Meus passos ecoavam pelo ambiente, me deixando arrepiado. O problema em assistir muitos filmes de terror era justamente aquele.

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Two Fingers
FanfictionLouis Tomlinson é um católico fervoroso, homofóbico e tem câncer. Harry Styles é ateu, gay e é o melhor oncologista da região. Dois mundos se encontram e entram em choque, provando que, as vezes, o livro da nossa vida tem que ser escrito por nós mes...