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ANTES

POV Zabella Rose Thoreau

Las Vegas, NV

Sábado, 5:10 PM


Eu já quis parar o tempo.

Quis parar o tempo quando fui ao show da minha cantora favorita pela primeira vez. Quis parar o tempo quando consegui a minha faixa preta no Judô. Quis tanto parar o tempo, que o destino se encarregou de fazer isso da maneira dele. E esse é o mal do destino, ou pelo menos o mal do meu: Não podemos manipulá-lo.

Em transe e ainda de joelhos, meu corpo perdeu a força e eu sequer senti quando cai com tudo no chão. Minha mão direita — ainda bastante trêmula — segurava aquele objeto letal enquanto eu encarava o corpo de Mattew sem vida no chão. Quando percebi que prendia a respiração, soltei um suspiro sôfrego e então as lágrimas escorreram sem cessar e eu nem mesmo piscava os olhos.

E foi aí que eu acordei daquele pesadelo e percebi que, na verdade, aquilo era a minha realidade. Em legítima defesa, para não morrer, eu tive que matar uma pessoa.

Não qualquer pessoa.

Aquele que infelizmente um dia chamei de namorado, sem saber o quão fodida estaria no futuro. Ele era envolvido nas merdas dele, todos me diziam e eu fui tão cega que não conseguia ao menos enxergar o quanto essa história poderia acabar mal para ambos os lados.

— Meu Deus. Em que merda eu fui me meter? — sussurrei para mim mesma, alternando o olhar assustado entre o corpo no chão e a arma.

DEPOIS

Eram seis horas da noite e a única coisa que eu fiz foi entrar dentro do carro do Mattew e chorar de culpa e arrependimento. Já fiz um tanto de coisas erradas; Não era santa, nunca fui, mas sei dos meus limites e dos meus princípios. Ou pelo menos sabia.

Uma vez eu ouvi que fazer a coisa errada pelo motivo certo, ainda é errado

E esse é o ponto: Foi em legítima defesa, e apesar de todos os momentos agressivos que eu tive com Mattew, eu senti que naquela hora era diferente. Eu senti que ele iria me matar sem pensar duas vezes, e eu, sem pensar duas vezes também, acabei o fazendo primeiro. Eu matei alguém por mais suja e ruim que ela tenha sido durante a vida e agora eu me sentia tão suja e ruim quanto ele. Eu iria me entregar e estava certa disso.

Disposta a acabar com todo aquele sofrimento de uma vez por todas, tornei a girar a chave do carro com a mão direita enquanto a esquerda se encarregava de secar todas as minhas lágrimas. Um barulho ecoou junto ao do motor do carro e eu me assustei por alguns segundos. Era o meu celular. 

"Mãe" brilhava no visor e eu soltei um suspiro sôfrego. O sexto sentido dessa mulher nunca falhou. 

— Oi. — Me limitei.

— Bella? — Parecia preocupada. — Eu sei que brigamos mês passado e desde então nunca mais nos falamos, mas... Bom, eu senti um aperto no coração e você me veio em mente. — Apertei os olhos. Meu Deus do céu.

— Mãe... — Comecei, mas a vontade de chorar novamente veio com tudo.

— Pode ser que seja só preocupação, mas estamos longe uma da outra e quem dera eu saber o que se passa com você. — Coloquei a mão na boca para abafar o barulho do choro e respirei o mais fundo que consegui.

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⏰ Última atualização: Jun 18, 2019 ⏰

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