Sentimento Colateral

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Os primeiros dois segundos não poderiam ser mais estranhos, além da terrível sensação dos olhos da minha mãe sobre nós nos julgando, a boca pressionada a minha estava imóvel e o dono dela se quer respirava. Era como beijar uma estátua e sem a contribuição dele para o beijo acontecer ficou difícil continuar...

Soltei seu rosto ainda com meus olhos fechados buscando desculpas suficientes para dizer a minha mãe que ela tinha razão, no entanto, que a culpa era toda minha.

Ao abrir os olhos não poderia encontrar expressão mais assustada na minha frente, e aos poucos o rosto dele ia tomando uma tonalidade cada vez mais rubra... E de repente EU fui ficando vermelha também. Segurei meus lábios com os dentes completamente envergonhada... Tanto ele quanto eu abaixamos a cabeça, comecei a rir de nervosa e Duncan ficou todo sem jeito encolhendo os ombros.

—Isso é...—Mamãe dizia. Girei o rosto para tentar já dar uma desculpa a ela, quando senti dedos deslizarem da minha nuca para dento dos meus cabelos. Um leve puxão contra si e aí sim um beijo de verdade aconteceu.

Claro que no susto eu fiquei que nem ele antes, mas não demorei para entender e logo nem lembrava que minha mãe estava ali analisando o nível de veracidade daquele do nosso interesse.

Não sei exatamente o que ela queria ver acontecer durante o beijo, porém assim que esqueci dela o avancei com força enlaçando meus braços em seus ombros e o que era supostamente para ser uma caricia se tornou uma competição para quem tomava o controle. Era um danado de um beijo quente com a língua dele tentando sobressair com a minha com uma ansiedade que eu particularmente não ia aguentar por muito tempo - principalmente por que eu estava quase me jogando para trás por conta daquela mão se remexendo no meu cabelo.

Uhhhh... Isso era mil vezes melhor do que aquele maldito sonho! Se ele me chamasse de 'sabichona' ali eu derreteria no mesmo tempo! Agora eu entendo por que meus pais tiveram cinco filhos sem pensar nas consequências!

Eu, louca do jeito que sou, já estava pronta para enganchar minha perna nele num daqueles amassos para valer que tu saí com a roupa praticamente do avesso, minhas mãos já rodeavam o território das costas – com a imaginação lá na visão do clube – quando senti um puxão pro lado inverso do dele.

—Hey!!! Era um beijo não para fazerem um filme pornô na minha varanda!—Sério, rangi os dentes de raiva na hora, sempre interrompendo na melhor parte mãe! Que droga! Duncan limpava meu batom borrado do rosto dele completamente envergonhado – provavelmente eu não fui a única que esqueceu onde e por que estava fazendo.—Certo... Me convenceram, só que não precisava disso tudo.—Disse a dona Nora aguardando nós dois nos recompor. Quando fitei o baixinho na minha frente, juro, se não fosse pela minha mãe me segurando pela roupa eu já tinha avançado nele de novo.—Vamos entrar, vocês vão me contar essa história de julgamento direitinho!—Afirmamos que sim com a cabeça sem jeito e encarar o outro. Fomos andando até a porta e assim que mamãe entrou o ouvi sussurrar:

—Desculpa...—Pediu.

—Pelo quê?!—Perguntei completamente confusa. Mexeu os ombros como se fosse óbvio... Oh Meu Deus! Que garoto lento! Até agora ele acha que isso tem a ver com fazer esses testes idiotas para eu sair atoa???!!!

[...]

Sentamos os três na sala, papai estava na academia e apenas o Stiven se encontrava em casa, só que não ia sair do computador tão cedo pelo tanto de café que ele levou para o quarto ou seja... Nada de interrupções. Duncan ficou uns longos minutos em silêncio visivelmente nervoso – estalou todos os dedos possíveis e quando não tinha mais como estalar ficou apertando uma mão na outra –, parecia que o assunto não era dos preferidos dele e desde que conheci ficou meio óbvio que não gostava muito de mentir.

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